No Dia das Crianças, especialista alerta: crianças com necessidades específicas precisam de mais acolhimento, menos estereótipos e cuidados guiados por evidências
O
Dia das Crianças (12 de outubro) é uma data marcada pela celebração da
infância, mas também pode ser um momento de reflexão: como estamos cuidando de
meninos e meninas que fogem do chamado “padrão”? Crianças com doenças crônicas
em tratamento, síndromes genéticas, deficiências motoras ou intelectuais,
muitas vezes, enfrentam não apenas os próprios desafios, mas também o peso dos
estigmas e a dificuldade de acesso a orientações confiáveis.
A
pediatra Dra. Anna Bohn, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, chama a
atenção para três pilares que devem nortear o cuidado dessas crianças e que
fazem toda a diferença para seu desenvolvimento e bem-estar.
1. Reconhecer o que é da infância e o que é da condição específica
“É
comum ouvir que determinado comportamento acontece ‘porque a criança tem
autismo’ ou ‘porque tem Síndrome de Down’. Mas, nem tudo deve ser atribuído à
condição”, explica a especialista. Para ela, é fundamental identificar
possíveis comorbidades, ou seja, doenças associadas à síndrome ou deficiência,
sem normalizar sinais que podem e devem ser tratados. Ao mesmo tempo, lembrar
que crianças com deficiência também são, antes de tudo, crianças: brincam,
aprendem, têm comportamentos típicos da infância e precisam de estímulos
adequados como qualquer outra.
2. Trabalhar em equipe: ninguém faz nada sozinho
Crianças
com necessidades específicas têm como base terapias auxiliares, que devem ser
iniciadas precocemente. “Evidências científicas mostram que a estimulação
guiada precoce melhora muito o potencial de desenvolvimento”, afirma a
pediatra. Segundo ela, essas terapias ajudam a identificar desafios, orientar a
família e guiar o brincar, sempre com sincronia entre médicos, terapeutas e
escola. “Quando todos falam a mesma língua, a criança ganha em evolução e a
família ganha em confiança”, reforça.
3. Cuidado sem promessas milagrosas
Outro
ponto essencial é evitar falsas soluções e tratamentos sem comprovação.
“Problemas complexos não têm soluções rápidas. A medicina é séria, exige
cautela e responsabilidade. Não adianta acreditar em uma vitamina ou
medicamento milagroso sem fazer o básico: alimentação saudável, sono adequado,
vacinação, escola e brincar”, orienta.
Para
a especialista, o maior presente que uma criança com necessidades específicas
pode receber neste Dia das Crianças não está em brinquedos caros ou terapias
sem fundamento, mas sim no olhar atento, no cuidado baseado em evidências e na
rede de apoio que respeita sua singularidade.
Neste
Dia das Crianças, a mensagem é clara: cada infância é única e merece ser
celebrada com amor, respeito e responsabilidade.
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