Dores nas costas, enxaqueca, dores durante relações sexuais, excesso de cólicas, desconfortos urinários (dor, ardor e incontinência), dor ao defecar, constipação intestinal, as dores no assoalho pélvico, irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar são algumas das questões enfrentadas por mulheres que sofrem de endometriose, como a cantora Anitta, que revelou recentemente sofrer da doença por nove anos sem um diagnostico correto por parte de seus médicos e profissionais de rotina.
Além da cantora, segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose,
20% das mulheres podem desenvolver a doença na idade reprodutiva, o que
significa que 8 milhões de mulheres estão com a enfermidade e muitas sem
diagnóstico ou tratamento. A endometriose pode ser, também, um fator de
infertilidade para 30% delas, se não diagnosticada precocemente.
Com a endometriose é comum que a musculatura pélvica e outros
músculos da região fiquem rígidos, sensíveis e com alguns pontos de tensão. A
postura corporal adotada durante crises dolorosas, chamada postura antálgica,
interfere em outras musculaturas por causa das compensações. Os resultados são:
mais dor e possíveis alterações biomecânicas, que causam disfunções, como
curvar e tensionar alguns membros do corpo.
A fisioterapia pélvica pode ajudar a aliviar muitos dos diversos
sintomas, além de contribuir para a normalização da disfunção do pavimento
pélvico através de um conjunto de intervenções variadas que irão estimular a
re-coordenação desse mesmo pavimento. Além disso, com o tratamento correto, até
mesmo intervenções cirúrgicas podem ser evitadas quando diagnosticada a doença
corretamente e precocemente. Com isso, o profissional inclui diversas terapias
que ajudarão a paciente a inibir a progressão e até mesmo curar o problema.
De acordo com o Professor Philippe Descamps, chefe do polo
feminino materno-infantil do Centre Hôpitalier Universitaire d’Angers e
vice-presidente da Fédération Internationale de Gynécologie et d’Obstétrique
(FIGO), o intervalo entre o início dos primeiros sintomas e o diagnóstico da
endometriose costuma ser muito longo, levando média oito anos, como aconteceu
com a própria Anitta, por exemplo.
Isso se deve, em particular, à complexidade dessa doença
multifatorial, mas também à falta de conhecimento dos profissionais de saúde do
atendimento primário. Uma equipe francesa de especialistas em endometriose,
junto com engenheiros especializados em inteligência artificial, criaram uma
prova diagnóstica por sequenciamento de microARN (ARN, ácido ribonucleico) na
saliva o que pode ser o melhor aliado para esse diagnóstico precoce que é uma
prova diagnóstica não invasiva para a doença que pode facilitar para a não
progressão da enfermidade.
A eletroestimulação, biofeedback, exercícios perieneais,
acupuntura, terapia neural, terapia sexual, fortalecimento do assoalho pélvico,
power house, termoterapia, crioterapia e entre outros recursos individualizados
podem e devem ser utilizados para tratamento da sensibilidade, dor,
incontinências, resultando em melhoria no sexo e facilidade para engravidar das
pacientes.
Todavia a fisioterapia pélvica promove a correção postural, a
recuperação funcional comprometida pela presença da dor constante, conscientiza
e treina a paciente para reconhecer e restabelecer o equilíbrio biomecânico
funcional do corpo todo e sua correlação com a pelve, que é o foco principal da
doença.
Félix Neto -fisioterapeuta, especializado em fisioterapia
intensiva (UTI neonatal, pediátrica e adulta), oncologia, cardiorespiratória e
MBA em Gestão em Saúde pela Universidade Federal do Maranhão. Além disso, Neto
é fisioterapeuta pélvico, dermato-funcional e co-desenvolveu em equipe o
capacete ELMO com a Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará. É docente nas
Universidades Nove de Julho e Anhanguera e preceptor da residência de pediatria
e neonatologia da UNISA no Hospital Geral do Grajaú. Além disso, é esteticista
e cosmetólogo, com especialidade em microagulhamento e cosmiatria.
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