Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, o apoio familiar e
social tem extrema importância no desenvolvimento saudável do adolescente. Os
resultados mostraram que jovens que cresceram em ambientes acolhedores
demonstraram comportamentos mais empáticos e responsáveis na vida adulta.
Porém, um relatório publicado pelo National Center for Health Statistics
revelou uma lacuna significativa entre o nível de suporte que os adolescentes
sentem e o quanto os pais acreditam que seus filhos recebem.
No estudo, cerca de um quarto dos
adolescentes disse que recebe o apoio social e emocional de que precisa, enquanto
os pais eram quase três vezes mais propensos a acreditar que seus filhos
recebiam esse suporte.
Não é raro ver pais que não conseguem
se dedicar aos filhos por falta de tempo e até disposição. Acabam não
acompanhando o seu desenvolvimento ou o fazem de forma precária. O tempo passa
e, um dia, você percebe que não sabe nem qual é a comida preferida do seu
filho.
“A proximidade entre pais e filhos é
fundamental para fortalecer vínculos afetivos e gerar segurança, confiança e
autonomia no adolescente”, afirma Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e
Adolescência; pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).
Para a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo
Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein; construir laços e
um convívio saudável com seu filho é uma conduta que fará toda a diferença no
futuro dele.
Confira 3 questões levantadas pelas
especialistas e veja como anda o vínculo emocional com seu filho:
O que você sabe sobre seu filho
Você conhece os amigos do seu filho?
Sabe qual é o esporte preferido dele? Ouve seu dia a dia na escola, o que
aprendeu ou quem conheceu? Parecem apenas detalhes, mas dizem muito sobre seu
filho e a relação de vocês.
Segundo Danielle Admoni, ter
conhecimento sobre as características do adolescente, preferências, qualidades
e defeitos, é fundamental não só para o relacionamento, mas para entender como
seu filho encara o mundo, quais suas percepções e a maneira como lida ou reage
frente a determinadas situações.
“Acompanhar a vida de um filho e estar
presente nela é o maior benefício que os pais podem proporcionar a ele.
Participar do seu desenvolvimento e manter interação demonstram que você está
disposto a conhecer ou reconhecer o mundo do seu filho, além de transmitir
valores como empatia, confiança e altruísmo”, explica a especialista pela ABP
(Associação Brasileira de Psiquiatria).
O que vocês fazem juntos
Estar junto denota a importância que se
dá à convivência familiar. O trabalho te sobrecarrega a ponto de você não ter
tempo e energia para estar com seu filho? E quando está com ele, consegue se
desligar de tudo (inclusive, do celular) e dedicar total atenção? Você interage
com suas atividades, seus interesses, seus hobbies?
“Uma relação próxima gera segurança ao
adolescente, sendo fundamental para sua saúde mental, autoconfiança e para a
construção de sua autoestima. O mais importante: independentemente do que façam
juntos, curta cada minuto de forma genuína, e não por obrigação”, pontua Monica
Machado.
Quem seu filho procura quando precisa
de ajuda
Você mantém um canal aberto com seu
filho? Por quem ele chama quando está com algum problema? Você sabe de
situações sobre seu filho por ele mesmo ou por outras pessoas?
De acordo com a psicóloga, os pais
tendem a querer ser o porto seguro de seus filhos. Mas nem todos são. “Mesmo
sendo pai e mãe, nem sempre o filho os tem como referência de segurança. Muitas
vezes, este posto pode ser da avó ou de uma tia, caso o jovem sinta mais
afinidade com uma ou outra”, diz Monica Machado.
Para a psiquiatra, ser a pessoa a quem
seu filho recorre quando precisa requer credibilidade. “Um bom exemplo é nunca
menosprezar o que ele está pensando ou sentindo. Mostre que você valida seus
sentimentos”. Essa postura, segundo ela, fará com que o adolescente sinta
abertura para expor suas emoções.
“E quando ele te procurar para falar,
dê total atenção. Ouça tudo até o final, sem interrupções. Deixe para emitir
suas opiniões somente quando tiver certeza de que ele disse tudo o que
precisava. Assim, seu filho saberá que tem em você o suporte emocional que
precisará em todas as fases da vida”, finaliza Danielle Admoni.
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