● Venda de
medicamentos para a saúde mental cresceu cerca de 58% entre 2017 e 2021,
apontam Dados do Conselho Federal de Farmácia;
● Um dos motivos
da busca é a necessidade de aplacar sentimentos que são normais na vida, diz a
Psicóloga Ana Gabriela Andriani
A busca incessante ao bem-estar tem chamado a
atenção de especialistas. A ausência de controle emocional e a fuga em lidar
com os sentimentos como a angústia e a tristeza tornam os medicamentos
antidepressivos a “solução” até para as depressões consideradas mais leves,
onde o uso de remédios não costuma ser recomendado como tratamento, por
exemplo. A busca por resultados rápidos e bem-estar a qualquer custo têm sido
alvo de preocupação e um assunto amplamente discutido por profissionais da
área.
Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, a
venda de medicamentos para a saúde mental cresceu cerca de 58% entre 2017 e
2021, porém a maioria dos pacientes que tomam esses medicamentos apresentam
casos leves de depressão ou apenas sentimentos negativos. Os antidepressivos
têm o poder de normalizar o estado de humor quando o paciente se encontra
deprimido, com sentimentos de tristeza, angústia, desinteresse, desmotivação,
falta de energia, alterações do sono e apetite etc. O seu uso pode causar
dependência dos pacientes se forem usados de forma indiscriminada.
É de extrema importância o acompanhamento médico
para a escolha do medicamento, da dosagem e o tempo de uso. Os efeitos
colaterais muitas das vezes limitam a vida, eles incluem disfunção sexual,
tonturas, ganho de peso, alterações no sono e apetite e, em idosos, podem
afetar funções urinárias, intestinais ou cognitivas.
“É importante saber tolerar e viver os momentos de
angústia, de tristeza, de insegurança e desorganização, a busca por remédios
tem como objetivo tentar aplacar esses sentimentos, que são normais da vida. Um
profissional pode fazer um diagnóstico da necessidade de fazer uso desses
estabilizadores de humor, mas, outros métodos podem ser levados em consideração
se o caso de depressão for leve. Pode ser o caso da psicoterapia até a
recomendação para mudança de estilo de vida, como alimentação mais saudável,
prática de exercícios físicos e regular o sono”, aponta a Psicóloga Ana
Gabriela Andriani.
Na sociedade contemporânea o que se percebe é cada
vez uma intolerância em relação ao sofrimento, à angústia e decepções, as
pessoas ficam muito assustadas quando estão em um momento que as fazem se
sentirem deprimidas. Existe uma necessidade de compra e venda das pílulas de
felicidades com o objetivo de aplacar esses sentimentos, mas é importante viver
a tristeza e não a ignorar, pois está desempenha um papel de grande importância
para o desenvolvimento e crescimento pessoal.
Ana
Gabriela Andriani - CRP 06/58907 - psicóloga
formada pela PUC- SP, Mestre e Doutora pela Unicamp, especialista em terapia de
casal e família pela Northwestern University - EUA, especialista em
Psicoterapia Breve pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
USP, e membro Filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise.
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