Em tempos de pandemia do Coronavírus a vida
de fato não para. As mulheres engravidam, vivem a gravidez, e os bebês nascem.
Todos os dias!
As grávidas recentemente passaram oficialmente
a fazer parte do grupo de risco, e por isso os cuidados de prevenção precisam
ser rigorosamente tomados. Em especial aquelas que possuem alguma outra doença
que por si só já as colocariam no grupo de risco, como por exemplo, diabetes,
hipertensão ou doenças respiratórias.
Quando a mulher engravida, há uma série de
mudanças no seu organismo, e uma delas é diminuição da atividade do sistema
imunológico, para que o bebê, desde a fecundação, possa ser abrigado e não
expulso do organismo da mamãe. Se esta diminuição de atividade do sistema
imunológico não acontecesse, o organismo das mulheres rejeitaria e “expeliria”
o embrião como um “corpo estranho” por identificá-lo como um possível causador
de doença no seu corpo.
A grávida pode ficar doente mais facilmente,
ao contrair um vírus como o Coronavírus? E depois do nascimento do bebê?
Sim, durante o período de gestação e até 6
semanas após o parto, aproximadamente, a mulher pode ficar doente mais
facilmente ao contrair um vírus, como o Coronavírus.
Pelo fato de estar mais frágil, o cuidado da
mamãe com a sua saúde tem que ser muito maior. Os cuidados que qualquer pessoa
geralmente tem com o seu corpo devem ser redobrados durante este período:
alimentação, sono, higiene, tratamento de doenças pré-existentes e, claro, o
acompanhamento pré-natal.
Por isso, todas as medidas que as pessoas
devem adotar neste momento para evitar se contaminar com o Coronavírus,
precisam ser observados de forma ainda mais responsável e intensa pelas
grávidas:
. manter o isolamento social;
. não colocar as mãos na boca, olhos ou
nariz;
. higienizar com frequência as mãos
lavando-as e utilizando álcool gel;
. se for necessário sair de casa, SEMPRE usar
máscara;
. lavar ou higienizar frutas, verduras, e
utensílios, em especial os que terão contato com a nossa mão durante o momento
de cozinharmos ou de comermos;
. os mesmos cuidados acima devem ser tomados
pelas pessoas que convivem ou têm contato frequente com a grávida.
Mas e como fica o pré-natal? A grávida deve
ir ao consultório médico para realizá-lo. Pode ir a menos consultas? Dá pra
fazer a consulta pela Internet?
A saúde integral da mulher precisa ser sempre
avaliada e tratada considerando uma quantidade muito grande de fatores e detalhes.
E muitos destes detalhes dependem da avaliação clínica, aquele exame físico que
realizamos nas consultas. Esta avaliação precisa ser feita especialmente no
caso das grávidas, onde outros problemas de saúde podem afetar diretamente a
saúde e a vida da mamãe e do bebê, como o aumento muito rápido e grande de peso
corporal, aumento da pressão arterial, sinais de infecções ginecológicas e
outras infecções, mesmo as causadas por vírus.
O intervalo entre as consultas definido pela
sua médica ou médico deve ser cumprido com responsabilidade pela futura
mamãe. Muitas vezes, alguns problemas de saúde podem representar um
grande risco para a mamãe e para o bebê neste período. Um contato por telefone
com a sua médica ou seu médico pode ajudá-la a decidir pela ida ou não a um
pronto socorro.
Os casos de Coronavírus em grávidas e
puérperas (mulheres que deram à luz) costumam ser mais graves? O Coronavírus
pode motivar um parto prematuro ou uma má formação? Se eu contrair o
Coronavírus meu bebê contrairá também?
80 a 85% dos casos das grávidas ou puérperas
com Coronavírus, sem outras doenças classificadas como de risco, apresentam
sintomas leves, como as demais pessoas. Mas ninguém quer fazer parte dos 15 ou
20% que podem ter sintomas graves e complicações. Por isso a prevenção é
fundamental!
Toda e qualquer infecção viral mais grave
pode desencadear um parto prematuro, devido à reação inflamatória do organismo.
Portanto os riscos de um parto prematuro serão maiores ou menores dependendo da
gravidade da infecção por Coronavírus.
Não há qualquer evidência de que possa haver
contaminação ou má formação do bebê durante a gestação devido à mamãe estar com
Coronavírus. Quanto ao aleitamento materno, já há evidência científica de
que não há contaminação do bebê no caso da mamãe estar com o Coronavírus. Mas
obviamente os cuidados com o bebê deverão ser maiores para que não haja
contágio pela proximidade da mamãe com o seu filho.
Enfim, ainda é uma doença nova no nosso meio.
Os estudos são recentes, os pesquisadores, médicos e epidemiologistas estão
buscando respostas para muitas questões como tratamentos, medicamentos e
métodos de diagnósticos da doença. Muito ainda está por ser descoberto;
protocolos de condutas médicas mudam todos os dias. Vacinas ainda estão sendo
pesquisadas e estudadas, e levará algum tempo para serem amplamente adotadas.
No entanto, é possível que estejam disponíveis antes dos prazos normalmente
obsevados devido ao grande número de cientistas no mundo que estão trabalhando
seriamente no assunto, mas mesmo que consigam desenvolvê-la rapidamente, ainda
levará muitos meses para serem testadas e para chegarem à população. Por
enquanto o uso de máscaras, afastamento social e cuidados com a higiene é o que
tem se demonstrado ser o mais eficaz na prevenção dessa doença ainda tão
desconhecida.
Dra Elis Nogueira - Ginecologista e Obstetra.
É membro da SOGESP (Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São
Paulo), APM (Associação Paulista de Medicina) e FEBRASGO (Federação Brasileira
das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia). Faz parte do corpo clínico dos
hospitais Albert Einstein, São Luís Itaim, Sírio Libanês , Santa Catarina, São
Luís Morumbi, Oswaldo Cruz, ProMatre, Santa Joana entre outros.
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