O frio afeta o sistema cardiovascular e
pode levar a pessoa com diabetes a perder a sensibilidade nas extremidades do
corpo, como nas mãos e pés Diabetes é a principal causa de amputação não
traumática de membros inferiores no Brasil.
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O inverno traz consigo um aumento significativo no risco de amputações em pessoas com diabetes. A combinação de temperaturas mais baixas e o impacto do diabetes na saúde vascular e neurológica torna essencial que os pacientes que possuem a doença, seja ela do tipo 1 ou do tipo 2 - redobrem os cuidados durante essa estação.
Segundo o Dr. André Vianna, médico endocrinologista referência no
tratamento do Diabetes, o risco de amputação em pessoas que têm a doença
aumenta no inverno devido a uma série de fatores. “O diabetes mal controlado
pode causar neuropatia, que afeta os nervos dos membros inferiores e também
gera o comprometimento vascular. No inverno, a vasoconstrição causada pelo frio
reduz ainda mais o fluxo sanguíneo, aumentando o risco de isquemia e
infecções”, explica o Dr. André.
Controle do Diabetes é fundamental
Pessoas que por muito tempo não controlam adequadamente o diabetes, explica o endocrinologista, desenvolvem a hiperglicemia. E quando ela é crônica e prolongada, agrava o risco de neuropatia e doença arterial periférica, que pode levar a ulceração, infecção e evoluir para amputação.
Além disso, o uso de calçados fechados e a umidade elevam o risco de infecções por fungos e bactérias. “As pessoas com neuropatia têm menos sensibilidade e não percebem pequenas lesões que podem evoluir para úlceras. Pessoas com diabetes também possuem imunidade mais baixa e ficam com a cicatrização prejudicada, o que dificulta o combate a infecções e aumenta o risco de complicações graves”, completa André Vianna.
O médico ainda alerta que, se o pé começar a ficar vermelho,
inchado, aumentar a temperatura, apresentar secreção, estes são sinais de que
precisa procurar um médico urgentemente.
Circulação sanguínea
A Dra. Andrea Corleto, cirurgiã vascular do Hospital Sugisawa, enfatiza a importância de revisar sempre os pés em busca de bolhas e lesões. “A pessoa com diabetes pode perder a sensibilidade nos pés e acaba só percebendo uma lesão quando ela já está profunda. Por isso, tem que olhar todos os dias”, ressalta a médica.
Ela
ainda faz um alerta às pessoas que costumam colocar os pés na frente de
aquecedores para se esquentar ou para secar após o banho. “No inverno, a pele
resseca com mais facilidade. E expor a pele ao aquecedor causa mais
ressecamento e rachaduras, que são portas de entrada para infecções. Sem contar
que ela pode gerar bolhas e queimaduras sem sentir”, alerta a Dra. Andrea,
dizendo ainda que os escalda pés também não são recomendados.
Amputações
no Brasil
Conforme
dados do Sistema Único de Saúde (SUS), entre janeiro e agosto de 2023, foram
registradas 6.982 amputações de membros inferiores causadas por diabetes, ou
seja, mais de 28 por dia, em média. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD), o diabetes é a principal causa de amputação não traumática de membros
inferiores no Brasil. A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia
Vascular (SBACV) destaca que 10% dos pacientes que sofrem amputação morrem no
período perioperatório, e a mortalidade aumenta para 30% no primeiro ano, 50%
no terceiro ano e 70% no quinto ano após a amputação.
Como
prevenir amputações e complicações no inverno
Os
especialistas recomendam uma série de cuidados que a pessoa com diabetes deve
ter para prevenir complicações e reduzir o risco de amputações:
- Controle rigoroso da glicemia: Mantenha os níveis de açúcar no sangue dentro da faixa-alvo.
Não negligencie o controle.
- Cuidados com os pés: Examine os pés
diariamente. Use calçados adequados que não machuquem os pés e meias de
algodão que absorvem o suor. Nunca ande descalço.
- Hidratação da pele: aplique
hidratante nos pés e nas pernas após o banho para evitar rachaduras.
- Evite aquecedores diretos: Não coloque os pés diretamente na frente dos aquecedores
para evitar queimaduras.
- Atividade física: Realize
exercícios para melhorar a circulação. Caminhadas são altamente
recomendadas para pessoas com diabetes. E é justamente no frio que o corpo
precisa se mexer mais, nem que seja dentro de casa.
- Agasalhe-se bem, para manter a
temperatura corporal.
- Hidratação corporal: Beba bastante
água e evite bebidas alcoólicas e tabagismo. Só hidratar a pele com
hidratantes não é suficiente.
- No salão de beleza: Não tente
remover calos e escolha bem o pedicure e o salão. Vá a um local bem
especializado, onde tudo é bem higienizado. Evite tirar cutícula, só corte
as unhas.
- Consultas regulares: Visite regularmente o endocrinologista e o cirurgião vascular para monitorar a saúde dos pés e prevenir complicações.
O Dr.
Carlos Gosalan, cirurgião vascular do Hospital Sugisawa, ressalta a influência
do frio no sistema vascular. Ele indica atividades físicas e cuidados durante
os exercícios que podem ser feitas em casa, para melhorar a circulação
sanguínea nos membros inferiores e evitar amputações em pessoas diabéticas:
- Exercícios na ponta dos pés, flexão plantar. Apoie-se em uma
parede e faça o movimento de subir e descer com as panturrilhas sem
encostar os calcanhares no chão.
- Realizar extensão e flexão, movimentos para alongar as
pernas, mesmo estando sentado.
- Nas baixas temperaturas, o aquecimento e alongamento antes
das atividades físicas são mais importantes do que em períodos de calor.
É indicado acompanhar os batimentos cardíacos durante o
exercício, pois é comum que no frio o coração trabalhe mais intensamente para
gerar e manter o calor do corpo. Ao perceber os batimentos muito acelerados,
deve-se fazer uma pausa ou diminuir.
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