Você sabia que só em 1887, 387 anos após o
descobrimento, o Brasil teve a sua primeira mulher graduada no ensino superior?
Foi nesse ano que Rita Lobato Velho Lopes se tornou médica pela Faculdade de
Medicina da Bahia. A quebra de padrão foi tão grande que exigiu mudanças na
estrutura da universidade, que até então não contava com banheiros femininos.
Durante as aulas de anatomia, que envolviam o contato direto com corpos, ela
precisava ser acompanhada por outra mulher – que devia ser, obrigatoriamente,
casada.
De lá para 2020, muita coisa mudou, a passos
lentos, mas progrediu. Com o passar dos anos, a fatia do mercado de trabalho
ocupada pelas mulheres aumentou. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), menos de 14% das mulheres tinha emprego nos anos 1950, e o
último censo (2010) mostra que esse número passou para 49,9%.
Apesar desse crescimento, grande parte das mulheres
ainda tem que passar por dificuldades que muitos homens não encontram, tais
como o equilíbrio entre atividades domésticas versus o emprego fora de casa e a
diferença salarial. Dentro desse panorama, elencamos* abaixo as quatro áreas
onde ainda há, proporcionalmente, menos mulheres ensinando e representantes que
fizeram e fazem a diferença:
Economia – A participação feminina nessa área corresponde a pouco mais de 23% do
total de registros, segundo dados do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
Porém, um avanço e impulso para mulheres que desejam fazer parte desse universo
é Elinor Ostrom. A economista ganhou em 2009 o Prêmio Nobel de Economia, se
tornando a primeira mulher da história a conquistar a honraria e, até o
presente momento, a única, por sua “análise da governança econômica, especialmente
sobre os bens comuns”.
Administração – De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Talenses e pelo
Insper em 2019, entre presidentes de empresas no país apenas 13% são mulheres.
Uma das mais poderosas mulheres do país, Luiza Helena Trajano, seguiu na
contramão de sua época. Quando assumiu os negócios da família, a Magazine Luiza
era apenas uma rede de lojas no interior de São Paulo. Com Luiza a frente, a
marca se transformou em uma das maiores redes de lojas de varejo do Brasil.
Programação – O último Censo do IBGE (2010), mostrou que apenas 22% dos alunos
eram mulheres nas turmas de ciência da computação. Mas percebemos uma maior
movimentação nessa área por conta de organizações criadas para incentivo e
desenvolvimento a Programa Elas, Minasprogramam e a Pyladies. Talvez inspiradas
por Ada Lovelace, primeira programadora da história, que desenvolveu o primeiro
algoritmo para ser processado por uma máquina, no século XIX, antes mesmo do
surgimento dos computadores.
Física – As mulheres representam 49% da população mundial, mas somente 28% do
total de cientistas. Mesmo assim, elas continuam lutando. Um grande exemplo é a
física Marie Curie, que conquistou dois feitos relacionados ao Nobel: foi a
primeira mulher a obter o prêmio (Nobel de Física) em 1903, assim como a
primeira pessoa a ser recebê-lo duas vezes. Em 1891, foi estudar em Paris, pois
nenhuma faculdade da Polônia, seu país natal, aceitava mulheres. Na capital,
tornou-se a primeira mulher com um título de doutora na França.
*Dados baseados no aplicativo
Shapp, que reúne professores que desejam ensinar à alunos que querem aprender
além da sala de aula.
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