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terça-feira, 30 de julho de 2024

Reprodução assistida: entenda as diferenças entre fertilização in vitro e inseminação artificial

Médica da Origen BH explica os prós e contras dos métodos mais utilizados na medicina reprodutiva 

 

Casais, homens e mulheres que têm o sonho de ter filhos e buscam ajuda da medicina reprodutiva se deparam com duas técnicas frequentemente utilizadas - a fertilização in vitro (FIV) e a inseminação artificial (IA). Muitos têm dúvidas sobre qual a melhor técnica para o seu caso. Ambos os métodos têm como objetivo auxiliar aqueles que enfrentam dificuldades para conceber naturalmente, mas suas abordagens e indicações variam significativamente.

De acordo com a médica da Origen BH, Bruna Barbosa Coimbra Corlaite, especialista em reprodução assistida e professora em Saúde da Mulher na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, a FIV envolve a fertilização (união de um óvulo com um espermatozoide) em laboratório, fora do corpo feminino. Já a inseminação artificial envolve a introdução direta do sêmen, beneficiado em laboratório, no útero da mulher em momento próximo ao da ovulação.

“A inseminação é mais simples em comparação à FIV. Esta última com demanda de estimulação ovariana, rastreio ultrassonográfico, coleta dos óvulos, fertilização dos óvulos em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou doador e a transferência dos embriões para o útero. Na inseminação, o sêmen é coletado, submetido a tratamento no laboratório e inserido no fundo do útero da mulher, mas em muitos casos também exige a estimulação de produção de óvulos. Cada casal e cada paciente têm uma história de saúde e de vida, respondendo melhor a um tratamento específico. Por isso, um processo de reprodução assistida precisa ser acompanhado por especialistas com elaboração de uma proposta de tratamento individualizada, afinal, cada casal é único”, esclarece.

Ambos os tratamentos, FIV e IA, oferecem esperança e soluções para casais que enfrentam desafios de fertilidade ou indivíduos solteiros que não têm um(a) parceiro(a). A escolha entre eles geralmente depende das circunstâncias individuais de cada caso, dentre elas a causa da infertilidade, o tempo de tentativas sem sucesso, o histórico médico, a idade dos envolvidos e até mesmo preferências pessoais.

Por essas razões, sempre é aconselhável buscar informações detalhadas sobre os tratamentos de fertilização assistida e como eles podem ser aplicados em diferentes situações com especialistas da área. Muitas pessoas que procuram as primeiras informações sobre as técnicas disponíveis têm dúvidas sobre os prós e contras da FIV e da inseminação artificial, bem como querem ser orientados sobre as taxas de sucesso e riscos.

Indicações e taxas de sucesso - No caso da inseminação artificial, ela é indicada para casais com infertilidade inexplicada com pouco tempo de evolução, dificuldades de ovulação ou alterações leves na qualidade ou quantidade de espermatozoides no esperma. Entre os requisitos para a adoção desta técnica está o fato de as tubas uterinas precisarem estar desobstruídas e funcionando normalmente. As taxas de sucesso são geralmente entre 10% e 20% por ciclo, dependendo da idade da mulher e da causa da infertilidade. Sua eficácia pode ser limitada em casos de infertilidade de longa data ou problemas graves com a qualidade do sêmen.

Conforme a médica Bruna Coimbra, “no caso de infertilidade de tempo prolongado, obstrução tubária bilateral, endometriose profunda e infiltrativa, idade feminina avançada, baixa reserva ovariana, falhas repetidas em inseminação artificial ou outras condições mais complexas a FIV é a técnica mais indicada por ter maiores chances de sucesso ou ser a única opção possível de tratamento. “Na FIV, há ainda a possibilidade da biópsia embrionária com diagnóstico genético pré-implantacional de síndromes ou doenças genéticas específicas, evitando a transmissão aos filhos. A FIV também é uma técnica muito importante para viabilizar gestação para casais do mesmo sexo”, diz a médica. No caso de FIV, as taxas de sucesso ficam entre 40% e 60% por ciclo para mulheres abaixo dos 35 anos, diminuindo com a progressão da idade.

Entre os contras dos tratamentos estão os procedimentos necessários a cada um deles além do investimento financeiro. Na FIV, o procedimento é mais complexo e invasivo, envolvendo múltiplas doses de medicações injetáveis, investimento financeiro maior, procedimentos em bloco cirúrgico e maiores riscos (como a síndrome do hiperestímulo ovariano dependendo da reserva ovariana e do protocolo de tratamento sendo hoje extremamente rara). Já na inseminação, apesar de mais simples, exige também idas à clínica, exames e as taxas de sucesso são mais baixas do que na FIV, especialmente se utilizada para casos complexos de infertilidade.

“A avaliação detalhada do casal ou da pessoa que busca realizar o sonho de ter filhos em consulta presencial nos permite dizer melhor para cada caso qual a técnica mais adequada prevendo as chances de sucesso e otimizando o tratamento”, acrescenta Bruna Coimbra.


Entenda:

Inseminação Artificial (IA):

Processo: O sêmen é coletado, preparado e inserido diretamente no útero da mulher durante o período de ovulação usando um cateter.

Complexidade: Menos invasivo, não envolve a manipulação direta dos óvulos ou embriões.

Duração: Apesar de exigir acompanhamento com algumas idas à clínica, o procedimento é rapido e indolor, geralmente feito em uma sala da clínica especializada.


Fertilização In Vitro (FIV):

Processo: Envolve a estimulação ovariana para produzir múltiplos óvulos, coleta desses óvulos, fertilização com o esperma em laboratório, e transferência do(s) embrião(s) resultante(s) para o útero.

Complexidade:  mais invasivo mesmo assim com baixissimos indices de complicações e envolve múltiplas etapas, incluindo a extração de óvulos e manipulação laboratorial dos gametas e embriões.

Duração: Diversas etapas são necessárias desde a estimulação até a transferência do embrião exigindo várias idas à clínica especializada, sala de bloco cirúrgico e sedação anestésica para a coleta de óvulos.


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