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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Vilão oculto: dois a cada dez brasileiros não têm informação alguma sobre o câncer de fígado, aponta SBOC


Levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica aponta que boa parte da população desconhece hábitos de risco para uma das formas mais letais de câncer


Na lista de tumores mais letais do Brasil, entre diversos conhecidos da população, como os cânceres de pulmão e mama, está um subtipo que passa completamente despercebido pela maior parte dos brasileiros: o câncer de fígado. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), 20% das pessoas não conhecem a doença, que, mesmo não figurando entre as dez formas de câncer mais incidentes, é a sexta que mais mata no País.

Segundo o INCA, a taxa de mortalidade da doença (4,33 a cada 100 mil habitantes) é quase tão alta quanto a de cânceres muito mais incidentes e de maior reconhecimento por parte da população, como o de próstata – que corresponde a quase 32% de todos os tumores em homens e tem uma taxa de mortalidade muito similar (6 a cada 100 mil habitantes).

De acordo com a Dra. Anelisa Coutinho, diretora da SBOC, vários são os fatores relacionados ao surgimento do câncer primário do fígado, incluindo desde a ingestão alcoólica até vírus de hepatites. Portanto, na maioria dos casos, o tumor já surge em um fígado doente. O conhecimento desses fatores e acompanhamento regular dos pacientes de risco certamente podem ajudar a reduzir a letalidade do câncer de fígado. “O ciclo de prevenção ao câncer pode iniciar na sua forma primária, que consiste em adotar hábitos saudáveis; sendo também muito importante a detecção precoce, com realização de exames preventivos para detectar a doença em sua fase inicial e, por vezes, ainda assintomática. O cenário brasileiro atual deixa a desejar nos dois momentos do ciclo de prevenção e detecção precoce e, quando tratamos de câncer de fígado, os resultados tendem a ser piores com o diagnóstico tardio”, explica.


Os tipos de câncer de fígado

Os tumores de fígado são divididos em dois tipos: os cânceres que surgem no próprio fígado ou os metastáticos, que se formam em outras partes do corpo e se espalham através da corrente sanguínea.  Quando o desenvolvimento do tumor começa no fígado, quatro em cada cinco casos são de hepatocarcinomas, que possuem alta relação com fatores de risco de fácil prevenção, como o consumo exagerado de álcool e as hepatites C e B – cuja vacina está disponível aos brasileiros no SUS. “Neste sentido, a avaliação de que 14% da população ignora que vacinas contra hepatite B podem evitar o desenvolvimento da doença e um terço não sabe que bebidas alcóolicas podem causar câncer impressionam. Seriam formas simples de evitar complicações graves à saúde”, explica a Dra. Anelisa.

Outra característica dos hepatocarcinomas é que eles são muito mais prevalentes em homens do que em mulheres: três em cada quatro casos acometem a população masculina. Entretanto, mesmo constituindo um relevante grupo de risco, os homens possuem números muito superiores quanto às lacunas nas prevenções primária e secundária: 16% não sabem da importância da vacina contra hepatite na luta contra o câncer e mais da metade deles (53%) ainda bebe, sendo que cerca de metade deles (24%) bebe pelo menos duas vezes por semana.

Já o câncer de fígado metastático tem maior incidência que os tumores que surgem diretamente no órgão – cerca de 20 vezes –, tendo relação com outros tipos de cânceres, como mama, pulmão, colorretal, pâncreas, esôfago e estômago. “Essa grande prevalência das metástases em fígado é também decorrente do fato de ser um órgão amplamente irrigado, sendo o sangue um veículo das células cancerígenas a partir dos tumores originários. Logo, para diminuirmos a incidência do câncer em geral, é crucial que falemos sobre os fatores de risco da doença. De modo geral, é importante que o brasileiro entenda que deve levar a vida de uma maneira saudável, evitando fumar, se alimentando adequadamente, fazendo exercícios, não consumindo álcool em excesso, tomando as vacinas recomendadas e disponíveis no SUS, indo ao médico e realizando exames preventivos”, diz Coutinho.



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