Vivemos um momento de extrema importância no desenvolvimento e implementação da Inteligência Artificial (IA). A discussão sobre os próximos passos dessa tecnologia está presente no nosso dia a dia, especialmente no que se refere à oferta de serviços, ao atendimento ao cliente e às finanças. A utilização massiva de dados, embora repleta de potencial, levanta preocupações relevantes.
Por isso, a regulação da IA é um tema delicado e essencial. Cada vez mais, as
empresas que desenvolvem soluções de IA no Brasil e ao redor do mundo precisam
estar cientes das responsabilidades que acompanham essa inovação.
A IA é tão eficaz quanto a base de dados que utiliza para aprender. Portanto,
do ponto de vista profissional e empresarial, é essencial que essas informações
sejam analisadas e utilizadas de maneira segura, evitando que a IA produza
dados falsos ou imprecisos, também conhecidos como alucinações. Além disso, é
importante que o conteúdo utilizado para alimentar a IA seja validado e livre
de viés, para evitar situações indesejadas e/ou indevidas.
A regulamentação deve assegurar que as empresas utilizem conteúdos válidos e
relevantes, limitados às suas fontes de dados (como por exemplo, artigos, base
de conhecimento entre outros) impedindo que a IA se conecte a fontes não
confiáveis na internet. A curadoria dos dados é crucial não apenas para
garantir a precisão, mas também para definir o alcance desses dados. Por
exemplo, se uma IA é incapaz de encontrar uma informação específica na
internet, ela não deve inventar uma resposta apenas para satisfazer o usuário.
Isso é fundamental no contexto empresarial, onde a precisão e a confiabilidade
das informações são essenciais.
Embora algum tipo de regulamentação seja necessário, é igualmente importante
que ela não iniba a inovação.
Regulamentações excessivas que limitem o uso de dados ou imponham restrições
rigorosas à curadoria podem inviabilizar o uso da IA. A inteligência artificial
é um diferencial importante na jornada do cliente, permitindo que as empresas
forneçam informações de maneira mais inteligível e eficiente.
Na prática, a IA pode transformar a experiência do cliente ao oferecer
informações de maneira mais acessível. Ao invés de apresentar um conjunto de
artigos para que o cliente leia e compare, a IA pode fornecer um resumo claro e
direto das informações relevantes. Por exemplo, ao buscar comparações entre
cartões de crédito, a IA pode apresentar um texto detalhado das diferenças, em
vez de uma tabela complexa.
Um dos grandes desafios da IA é traduzir informações técnicas em uma linguagem
que seja facilmente compreendida pelo cliente. A tecnologia deve ser treinada
para consumir esses conteúdos e traduzi-los de forma que qualquer pessoa possa
entender. Isso exige que os modelos de IA estejam alinhados com o tipo de
serviço que estão destinados a prover. Não faz sentido treinar uma IA em
atendimento ao cliente se o objetivo é utilizá-la em suporte técnico.
O desenvolvimento e a implementação da IA são inevitáveis e extremamente
benéficos para a sociedade. No entanto, a regulação precisa encontrar um
equilíbrio entre garantir a segurança e a ética, sem sufocar a inovação. A IA
pode revolucionar nossa interação com tecnologias e informações, desde que apoiada
por dados robustos e regulamentação apropriada. O futuro da IA depende da nossa
capacidade de gerenciar esses desafios de maneira responsável e inovadora.
André Fernandes - Diretor de Pré-Vendas da NICE.
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