Pessoas com mais
de 60 anos são as mais atingidas pela Fibrose Pulmonar Idiopática, uma doença
respiratória grave que se intensifica ao ser negligenciada
Conhecida como a estação das flores, a chegada da
primavera traz consigo um clima agradável e úmido em substituição ao inverno
seco. Apesar de ser muito esperada pelo brasileiro, as mudanças de temperatura
ao longo do dia e o aumento de substâncias irritantes no ar, como pólen, ácaro,
poeira e outros agentes causadores de alergias, provenientes justamente das
flores da estação, exigem cuidado redobrado com a saúde respiratória,
principalmente dos idosos, que são mais propensos a doenças pulmonares e os
mais afetados pelas alterações climáticas.
Segundo a médica Cláudia Costa, coordenadora da
disciplina de Pneumologia e Tisiologia da UERJ – Universidade do Estado de Rio
de Janeiro, os sinais como tosse seca, falta de ar, maior frequência de
resfriados, cansaço constante ou indisposição para realizar as atividades
rotineiras, falta de apetite e perda de peso podem ser atribuídos aos efeitos
naturais do envelhecimento, mas não devem ser negligenciados pois são sintomas
comuns da Fibrose Pulmonar Idiopática, uma doença sem cura e não infecciosa em
que o tecido do pulmão é recoberto por cicatrizes, prejudicando assim a sua
capacidade para realização das trocas gasosas e oxigenação do sangue. “Indícios
de problemas respiratórios nos idosos são, muitas vezes, deixados de lado. Essa
atitude pode esconder doenças crônicas e até mesmo graves, que devem ser
tratadas de forma rápida e eficaz para evitar complicações”, reforça a
especialista.
Dados do Ministério da Saúde revelam que as doenças
do aparelho respiratório são a segunda maior causa da morte de idosos no
Brasil¹, população que totaliza 23,5 milhões de pessoas no país². A Dra.
Cláudia reforça que o diagnóstico precoce faz toda a diferença. “A fibrose
pulmonar idiopática, por exemplo, não tem cura, mas o tratamento em fase
inicial pode retardar a progressão da doença”, explica.
No caso de Renato Menezes, diagnosticado aos 58
anos de idade, a doença começou com uma tosse que o acompanhava há anos, mas
que foi ignorada pelo histórico de tabagismo. “Como fumei por 35 anos e parei
há oito, pensei que a tosse iria embora com o cigarro. Mas no final de 2013, o
sintoma se agravou e começou a incomodar, além da voz falhar, eu não conseguia
completar frases", relata Renato.
A consulta ao pneumologista, especialista mais
indicado para tratar a doença, pode tornar o diagnóstico mais rápido e
assertivo. “Estou tentando não mudar muito o meu estilo de vida, faço
fisioterapia, exercícios respiratórios e até comprei uma esteira para fazer
caminhadas com auxílio de oxigênio, assim posso continuar passeando com a minha
família, coisa que mais gosto de fazer”, conta o
aposentado.
Sobre FPI
A fibrose pulmonar idiopática é uma doença rara que
na maioria das vezes atinge pessoas acima de 60 anos, principalmente homens.
Sem causas clínicas comprovadas, a experiência de especialistas aponta que o
tabagismo pode ser um dos fatores de risco para o diagnóstico.
A doença não tem cura e somente um número restrito
de pacientes tem a indicação de transplante de pulmão para combater esta
enfermidade. A sobrevida média é de 3 anos após o diagnóstico. Estatísticas
mais otimistas apontam que entre 20% a 40% dos pacientes vivam até cinco anos,
quando não recebem nenhum tratamento.
Em 2016, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) aprovou Esbriet® (pirfenidona), medicamento oral da farmacêutica
Roche, líder mundial em inovação em saúde, para o tratamento da fibrose
pulmonar idiopática (FPI). A droga foi a primeira no mundo a comprovar que
conseguia, de maneira eficaz e segura, combater a doença letal.
A progressão da FPI varia de acordo com cada caso e
tem curso imprevisível. A expectativa é que, com o tratamento e a maior geração
de dados, seja possível conhecer ainda mais sobre a progressão e evolução da
enfermidade, que é considerada pela classe médica como mais agressiva do que
muitos tipos de cânceres.
Referências:
¹Portal da Saúde, Ministério da Saúde, 2012: http://www.brasil.gov.br/saude/2012/04/pais-investe-em-prevencao-a-doencas-da-terceira-idade
²Ministério dos Direitos Humanos, 2012: http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/dados-estatisticos/dados-sobre-o-envelhecimento-no-brasil
¹Portal da Saúde, Ministério da Saúde, 2012: http://www.brasil.gov.br/saude/2012/04/pais-investe-em-prevencao-a-doencas-da-terceira-idade
²Ministério dos Direitos Humanos, 2012: http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/dados-estatisticos/dados-sobre-o-envelhecimento-no-brasil
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