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A utilização medicinal da cannabis tem ganhado
destaque no tratamento de diversas patologias, oferecendo alternativas
terapêuticas eficazes. Porém os principais desafios para o uso medicinal da
Cannabis no Brasil incluem o custo elevado e o preconceito, entre outros.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) libera
apenas o óleo de cannabis rico em canabidiol isolado, e para algumas síndromes
que causam epilepsia refratária. A falta de ampla disponibilidade no SUS e o
custo elevado dos medicamentos e o fato de muitas vezes não serem cobertos
pelos seguros de saúde limitam sua distribuição para muitos pacientes. Além
disso, o preconceito associado à Cannabis continua sendo uma barreira significativa,
apesar de seu uso medicinal ser documentado há mais de 4 mil anos.
Outros fatores que dificultam a
pesquisa e produção de medicamento à base de Cannabis
A pesquisa e produção desse tipo de medicamento
acaba sendo restringida por fatores como a regulamentação e a legislação, que
variam muito entre países e até mesmo entre estados ou regiões dentro de um
mesmo país; a ilegalidade da Cannabis, que dificulta a pesquisa, produção e
prescrição de medicamentos derivados; os padrões de qualidade e consistência,
pois a planta de cannabis contém centenas de compostos químicos que podem
variar significativamente entre diferentes plantas e produtos — garantir a
consistência e a qualidade dos produtos derivados da cannabis é ainda um
desafio.
Por fim, a educação dos profissionais de saúde
sobre a cannabis medicinal, consequentemente ainda não é adequada, o que
restringe a prescrição correta e a orientação dos pacientes quanto ao uso
terapêutico.
Abordar essas dificuldades requer um esforço
coordenado entre governos, comunidade científica, profissionais de saúde e
sociedade em geral para promover o uso seguro e eficaz da cannabis medicinal,
que ainda é um produto caro e não disponível para todas as classes sociais e
econômicas.
Evidências científicas sustentam
a aplicação da Cannabis em diversas condições
O uso da Cannabis em condições como epilepsia
refratária, doença de Parkinson, autismo, doenças psiquiátricas (depressão,
ansiedade, estresse pós-traumático) e demências vem apresentando resultados
positivos cientificamente comprovados. Outras afecções que a aplicação de
medicamentos baseados em Cannabis tem mostrado eficácia são: dor crônica,
especialmente a dor neuropática e dor da fibromialgia, que é frequentemente
resistente a outros tipos de tratamento; esclerose múltipla, aliviando a
espasticidade (rigidez muscular) associada; náusea e vômito induzidos por
quimioterapia; transtornos de ansiedade e do sono; síndrome de Tourette;
glaucoma e doenças inflamatórias intestinais (DII).
A pesquisa contínua e rigorosa é necessária para
confirmar esses benefícios, entender os mecanismos de ação e determinar as
indicações dos diferentes canabinoides, as doses e formas de administração mais
eficazes e seguras.
Do que são feitos os medicamentos
Os principais componentes usados na produção desses
remédios são os canabinoides, encontrados na flor da planta da Cannabis. Além
disso, terpenos e flavonoides, presentes em menor quantidade nas folhas e no
caule, também são utilizados. Esses componentes atuam no sistema
endocanabinoide humano, ajudando a equilibrar os neurotransmissores e
melhorando condições associadas a diversas doenças.
O sistema endocanabinoide é essencial para a
regulação de várias funções corporais e o equilíbrio interno. A pesquisa
científica continua a explorar como a modulação desse sistema pode ser usada
para tratar diversas condições de saúde, destacando o potencial terapêutico dos
canabinoides derivados da planta Cannabis.
Entre os canabinoides, os mais importantes são o
CBD (canabidiol) e o THC (tetraidrocanabinol). Outros componentes incluem
canabinoides adicionais, terpenos e flavonoides (óleos de espectro completo)
todos utilizados no tratamento de diversas doenças.
Os principais remédios que utilizam cannabis e suas
substâncias derivadas são, predominantemente, os óleos. Esses medicamentos são
administrados via oral, de forma sublingual. Além dos óleos, também existem
comprimidos, cápsulas, gomas e pomadas, embora o uso de óleo seja mais
comum.
Situação Atual dos Medicamentos
de Cannabis no Brasil
No Brasil, a ANVISA autorizou a importação de
medicamentos derivados da Cannabis e, em seguida, a comercialização de
medicamentos e produtos à base de cannabis em farmácias. Há associações
brasileiras que já foram autorizadas a produzir remédios para seus
associados.
Diferença entre uso medicinal e o
uso recreativo da Cannabis
Há uma distinção clara entre o uso medicinal da
cannabis e o consumo adulto (anteriormente chamado de uso recreativo). O
consumo de maconha fumada, que contém maior concentração de THC, é geralmente
utilizado para aliviar a ansiedade e melhorar o sono, proporcionando um efeito
rápido e intenso, mas de curta duração. Em contraste, os óleos de cannabis, que
podem conter THC em doses menores, são administrados oralmente e têm um efeito
mais prolongado, sendo mais indicados para o tratamento de doenças crônicas. A
vaporização da flor de cannabis é outra forma de administração usada em casos
específicos, como crises de ansiedade e epilepsia.
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