Com índices em crescimento no Brasil, a obesidade já atinge quase 60% da população adulta e está entre os maiores fatores de risco para doenças crônicas. Especialistas destacam a importância da prevenção e do acompanhamento multidisciplinar
O Dia Nacional de Prevenção à Obesidade, celebrado em 11
de outubro, chama atenção para um dos maiores desafios de saúde pública do
país. De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade da população
brasileira está acima do peso — e um em cada quatro adultos é obeso. O
problema, que já é considerado uma epidemia mundial pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), impacta diretamente a qualidade de vida e sobrecarrega os sistemas
público e privado de saúde.
A obesidade é uma condição multifatorial, influenciada
por fatores genéticos, comportamentais e ambientais, e está associada a doenças
como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono e doenças cardiovasculares —
principais causas de mortalidade no Brasil.
Impactos no coração e no sistema circulatório
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Dr.
Wagner Sobottka, do Hospital Cardiológico Costantini, a obesidade aumenta a
sobrecarga de trabalho do coração e está ligada a diversas doenças
cardiovasculares.
“O excesso de gordura leva ao aumento da pressão
arterial, elevação do colesterol e resistência à insulina — fatores que
favorecem hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca. Pequenas mudanças no
estilo de vida, quando iniciadas cedo, podem evitar complicações graves.”
O especialista destaca a importância do monitoramento
contínuo de peso, circunferência abdominal, glicemia e colesterol, além da
integração entre profissionais de diferentes áreas.
“O tratamento da obesidade é mais eficaz quando feito em
equipe. A atuação conjunta entre médicos, nutricionistas e educadores físicos
garante acompanhamento completo, com metas realistas e resultados duradouros”,
pontua.
Alimentação e comportamento: o início da mudança
Segundo a nutricionista Claudia Laskanski, o alto consumo
de alimentos ultraprocessados é um dos principais fatores por trás do aumento
da obesidade.
“Esses produtos são altamente calóricos, de fácil acesso
e baixo custo, o que os torna muito presentes no dia a dia. Não significa que
uma alimentação saudável seja necessariamente mais cara, mas ela exige
planejamento e preparo”.
A especialista destaca a importância do acompanhamento
nutricional, que ensina o indivíduo a priorizar alimentos naturais e criar uma
rotina alimentar equilibrada.
“Com o suporte profissional, é possível organizar melhor
as refeições e construir hábitos consistentes, evitando o efeito sanfona.
Diferente das dietas restritivas, a reeducação alimentar promove mudanças
sustentáveis e consciência sobre as escolhas”.
Exercício físico e constância: pilares do
controle do peso
Para o personal trainer Anderson Moraes, sócio da
academia Seven7Play, o maior desafio para quem busca combater a obesidade é
manter a constância.
“A obesidade é multifatorial. O simples início de um
programa de exercícios, sem acompanhamento adequado e mudanças sustentáveis,
tende a gerar resultados limitados. O segredo está na adesão e na progressão
gradual”, destaca.
Ele reforça que a regularidade na prática de exercícios é
determinante tanto para o controle do peso quanto para a saúde cardiovascular.
“Indivíduos que praticam ao menos 150 minutos de
atividade física moderada por semana têm risco 30% menor de doenças cardíacas,
segundo a OMS. A constância melhora o metabolismo, equilibra os hormônios e
reduz o risco de reganho de peso”, conclui o profissional.
O papel das operadoras de saúde
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM), a obesidade e o sobrepeso já respondem por quase 70% dos
gastos com doenças crônicas não transmissíveis no sistema de saúde brasileiro.
Além do impacto físico, a condição também está associada a problemas psicológicos,
como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Para Maicon Arrais, superintendente de marketing da
Select Operadora de Saúde, a atuação das operadoras é decisiva para reverter
esse cenário.
“As operadoras de saúde têm um papel essencial na promoção
da prevenção e no enfrentamento da obesidade, pois são agentes que atuam não
apenas no cuidado assistencial, mas principalmente na melhoria da qualidade de
vida da população. O papel das operadoras vai além da cobertura de
procedimentos — envolve fomentar hábitos saudáveis, incentivar a prática de
atividade física e ampliar o acesso à informação de qualidade sobre alimentação
equilibrada e autocuidado.”
A Select tem reforçado programas e parcerias voltados à
promoção de hábitos saudáveis entre seus beneficiários, como o apoio à 21ª
edição da Caminhada do Coração, em Curitiba, que incentiva a prática de
exercícios e o combate ao sedentarismo.
“Investir em prevenção é a forma mais eficaz de promover
saúde e sustentabilidade no sistema”, completa Arrais. “A sustentabilidade do
sistema passa pela mudança de paradigma, em que a prevenção e a educação em
saúde tornam-se protagonistas do cuidado”, esclarece.

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