O
otorrinolaringologista Alfredo Lara, do Hospital CEMA, explica a função e a
importância da cera de ouvido. E faz um alerta: muito cuidado no uso de hastes
flexíveis
Você acabou de sair
daquele banho deliciosamente relaxante e decide coroar o momento zen com uma boa limpeza nas orelhas.
Pega a caixinha de hastes flexíveis e não para de cutucar o ouvido até que o
algodão saia limpinho, certo? Errado.
De acordo com o Dr.
Alfredo Lara, otorrinolaringologista do Hospital CEMA, a cera de ouvido é uma
secreção natural que protege o ouvido contra a sujeira e bactérias, evitando
infecções. Por isso, é preciso muito cuidado com o uso de hastes
flexíveis. Além de prejudicar o ouvido,
por remover sua proteção natural, elas podem danificar o canal auditivo,
causando sérios problemas.
“A cera de ouvido é
composta por células da pele (também conhecidas como epitélio), poeira e uma
secreção oleosa liberada pelas glândulas sebáceas no canal auditivo, podendo
ter pequenas variações em sua constituição de acordo com a dieta, idade e
ambiente em que o indivíduo vive. Logo, limpezas regulares são mesmo
necessárias, até para manter a saúde do ouvido: o problema está em como isso é
feito”, explica o Dr. Alfredo Lara.
O especialista do CEMA
ressalta que a intensidade de produção de cera varia de indivíduo para
indivíduo e que as hastes flexíveis e a própria toalha de banho podem ser
usadas para limpar e secar a parte externa da orelha, também conhecida como
pavilhão auditivo externo. Mas que limpezas profundas exigem cuidados
profissionais. “A limpeza do canal auditivo deve ser obrigatoriamente realizada
pelo otorrino, devido ao risco de lesão ao ouvido. O tímpano dista em média 1,5
a 2,0 cm da entrada do canal auditivo – é uma área muito sensível e frágil,
extremamente vulnerável ao trauma. A introdução muito intensa de hastes
flexíveis pode lesar essa estrutura e mascarar outras patologias que necessitem
de tratamento específico”, esclarece o médico.
As consequências para
quem acaba tirando mais cera do ouvido do que deveria variam desde uma pequena
lesão do conduto auditivo até a perfuração acidental do tímpano. Quem sente
muita coceira ou acredita que produz cera excessivamente deve procurar o
otorrinolaringologista, imediatamente. Somente o médico especializado saberá
avaliar o quadro e definir se a cera precisará ser removida mecanicamente (ou
seja, por meio de aparelhos específicos), por curetagem, aspiração ou lavagem.
“Os pacientes jamais
devem tentar realizar limpezas profundas com métodos caseiros, sejam estes
passados por parentes mais velhos ou encontrados na internet. Apenas o otorrino
pode garantir uma limpeza segura e saudável para o ouvido, sem deixar
sequelas,” completa o Dr. Alfredo Lara.
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