Para pacientes com DPOC, a vacinação reduz a
mortalidade em cerca de 70%
O inverno é um período
marcado por temperaturas mais baixas, além da baixa umidade do ar, que fica
mais seco. Geralmente, pessoas que têm doenças respiratórias sofrem com as vias
aéreas ressecadas e têm maior dificuldade para respirar. Nessa época, as
pessoas ficam mais propensas a ter gripes e resfriados, porque costumam ficar
em ambientes fechados e sem ventilação por muito tempo, devido ao frio. Assim,
os pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma e Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC), têm maior chance de ter crises, caracterizadas pelo
agravamento dos sintomas e maiores chances de hospitalização e impactos na
qualidade de vida.
O diretor da Comissão de
Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Dr.
Mauro Gomes, explica os principais sintomas da DPOC: "Cansaço
excessivo, falta de ar, tosse frequente e catarro podem ser indícios da DPOC,
caracterizada por duas patologias diferentes. A bronquite, que é inflamação dos
brônquios, e o enfisema pulmonar, responsável pela destruição de células do
pulmão". A condição é causada principalmente pelo tabagismo e
atinge pessoas acima de 50 anos, o que faz com que a DPOC tenha um diagnóstico
difícil, uma vez que os sintomas são comumente confundidos com sinais de
envelhecimento. "Muitos pacientes acreditam ser normal envelhecer com falta de ar e
limitações na rotina e acabam demorando para procurar um pneumologista",
comenta o Dr. Mauro. Em 2010, o número de pacientes com a doença no Brasil era
de cerca de 7 milhões, segundo o Ministério da Saúdei.
Gripes e resfriados são
doenças que podem representar um perigo para o estado de saúde de pessoas que
sofrem com doenças respiratórias crônicas. Isso ocorre porque elas causam
impactos no sistema respiratório do paciente, como maior produção de catarro e
coriza, que já é mais debilitado do que o de uma pessoa saudável. No caso dos
pacientes com DPOC, os sintomas são agravados, porque essas doenças
oportunistas fazem com que o organismo mobilize as células do sistema
imunológico para combater essas doenças, fragilizando o paciente.
Para evitar essas
maiores complicações, o Dr. Mauro Gomes reforça a importância do tratamento
contínuo: "o uso de medicamentos broncodilatadores é importante para manter a
doença sob controle. Um dos exemplos é o tiotrópio, que reduz o risco de
exacerbações moderadas a graves da DPOC. Com o tratamento, os pacientes têm 16%
de redução do risco de mortalidade". A Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica é a quarta principal causa de morte no Brasil e estima-se
que até 2020 se torne a terceira. Além disso, o pneumologista reforça alguns
cuidados simples e importantes durante o inverno, como: evitar fechar todas as
janelas, deixando o ambiente arejado; manter o ambiente limpo; usar
umidificador nos ambientes fechados, principalmente no quarto.
Além de acompanhamento
médico e tratamento contínuo, o especialista dá outras dicas importantes para
evitar grandes complicações devido à gripe e ao resfriado. "É
importante manter uma alimentação equilibrada e participar das campanhas de
vacinação contra a gripe, que costumam ocorrer durante o período",
explica o Dr. Mauro. Em pacientes com DPOC, a vacinação reduz a mortalidade em
cerca de 70%ii. "Por ser uma doença que afeta principalmente
pessoas idosas, que tem o sistema imunológico mais fraco, é importante prevenir
gripe e pneumonia".
A prevenção das crises
da DPOC é um cuidado essencial e contínuo na vida dos pacientes. O
pneumologista evidencia que muitos pacientes não seguem uma rotina de
tratamento e têm impactos no dia a dia, com limitações na respiração e nas
atividades básicas. "Pessoas que apresentam doenças crônicas e
suas famílias devem estar atentos aos sinais de piora e precisam procurar um
médico para realizar tratamento contínuo e ter mais qualidade de vida. Além
disso, deve-se evitar a exposição a mudanças de temperatura e o contato com
fumaça de cigarro, poluição e outros fatores agravantes",
finaliza o especialista.
De acordo com o GOLD
(Iniciativa Global de DPOC) é importante que pessoas que fazem parte do grupo
de risco fiquem atentos aos sintomas e, caso haja suspeita, procurem um
pneumologista imediatamente para iniciar tratamento que desacelera a progressão
da doença. Existem 5 perguntas básicas que ajudam a identificar pacientes que
podem ter a doença:
- Ter mais de 40 anos;
- Fumante ou ex-fumante;
- Tosse frequente;
- Expectoração ou "catarro" constante;
- Cansaço ou falta de ar ao fazer esforço, como subir escadas ou caminhar.
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