E este é um problema que pode ter origem ainda na infância e adolescência, já que, de acordo com a entidade, metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de idade, mas, infelizmente, a maioria não é diagnosticada ou tratada.
"Dia a dia, vemos cada vez mais casos de jovens com transtornos mentais, vítimas de depressão profunda, praticantes de automutilação, ideação e tentativas de suicídio recorrentes, assim como envolvimento com álcool e outras drogas. O avanço tecnológico e as mudanças nos hábitos familiares e sociais têm parte nisso. Criaram-se padrões irreais e inalcançáveis que, muitas vezes, levam os jovens a um estresse intenso e frustrações frequentes", destaca Jussara Cavalcanti, psicóloga da Clínica Maia, especialista em atendimento e acolhimento infantil, adolescente e familiar.
Segundo a profissional, as redes sociais, por exemplo, que ao mesmo tempo permitem aproximar as pessoas, geram uma exposição muito grande, criam um mundo de felicidade irreal e uma busca incessante em alcançá-la. O bullying, inclusive, é também uma consequência disso.
As principais síndromes ligadas ao mundo moderno e ao período inicial de vida incluem Depressão, que pode ser identificada por comportamentos de isolamento e problemas com auto-estima, tristeza recorrente, falta de energia, angústia e um vazio interior; Transtorno de Ansiedade, caracterizado por insônia, irritabilidade exacerbada, tensão, dores estomacais, medo, agitação, dificuldade em concentrar-se; Transtornos Alimentares, que podem ser observados através de alterações na alimentação e preocupação exagerada com o peso/corpo, na tentativa de atingir padrões de beleza.
"A Fobia Social também é comum na adolescência. O jovem tem dificuldade em participar de atividades sociais e busca manter-se isolado em casa, demonstrando medo e insegurança nestas ocasiões. Ele pode apresentar sintomas como agonia, taquicardia, dificuldade em respirar, suor intenso, ente outros fatores. Há também o Transtorno Desafiador e/ou de Conduta, que pode ser confundido com rebeldia da adolescência, mas é importante notar alguns sinais característicos da síndrome: dificuldade em lidar com normas e regras, impulsividade, agressividade, hostilidade, desrespeito à autoridade, irritabilidade, mentiras, roubos, manipulação e colocar-se em situações de risco", esclarece Jussara.
O fato de o diagnóstico ainda ser um problema para a saúde mental, e até mesmo um tabu, causa prejuízos sérios, pois uma síndrome não diagnosticada e não tratada pode comprometer todo o desenvolvimento familiar, social, escolar e profissional da criança/adolescente. "Um adulto que sofre com uma saúde mental debilitada e não cuidada se torna inseguro, despreparado, sem amor próprio e com dificuldades em lidar com situações do cotidiano, (desde as mais simples até as mais complexas), podendo até mesmo comprometer a própria vida, já que muitos deles enxergam no suicídio uma forma de suprimir a dor", alerta a psicóloga.
Para ela, é vital o papel dos pais, familiares e professores no que diz respeito à atenção quanto aos sinais manifestados pela criança em seu desenvolvimento. Comportamentos agressivos, explosões diante de situações do cotidiano, agitação, distúrbios de sono, de aprendizagem e de socialização são alguns dos sintomas que necessitam de atenção profissional especializada, visando um diagnóstico e acompanhamento correto. Uma vez constatado o problema, é fundamental que o jovem passe por um atendimento psicológico contínuo.
"Esta deve ser não só uma preocupação de pais e
educadores, mas também da sociedade em geral. A saúde mental precisa ser
abordada. Nos últimos tempos, dá-se muita importância à prática de exercícios
físicos e hábitos alimentares saudáveis, que são importantes, só que agora
precisamos avançar, para que o amplo conhecimento das doenças mentais possa
propiciar diagnósticos e tratamentos mais adequados e assertivos. Todos nós
merecemos qualidade de vida", conclui.
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