Na verdade, esse não é um novo vírus. O
Marbug causou as primeiras epidemias reconhecidas em humanos em 1967, quando
macacos infectados foram inadvertidamente importados da Uganda para a Alemanha
(nas cidades de Marburg e Frankfurt) e para a antiga Iugoslávia (em Belgrado).
Desde então, o vírus causou alguns surtos na África Central e Oriental.
Porém, o grande temor é esse vírus
causar um quadro clínico de febre hemorrágica com grande potencial de
fatalidade (até 88%) e de alta transmissibilidade. Assim, após confirmação
laboratorial de dois casos que resultaram em óbito em Gana, agora em julho, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de surto de infecção pelo
vírus Marburg em Gana, o que levanta um alerta mundial pela possibilidade de
aumento e disseminação da contaminação. Desta forma, o cenário atual propicia a
adoção de medidas para conter a doença.
Veja os pontos
principais sobre este vírus
O Marbug faz parte da família Filoviridae,
que é composta por três gêneros: Ebolavirus e Marburgvirus, que
estão entre os patógenos humanos mais virulentos, e Cuevavirus, que só
foi detectado em morcegos na Espanha.
Acredita-se que morcegos frutíferos
sejam os principais reservatórios do vírus na natureza, e podem carregar esse
vírus cronicamente, sem adoecerem. O exato mecanismo de transmissão de animais
para humanos ainda é desconhecido, mas exposições prolongadas a minas ou
cavernas habitadas por morcegos estão associadas ao contágio.
A transmissão de pessoa a pessoa pode
ocorrer pelos mesmos mecanismos que o vírus Ebola, por meio do contato direto
com o sangue ou outros fluidos corporais de um paciente ou durante a preparação
de um corpo para o enterro. Também existe relato de transmissão por via sexual.
Já a transmissão aérea não foi confirmada, mas o potencial para contágio por
gotículas ou aerossol tem sido demonstrado em animais no laboratório. Também
não há documentação de transmissão por mosquitos.
Após o contato, até desenvolver
sintomas da doença, leva em torno de uma semana (pode levar de 2 a 21 dias). Os
sintomas são muito parecidos com quadros virais comuns. Geralmente começa com o
início abrupto de febre, calafrios e mal-estar geral, podendo apresentar:
fraqueza, falta de apetite, dor de cabeça intensa e dor muscular. Vômitos e
diarreia podem ser intensos e levar a quadros de desidratação.
Outros sintomas podem ocorrer, na
dependência do acometimento de órgãos específicos, como convulsões, falta de
ar, manchas na pele etc. Os quadros de sangramentos na fase inicial são raros,
mas podem se manifestar mais tardiamente, com hemorragias em locais de punções
venosas, sangramentos na pele (petéquias e equimoses) ou em outros órgãos.
Para o diagnóstico da doença são
necessários exames laboratoriais específicos, com a pesquisa do vírus, como
testes de pesquisa de antígeno, sorologia, culturas do vírus e as reações de
cadeia da polimerase (PCR). Exames inespecíficos podem mostrar uma baixa nas
células de defesa e sanguíneas, com alteração da função do fígado (leucopenia e
linfopenia, plaquetopenia e elevação de transaminases).
Ainda não há formas de tratamento ou
prevenções específicas para essa doença. O principal é uma suspeição correta e
precoce para adoção de medidas de suporte básico com o doente, isolamento dos
indivíduos infectados e adoção medidas de proteção individual para evitar novos
casos.
Andrea Maciel de Oliveira Rossoni - infectologista pediátrica e
professora da disciplina de Doenças Infecto Parasitárias da Faculdade
Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).
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