A inteligência emocional, definida há mais de
duas décadas pelo psicólogo e jornalista norte-americano Daniel Goleman, é a
capacidade que cada pessoa tem de identificar suas emoções. Algumas pessoas têm
mais facilidade de reconhecer quando estão tensas, com raiva, tristes ou
alegres, efusivas, entusiasmadas. É um nível de inteligência difícil de medir,
mas que pode ser, digamos, treinado.
Isso, porque não basta identificarmos as nossas
emoções. Precisamos aprender a lidar com elas. Alguns passos importantes:
conhecer seus pontos fortes e suas fraquezas; entender exatamente a razão pela
qual você sente ansiedade ou medo, por exemplo; saber dizer não, quando
necessário.
Um dos principais desafios de um profissional
alçado à condição de líder é reavaliar constantemente se o seu papel está sendo
cumprido. Para isso vamos voltar aos passos que acabamos de mencionar. Se você
conhece seus pontos fortes e fracos, deve estar atento para se reposicionar
diante da equipe de maneira a fortalecer suas fraquezas e destacar sua força.
Se você conhece as razões dos seus temores, trate de desenvolver competências
para superá-los – cursos, terapia, coaching. E, afinal, exercer o papel de liderança
implica, muitas vezes, em desagradar alguém, desde que sua decisão seja justa.
Saber lidar com naturalidade com os incômodos que uma decisão pode trazer para
um ou outro membro da equipe, sem adquirir culpa, é um exercício de
inteligência emocional. Não significa que não deve desconsiderar a opinião dos
outros – ao contrário – é preciso saber ouvir todos os lados envolvidos em uma
disputa.
Outro grande desafio é antecipar problemas e se
adiantar para evitar que eles aconteçam. Vamos a outro exemplo. Seu
vice-presidente dá sinais de que vai pedir que você faça um trabalho que está
fora da sua descrição de tarefas. Claro que você sabe que o trabalho é
importante e que alguém precisa desempenhá-lo, mas a tarefa pode trazer
implicações de natureza ética, que agridem os seus princípios e valores.
Aplique a inteligência emocional e use os três passos que recomendo aqui:
verifique como os pontos fortes da sua personalidade poderão ajudá-lo na
conversa que em algum momento vai acontecer. Procure não se deixar levar pelos
temores – ficar mal com o chefe, ser demitido por recusar uma tarefa. Ao
contrário, apele para os argumentos mais inteligentes para dizer, com polidez,
mas com firmeza, que aquela tarefa não lhe cabe, e que você é mais útil no
trabalho para o qual é competente do que cumprindo uma ordem que pode
desestabilizar até o seu relacionamento com a equipe de trabalho ou com o
cliente.
Para não tornar este artigo longo, vamos apenas a
mais um exemplo de desafio profissional. Você consegue realizar o seu trabalho
dentro do horário de trabalho convencional ou vive tendo que trabalhar até mais
tarde? Se você indicou a segunda alternativa, isso mostra que você é
incompetente? Não. Mostra apenas que você não está sendo eficiente na gestão do
seu tempo. Vamos voltar aos três passos. Você está deixando as suas fraquezas
se transformar em obstáculos, na realização das tarefas? Trate de mudar isso.
Você tem pontos fortes e são esses que devem prevalecer. Outra coisa: você
consegue entender com clareza a razão pela qual seu trabalho não está rendendo?
O problema pode estar em você, mas pode estar na distribuição inadequada de
tarefas. Se o problema for seu mesmo, reveja seus métodos e práticas. Se o
problema for do seu chefe, assim que identificar o problema, abra um diálogo
respeitoso para tentar resolver a questão. Inclusive, se for o caso, para dizer
não e recusar trabalho acumulado.
Inteligência é conhecer, dominar e usar bem as
suas emoções. Sem sofrimento. A maior parte dos desafios surge porque os
profissionais não trabalham essa porção tão importante de sua personalidade.
Norberto Chadad - Engenheiro
Metalurgista pela Universidade Mackenzie, Mestre em Alumínio pela Escola
Politécnica, Economista pela FGV, Master em Business Administration pela Los
Angeles University e CEO da Thomas Case & Associados, consultoria de
soluções em gestão de pessoas e de carreiras com mais de 40 anos de
atuação. www.thomascase.com.br
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