Prevenção deve priorizar a eliminação de focos do Aedes aegypti, larvicida de uso doméstico é solução eficaz
Só este ano, já foram 120 mortes causadas pela
doença que causa dores articulares severas e febre alta. Segundo Ministério da
Saúde, a doença causada pelo mosquito Aedes aegypti está presente em duas de
cada cinco cidades no país. Dados
mostram que, durante todo ao ano de 2015, foram registrados no país 38.332 casos
prováveis de febre de chikungunya, já este ano, os casos somam 236.287.
“Todos os dados epidemiológicos até agora sugerem que o próximo verão
vai ter uma transmissão mais intensa dessa doença chikungunya. E está
encontrando uma população de seres humanos ainda suscetível a esse vírus que
nunca tiveram contato com ele”, explica o entomologista Rafael Freitas, da Fiocruz.
A doença
além de causar desconforto, pode deixar danos permanentes no paciente como
lesão nas articulações das mãos e pés, que podem durar para o resto da vida.
A melhor forma de combater o mosquito é exterminar logo na fase larval,
antes dele ter asas para voar e conseguir infectar os seres humanos. “Com um
larvicida de uso doméstico, conseguimos acabar com todos os ovos que uma fêmea
coloca por vez, cerca de 200. enquanto que o uso de inseticidas combate um a um o
mosquito da dengue explica Milton Braida, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento
da Dexter Latina, indústria química especializada no combate ao Aedes
aegypti.
“Interromper
o desenvolvimento das larvas do Aedes aegypti, que possui rápido ciclo evolutivo, é a maneira mais
eficiente de controlar a proliferação da dengue”, garante o pesquisador. Além
de numericamente mais eficaz, os efeitos do larvicida, após sua aplicação,
podem durar até 60 dias, enquanto o efeito do inseticida para o controle de
mosquitos adultos, se dispersa rapidamente no ar.
O uso do larvicida é um avanço para as estratégias de
combate doméstico: “O uso deve ser a primeira etapa de combate à infestação. O
uso doméstico faz com que o combate aconteça no criadouro do mosquito. É quase
impossível combater, a cada sete dias (período de desenvolvimento das larvas do
Aedes), centenas de novos insetos”, alerta Braida.
Para efeito
comparativo, uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante sua vida e
seus ovos são distribuídos por diversos criadouros, o que garante a dispersão
da dengue. “As pessoas precisam entender a importância do uso dos larvicidas,
por sua eficiência e praticidade”, ressalta Braida. Além do uso simples e
efeito duradouro, o larvicida não oferece riscos ao meio ambiente, à saúde
humana e aos animais domésticos.
Matando o mosquito
antes de criar asas
Os maiores índices de criadouros do mosquito da
dengue apontados pelo Ministério da Saúde são registrados em residências.
Diferente dos inseticidas comuns, a fórmula do mata-larvas age como um
regulador de crescimento dos insetos. Para se transformar em mosquito, o Aedes
aegypti passa por quatro estágios: ovos, larva, pupa e, então, mosquito. Na
fase larval, depois da eclosão de ovos, que normalmente acontece em 48 horas, o
futuro mosquito está se desenvolvendo.
O princípio ativo Pyriproxyfen impede que o
exoesqueleto da larva, estrutura externa localizada fora do corpo dos
invertebrados, se desenvolva e chegue à fase adulta. Dessa maneira, a larva não
se transforma em mosquito e morrerá, antes de se desenvolver. “O ciclo do
inseto se completa em sete dias. Sem o uso do larvicida, a pessoa tem que
limpar toda semana os pontos de acúmulo de água, como vasos de plantas, calhas
de telhados e cerca de cacos de vidros nos muros. Se o larvicida for aplicado
nesses locais, a proteção dura até 60 dias, sem necessidade de novas
aplicações”, exemplifica Braida.
A longa duração do larvicida existe graças à
tecnologia de microcápsulas. Elas armazenam parte do princípio ativo do produto
e se rompem gradualmente com a ação do tempo e em contato com a água. Assim, o
larvicida pode ser aplicado em superfícies secas e o princípio ativo só é
liberado e age sobre as larvas quando o local tiver água acumulada. Por isso,
para proteger todas as casas brasileiras contra o mosquito da dengue, basta uma
aplicação de larvicida a cada dois meses, ou quando houver uma grande reposição
de água em cisternas, poços ou piscinas sem uso.
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