Encontrar um edifício, seja residencial, comercial ou industrial, inteiramente sustentável - do projeto ao uso - é condição rara no Brasil. Estão em voga algumas soluções ecológicas na construção civil e arquitetura, como os “green buildings”, que são edificações planejadas para causar pouco impacto ao meio ambiente. Essas obras ambientais e responsáveis são pensadas para causar o mínimo impacto, desde o desenho do projeto até depois de sua finalização, oportunizando qualidade de vida nas cidades.
Os esforços de sustentabilidade no Brasil já foram
reconhecidos: o país está na vanguarda em matéria de edificações conscientes e
ocupa o quinto lugar no ranking Green Building Council Brasil (GBCB).
A construção verde, por assim dizer, engloba uma série de processos
ambientalmente responsáveis e eficientes do ponto de vista construtivo,
operacional, de manutenção, renovação e até mesmo demolição. Para a adoção de
práticas sustentáveis visando à criação de estruturas ecológicas, faz-se
necessária a estreita cooperação entre empreiteiros, arquitetos, engenheiros,
colaboradores e clientes para o mesmo fim: reduzir o impacto global da
construção sobre o meio ambiente, economizar os custos das matérias-primas,
obter um melhor aproveitamento dos recursos e varolizar o imóvel.
A necessidade de eficiência energética na
construção civil é essencial. Muito além do uso racional e responsável das
fontes energéticas, é preciso viabilizar soluções construtivas mais
eficientes e uso de materiais extraordinários. Dentre as alternativas presentes
hoje no mercado, estão a oferta de materiais de construção sustentáveis, como
blocos de cimentos tecnológicos feitos em materiais alternativos, como isopor e
resíduos plásticos; madeira de reflorestamento; e blocos ecológicos, como tijolos
feitos com terra comprimida, dentre outros.
Outra iniciativa é o reúso da água, uma solução
adotada pela maioria dos projetos de engenharia com visão sustentável.
Inclusive, o reaproveitamento dos recursos hídricos já é norma promulgada pela
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. A Lei n.º 20448-17, de dezembro de
2020, prevê que os novos projetos de edificações deverão priorizar equipamentos
hidráulicos de consumo econômico, bem como o reúso de água e a captação e
utilização da água da chuva. Uma iniciativa de destaque é o reaproveitamento
das águas pluviais para limpeza de itens de pintura como pincéis, espátulas e
rolos. Estima-se que no prazo de execução de uma obra, seja gerado uma economia
de R$ 60 mil.
A indústria da construção civil também se preocupa
com outros princípios de eficiência energética como a energia solar. Essa
energia proveniente da luz e do calor do sol já é uma tendência adotada por
construtoras e incorporadoras, principalmente nos canteiros de obras. Dentre os
benefícios, destacam-se a redução das despesas com eletricidade, o que favorece
o orçamento da obra e a receita da construtora; salvaguarda a obra contra as
variações na tarifa de energia elétrica em determinados períodos do dia e do
ano, aumentando a previsibilidade do orçamento; valorização do empreendimento,
já que a energia solar é percebida como um valor agregado ao proporcionar
economia a longo prazo; e, ainda, torna o empreendimento mais sustentável,
atendendo às exigências da sociedade por projetos mais ecológicos e
conscientes.
Cabe destacar que o preço de implementação da
energia fotovoltaica ainda é uma das maiores objeções à implementação nos
empreendimentos. No entanto, o investimento compensa: se não for possível
comprar as placas solares para instalar, uma alternativa é a compra de crédito
de energia solar, que são produzidos com a sobra da energia gerada em uma
unidade produtora. A iniciativa, ainda em fase de testes, foi aplicada em duas
obras de grande porte com 268 colaboradores em campo e de 58.630 metros
quadrados e já gerou 4.310 de quilowatts-hora (kWh) de energia limpa. Outro
fator compensatório: o Brasil tem, hoje, a segunda conta de luz mais cara do
mundo, ficando atrás apenas da Colômbia. A surpreendente constatação veio de um
estudo realizado pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Associação dos
Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
E tem mais, segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
a tarifa de energia elétrica tende a subir, em média, 5,6% neste ano. Ou seja,
alternativas são mandatórias.
É notório que ser sustentável envolve mais do que
ter um sistema de reúso da água da chuva, coleta seletiva com destinação
adequada dos resíduos ou contar com iluminação natural e lâmpadas de LED. A
implementação consistente de iniciativas verdes eficientes nas edificações
enquadra as obras, não somente nos padrões internacionais ambientalmente
favoráveis, mas agrega valor aos produtos oferecidos para a sociedade e
natureza.
Michael
Vicentim - superintendente de TI e Inovação do Grupo A.Yoshii.
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