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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Saiba ler o futuro que alguns estão escrevendo agora - por



As principais consultorias globais do mercado produzem, periodicamente, relatórios nos quais profetizam o futuro. São técnicos, analistas, acadêmicos e futuristas que se debruçam sobre os principais assuntos em discussão no mundo, as pesquisas em curso nas universidades e as necessidades da sociedade e, a partir dessas discussões, mapeiam as grandes tendências globais em diversos mercados e segmentos, arriscando seus palpites sobre o futuro no médio prazo. Dez anos, em média. 

Em geral, esses relatórios acertam os seus prognósticos, reforçando o “dilema de Tostines”, no qual “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais”? 

No caso das previsões das consultorias, a correlação existente entre causa e efeito é muito forte, uma vez que é difícil saber ao certo o que é fato gerador e o que é consequência. Afinal, o futuro se concretiza porque houve uma previsão acertada realizada por visionários ou ele ocorreu por conta dos trabalhos de consultoria que recomendaram que se seguisse aquilo que havia sido previsto e estava descrito nos trabalhos? Nunca saberemos e pouco importa saber, mas é certo que escrever o futuro é sempre mais interessante do que ficar à mercê dos acontecimentos. 

Para os próximos anos, as principais consultorias do mercado preveem, dentre diversas outras apostas, que:

·         A automação, a robótica e a inteligência artificial serão intensificadas, permitindo interações simples e inteligentes, resultando em valor em cada conexão executada e facilitando a interação de clientes com marcas na mesma velocidade em que diminuirão a capacidade de empregabilidade das pessoas. Prepare-se para trabalhar ao lado de sistemas, robôs, chatbots e outros equipamentos mimetizados;

·         Novos padrões e regras serão desenhados para funcionar em indústrias transformadas de acordo com as demandas da economia digital. O que isso significará, não se sabe. As regras ainda serão escritas;

·         As plataformas operacionais das empresas deverão ser substituídas por ecossistemas robustos baseados em trabalho de equipes muitas vezes contratadas e organizadas de acordo com as demandas. Será uma grande transformação no emprego, pois o vínculo de trabalho temporário e por competências se intensificará. Em outras palavras, prepare-se para trabalhar a partir de projetos de curta duração;

·         As pessoas deverão ser capacitadas para lidar com os ecossistemas na forma de parcerias. Não fará sentido a visão de cliente e fornecedor. As transformações nas relações internas deverão ser estendidas aos demais participantes externos. Ao ajudar as pessoas a alcançar seus objetivos, todos se ajudarão, mutuamente, a definir um lugar mais nobre na evolução da sociedade. A relação entre pessoas e os resultados, sejam financeiros ou sociais, serão mais expressivos. Portanto, amplie sua conexão com o mundo (literalmente), desenvolva um método de estudo continuado e prepare-se para, mesmo sendo um técnico, conectar-se a pessoas e seus ecossistemas;

Este panorama permite observar que tanto os profissionais de hoje quanto as gerações que se formarão nos próximos anos e que buscam empreender ou trabalhar no terceiro setor, no governo ou nas corporações, deverão se preparar para desenvolver habilidades de adaptação e aprendizado contínuos, inclusive a capacidade de pensar diferente. Os mais vividos se lembrarão do profeta Raul Seixas, em Metamorfose Ambulante: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Pois assim será o futuro, um lugar onde a mediocridade significará fazer o básico, pensar o mínimo e estar fora do mercado, qualquer que ele seja. Seja flexível e muito bom naquilo que se propuser a fazer.

Outro aspecto muito delicado será o crescimento da população nas grandes cidades, fato que deverá aumentar a concorrência por trabalho, ampliar o consumo de energia e água, complicar muito a mobilidade, aumentar a falta de segurança e gerar mais crises sociais, principalmente pela redução da classe média, afetada pela escalada da automação e pelo desemprego. O trabalho estará em qualquer lugar do mundo. Prepare-se para trabalhar anywhere e para concorrer com pessoas e máquinas de todas as partes do globo. 

Estabelecer propósitos, desenvolver valores, manter-se atualizado, preparar-se para novas formas de pensar e abrir-se para maneiras não convencionais e flexíveis de desenvolvimento profissional serão o caminho para a inclusão e a manutenção da capacidade de trabalho em um futuro (muito) próximo. 

Trabalhar em algo que faça a diferença talvez faça mais sentido que desenvolver uma carreira.

Espero que este panorama não seja tão complicado como aparenta e que eu possa, no futuro, cantar: “Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes / Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante”.






Edson Moraes é sócio do Espaço Meio -  https://espacomeio.com.br, Executive Coach desde 2014 e Consultor (Gestão & Governança) desde 2003. Foi Executivo do Bank of America entre 1982 e 2003. Seguiu carreira na Área de Tecnologia da Informação, foi Head do Escritório de Projetos e CIO por 4 anos. É Master em Project Management pela George Washington University.  Participou de programas de educação executiva na área de TI ( Stanford University, Business School São Paulo e  Fundação Getúlio Vargas). Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC/SP. É Conselheiro de Administração formado pelo IBGC, Coach pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF.  Articulista e palestrante nas áreas de Governança, Tecnologia da Informação e Gestão de Projetos.





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