Crédito fotográfico: Rafael Salim
em cartaz até 08 de novembro de 2024
Galeria Marcelo Guarnieri São Paulo tem o
prazer de anunciar desmesura, segunda
individual do artista carioca Victor Mattina na cidade. A mostra,
que reúne dez pinturas inéditas e um díptico, é acompanhada pelo poema “O
Monstro”, de Flávio Morgado.
Em “desmesura”, Mattina explora, através da
pintura, a qualidade da representação monstruosa e a condição de liberdade sob
a qual reside a figura do monstro. Suas composições se constroem a partir de
visões fragmentadas, vultos, manchas, criaturas antropomórficas e associações improváveis,
como se estivéssemos diante de um mundo que, ainda que orientado pelos mesmos
símbolos que compõem o nosso, operasse sob uma outra lógica. É nesse limiar
entre o reconhecível e o absurdo que se sustentam as pinturas de Mattina, e é nessa
impossibilidade de categorizar suas figuras, como em “Capital amanhece sob um
novo sol” ou seus encontros estranhos, como em “Missa para raios catódicos”,
que o artista enxerga uma potencial emancipação da imagem. Embora tenha como
base de sua prática a pintura figurativa, Victor Mattina não a utiliza como
ferramenta para uma representação transparente, pelo contrário, é o seu domínio
da técnica que lhe permite aproximar a figuração ao inverossímil. “Em
'Arteriograma de Ka' há uma cena algo barroca com corpos amontoados em primeiro
plano, em frente a uma espécie de templo. É uma pintura de índices, alusiva a
uma ideia de antiguidade sem nunca dizer onde ou sobre quem.”, observa o
artista.
O Poema “O Monstro”, de Flávio Morgado, que
acompanha a exposição, é fragmentado em seis partes, em diálogo com a montagem
de “Elegia I” e “Elegia II”, pinturas que possuem mais de 4 metros de
comprimento cada, também divididas em seis partes. O poema percorre alguns
aspectos das pinturas de Mattina – A dimensão, A correspondência, A feitura, A
técnica, A escala, A paleta –, aspectos estruturais que apontariam para uma
análise mais categórica da obra, mas que por meio da linguagem poética, se
libertam de definitivos, transbordando os seus limites. Em “desmesura”, texto e
imagem se reconhecem pela recusa das funções que deveriam exercer em um mundo
normativo. Criam, juntos, uma espécie de limbo visual. Como escreve Morgado na
primeira parte do poema: “monturo de ossos, inóspita paisagem / que nos acolhe,
o ponteiro da estranheza / marca meia-noite na consciência e / seis telas
declamam, no eco de sua fatura, / um grande verso de desterro.”
Em diálogo com a mostra “desmesura”, de Victor
Mattina, serão apresentadas no mezanino da Galeria um conjunto de obras de
Marcello Grassmann (1925-2013), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Guima (1927-1993) e
Iberê Camargo (1914-1994), artistas brasileiros que, por meio da gravura e da
pintura, também exploraram a dimensão monstruosa da representação
figurativa.
Victor Mattina (1985),
vive e trabalha no Rio de Janeiro - RJ. Desenvolve suas pesquisas em pintura,
gravura e vídeo. O ponto nevrálgico de seu trabalho é a relação indicial que as
imagens estabelecem conosco e como nós lidamos com o mundo mediado por estas
imagens. Mattina participou de diversas residências, como Vermont Studio Center
(EUA), Soy Loco Por ti Juquery (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Bolsa
Pampulha (MG). Dentre as principais exposições, destacam-se as individuais. Assim
que passou a ver tudo quanto não havia (Galeria Athena, Rio de Janeiro),
ponto-zero/ponto-nulo (Galeria Marcelo Guarnieri, SP), e Antes do Fórum (Paço
Imperial, Rio de Janeiro); e as coletivas SORRY CAPS – (ainda brasil, SP), A
Luz que Vela o Corpo é a mesma que Revela a Tela (Caixa Cultural, RJ), Mais Pintura
(Sesc Quitandinha, RJ). Victor vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Flávio Morgado (1989)
nasceu e foi criado em Brás de Pina, zona da Leopoldina, subúrbio carioca. É
poeta, autor de "um caderno de capa verde" (7Letras/2012), "uma
nesga de sol a mais" (7Letras/2016), "Refinaria da cólera"
(Coleção Megamini/2019) "preciso" (7Letras/2019) e "Quero te dar
o corpo total do dia" (em parceria com a artista plástica Marcela
Cantuária, editado pela Revista Philos/2021). Em 2013, chegou às semifinais dos
prêmios Jabuti e Portugal Telecom (atual Prêmio Oceanos); e em 2017, às
semifinais dos mesmos prêmios. Teve poemas traduzidos em coletivas estrangeiras
para o espanhol, inglês, alemão, francês e grego.
Victor Mattina: desmesura
Galeria
Marcelo Guarnieri
alameda
franca, 1054
são paulo – sp – brasil / 01422 002
tel
+55 (11) 3063 5410 / 3083 4873
galeriamarceloguarnieri@gmail.com
seg-sex 10h – 19h / sab 10h – 17h
Abertura: 04.10.2024 - 19h | 22h
Em cartaz: Até 08.11.2024
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