É fundamental repensar a abordagem tradicional das penas longas e do tratamento, muitas vezes desumanizado, dado às pessoas privadas de liberdade. Para isso, é necessário reconhecer que este tempo segregado da sociedade, ainda que por imposição legal, longe de ser uma solução eficaz, muitas vezes não proporciona as condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Ao considerar a ressocialização como um princípio
orientador do sistema penal, surge a perspectiva de preparar os indivíduos para
um retorno à sociedade como cidadãos produtivos. Estudos demonstram que a
redução do tempo de encarceramento – oriundo das práticas legais de remição da
pena - está correlacionada a uma menor dessocialização e, consequentemente, a
menores taxas de reincidência.
Um importante aspecto a ser considerado é o custo
associado ao sistema prisional. Em alguns casos, o gasto no custeio das
unidades prisionais – quando dissociado da ressocialização - e na administração
de penas longas pode superar os recursos destinados à educação.
Essa alocação desigual de recursos evidencia a
necessidade de uma reavaliação das prioridades, direcionando esforços e
investimentos para iniciativas que verdadeiramente contribuam para a
transformação social.
O retorno de um indivíduo ressocializado à
sociedade não apenas representa uma economia de recursos como também toda a
gama de reflexos positivos daí decorrentes como a retransformação de individuo
privado de liberdade para cidadão contribuinte, além da quebra do recrutamento
de seus familiares pelo crime organizado, ou seja, evita-se a perpetuação do
ciclo criminoso.
Ao invés de adotar uma postura repressiva que,
paradoxalmente, pode contribuir para o aumento da criminalidade, a sociedade
deveria se voltar para penas alternativas, programas de reabilitação e educação
carcerária, como já visto nos presídios que adotam o sistema de gestão
compartilhada por empresas especializadas.
Ao investir na educação dentro das prisões,
proporcionamos aos internos nelas custodiados, oportunidades reais de
aprendizado e desenvolvimento de habilidades, preparando-os para uma
reintegração efetiva e significativa. Essa abordagem não apenas beneficia o
indivíduo, mas também cria cidadãos contribuintes e reduz as taxas de
reincidência da pessoa que até então se encontrava privada do convívio social.
Em última análise, a ressocialização não é apenas
uma questão humanitária, mas também uma estratégia pragmática para construir
uma sociedade mais segura e justa. O desafio está em superar a retórica
punitiva e abraçar políticas que reconheçam o potencial de transformação
presente em cada ser humano.
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