SBPC/ML
reforça que tanto a solicitação quando à interpretação sejam feitas por um
médico habilitado e estejam de acordo com as normas regulatórias vigentes
Casos de Dengue, Zika e Chikungunya devem aumentar
no Brasil com a chegada do verão. Por serem causadas pelo mesmo transmissor
(Aedes aegypti) e possuírem algumas semelhanças, é comum haver confusão na hora
do diagnóstico, ainda mais em períodos endêmicos como os meses de dezembro a
março.
Das três, a dengue é a mais conhecida e a que
possui vacina. Já o Chikungunya e o Zika, com menos de dois anos de existência,
ainda geram dúvidas em relação às formas de contágio, segundo Celso Granato,
patologista clínico membro da SBPC/ML.
Ainda não existe um tratamento específico para
nenhuma delas e a maior urgência do segmento, segundo Granato, é gerar educação
para que os médicos saibam diagnosticar com maior precisão essas doenças,
principalmente Zika e Chikungunya que não foram aprendidas na faculdade.
“Muitos não conhecem todas as ferramentas que os
laboratórios disponibilizam para auxiliá-los na confirmação do diagnóstico”,
diz. Dessa forma, o papel dos profissionais do laboratório passa a ser
fundamental para suportar as decisões do médico em relação ao cuidado do
paciente.
Regras gerais para o diagnóstico
Atualmente existem duas formas para o diagnóstico
da Dengue, Zika e Chikungunya: o exame de sorologia, também conhecido como
indireto, e os testes moleculares, que são testes diretos.
Entre os testes indiretos a detecção de anticorpos
pode ser feita por diferentes metodologias, tais como o ELISA,
Imunofluorescência indireta ou Imunocromotografia (teste rápido). Nestes
procedimentos, os anticorpos contra o vírus podem ser detectados após quatro
dias de infecção. Porém, é importante ressaltar que as metodologias indiretas
podem apresentar resultados falso-positivos devido às reações cruzadas com
outros vírus da mesma família, como é o caso do vírus da Dengue e da Febre
Amarela.
Por isso, é importante que na interpretação dos
resultados seja levada em consideração a sensibilidade e especificidade do
teste utilizado, seguindo os parâmetros relatados pelos fabricantes.
O patologista clínico esclarece, ainda, que o
Chikungunya não costuma ter reação cruzada com Dengue e Zika. “A três doenças
são transmitidas pela picada do mosquito, mas o Chikungunya é primo da
Rubéola”, ressalta.
Já os testes moleculares são testes diretos, também
conhecidos como PCR (Polimerase-Chain-Reaction ou Reação em Cadeia da
Polimerase) e detectam a presença do vírus no sangue ou na urina do paciente
por meio do seu material genético. “O PCR é o teste com maior precisão, porém é
mais restrito aos laboratórios de grande porte”, afirma Granato.
O teste sanguíneo é capaz de detectar a doença do
vírus nos primeiros sete dias de infecção, caso isso não seja possível, o ideal
é realizar o teste de sorologia. No caso específico do Zika, o vírus pode ser
detectado em amostras de urina, por PCR, por até 15 dias após a infecção. No
entanto, o teste molecular negativo não exclui isoladamente a infecção, sendo
necessário realizar a pesquisa de anticorpos no caso de suspeita clínica.
No caso das gestantes assintomáticas em relação às
três doenças, a recomendação é realizar o teste sorológico. Se negativo, fica
afastada a suspeita da infecção. As gestantes com sintomas devem seguir a mesma
orientação das outras pessoas.
As grávidas precisam ficar atentas com relação ao
Zika, pois é a única que pode resultar em má formação para o bebê, alerta o
patologista. Fora do contexto da gravidez, o Zika já não é tão preocupante.
No caso da Chikungunya, de 30% a 50% dos infectados
têm chances de desenvolver uma artrite crônica, o que pode dificultar a
mobilidade da pessoa por até dois anos.
A dengue é considerada a mais grave no quesito
mortalidade, tendo matado 419 pessoas em 2016. Apesar de ainda ser um número
elevado de casos registrados este ano, em torno de 1.399.480, o número de
óbitos diminuiu 47% em relação a 2015 (789 mortes).
Pela complexidade da oferta dos exames, a SBPC/ML
reforça a importância de que tanto a solicitação quando à interpretação dos
exames sejam feitas por um médico habilitado e estejam de acordo com as normas
regulatórias vigentes, e que os laboratórios sigam as normas de programas de
qualidade laboratorial, como o PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios
Clínicos, da entidade.
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