Ao contrário
do que se pensa, o Krav Maga promove a redução da violência,
tornando as pessoas mais atentas, colaborativas e menos suscetíveis às
possíveis agressões
A cada dia, o Brasil avança em índices de
violência urbana. Seja contra jovens, contra mulheres, o país ganha novos
patamares mundiais quando o assunto é a violência.
A prática do Krav Maga, a defesa pessoal
israelense pode ser um agente de combate a essa violência.
Quando o assunto é defesa pessoal, o primeiro
questionamento é: a reação pode ser um fator de agravamento da violência?
Segundo explica Grão Mestre Kobi Lichtenstein,
o responsável por introduzir o Krav Maga, a defesa pessoal israelense, no
Brasil, tudo o que uma pessoa faz quando é atacada é considerado uma reação. O
Krava Maga trabalha sobre o controle dessa reação.
“Quando nos deparamos com uma agressão, muitos
de nós podem se desesperar, muitos podem chorar, muitos podem agir
impulsivamente”, explica Grão Mestre Kobi. Segundo ele, o treinamento adequado
de Krav Maga nos dá a possibilidade de controlar nossas reações e de agirmos
dentro de nossa área de segurança.
O treinamento adequado torna as pessoas mais
atentas?
Grão Mestre Kobi explica que o treinamento de
defesa pessoal bem executado prepara as pessoas para que fiquem mais atentas às
situações de risco.
Olhar ao redor, ouvir atentamente, perceber
movimentos, ou seja, estar atento pode ser a chave para que o risco seja menor
e para que não nos coloquemos em perigo.
O Krav Maga torna as pessoas mais violentas?
Ao contrário do que se pensa, o praticante de
Krav Maga não é uma pessoa mais violenta e sim mais atenta e preparada para
controlar suas reações.
Caso o ataque ocorra, o treinamento adequado de
Krav Maga faz com que em uma fração de tempo, o praticante avalie as condições
do ataque e as suas condições de defesa. “Se, por exemplo, o assaltante quer
meu relógio e eu acho que vale a pena entregar e não colocar minha vida em
risco, é uma opção, ou seja, uma reação controlada”, explica Grâo Mestre Kobi.
Ele completa: “se eu percebo que a minha vida
ou a vida de terceiros está em risco, eu sei que o Krav Maga me dá
possibilidades de avaliar aquela situação – quantas pessoas estão me ameaçando,
se estão armadas ou não – e de reagir com segurança para voltar para casa
inteiro”.
Qualquer um pode ensinar Krav Maga?
A resposta é não.
O Krav Maga não é esporte. A modalidade é
mundialmente reconhecida como defesa pessoal e não como arte marcial. Dessa
forma, por tratar da segurança e da vida das pessoas, o ensino e a difusão da
modalidade exige extrema responsabilidade.
Com o aumento constante dos índices de
violência, a procura por modalidades de defesa pessoal aumentou muito no
Brasil, assim como a oferta.
A Federação Sul Americana de Krav Maga é a
única representante oficial da modalidade no Brasil, México e Argentina e
detentora da marca Krav Maga no Brasil.
Trata-se da entidade presidida por Grão Mestre
Kobi, que foi aluno direto do criador do Krav Maga, Imi Lichtenfeld, e foi o
primeiro faixa-preta de Imi a sair do estado de Israel para difundir a
modalidade.
Grão Mestre Kobi chegou ao Brasil em 1990 e ao
longo destes anos vem realizando um trabalho extremamente sério e responsável
na difusão da técnica. Ainda hoje, o método de prática e de ensino que aplica é
o mesmo criado por Imi Lichtenfeld e utilizado em Israel.
Grão Mestre Kobi supervisiona pessoalmente a
prática e a divulgação do Krav Maga no Brasil, na Argentina e no México,
mantendo o alto nível ético e técnico dos instrutores e alunos, seguindo os
passos ditados por Imi. É ele quem aplica, pessoalmente, os exames de graduação
de cada um de seus alunos, dentro e fora do Brasil.
Como funciona a técnica?
Homens ou mulheres, independentemente de sua
idade ou porte físico, podem praticar o Krav Maga.
Do ponto de vista físico, o princípio desta
modalidade de defesa é que os exercícios sejam exequíveis por qualquer pessoa,
em seu ritmo próprio, respeitando o limite de seu corpo.
Emocionalmente, o Krav Maga forma pessoas mais
seguras. Para se enfrentar situações de risco é preciso capacidade mental e
isso se adquire por meio de práticas orientadas pelo instrutor.
A prática também influencia no comportamento.
Atenção, disciplina e seriedade, saber diferenciar o certo do errado, usar o
autocontrole, tudo isso é praticado.
O resultado de tudo extrapola os treinamentos e
se reflete na qualidade de vida das pessoas. Hoje, civis e militares adotam o
Krav Maga no mundo inteiro por sua eficiência em combate.
Dados da violência no Brasil
De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP), o número de 62.517 assassinatos cometidos no país em
2016 (base do relatório) coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o
da Europa. Em 2016, pela primeira vez na história, o número de homicídios no
Brasil superou a casa dos 60 mil em um ano.
Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por
morte violenta, ou seja, um total de 153 mortes por dia. Os homicídios
representam quase 10% do total das mortes no país e atingem principalmente os
homens jovens: 56,5% de óbitos dos brasileiros entre 15 e 19 anos foram mortes
violentas em 2016. Já a taxa de homicídios de mulheres, em 10 anos, aumentou
15,4%.
Em São Paulo - Apesar de São Paulo ter registrado índices abaixo do restante
do país, os dados são alarmantes. São Paulo teve uma queda de 46,7% na taxa de
homicídios dolosos por 100 mil habitantes, entre 2006 – quando o índice foi de
20,4 – e 2016, ocasião em que o indicador foi de 10,9 ocorrências.
O Estado de São Paulo também foi o que mais reduziu a
quantidade homicídios dolosos de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. A
diminuição da taxa foi de 51,6% em 10 anos. No período, a taxa caiu de 39,3, em
2006, para 19,0 homicídios por 100 mil jovens, em 2016.
Também é o Estado com a menor taxa de homicídio de mulheres
do Brasil. O índice foi de 2,2 por 100 mil, em 2016, com queda de 40,4% em
relação ao ano de 2006, quando a taxa era de 3,7 por 100 mil mulheres. O país
teve aumento de 6,4% dessa taxa, que passou de 4,2 homicídios por 100 mil
mulheres em 2006, para 4,5 em 2016.
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