Os fatores foram
elencados pela farmacêutica Remederi, que promove o acesso a produtos, serviços e educação sobre o
tema Pixabay
Com o avanço do setor
de cannabis no mundo e com as suas altas projeções financeiras no Brasil, é
provável que esse mercado se expanda rapidamente nos próximos anos,
principalmente no âmbito medicinal, que já é legalizado no país desde 2015 e
que pode atrair até US$ 15 bilhões em dez
anos, de acordo com análise da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis
(Abicann).
Entretanto, apesar de
ser um setor muito promissor e com muitos benefícios para a população, como
todos os outros, ele também possui muitas barreiras a serem enfrentadas. Foi
pensando nisso que a farmacêutica Remederi, que promove
o acesso a produtos, serviços e educação sobre a cannabis medicinal, elencou os
cinco maiores pontos positivos e negativos desse mercado no Brasil.
Ciência enraizada:
um dos grandes pontos positivos da forma como o Brasil iniciou sua
regulamentação é que a ciência e a
medicina têm uma força e relevância muito grandes, e continua a ter sua
importância para basear a regulamentação do país sobre o tema.
“Para alguns essa questão pode não ser
tão favorável, mas eu vejo com bons olhos, pois já vi muitos colegas médicos no
exterior, em locais onde o uso da substância está completamente liberado,
alegarem não ter tanto acesso a produtos com qualidade farmacêutica comprovada,
como acontece no Brasil”, comenta Fabrizio Postiglione, fundador e
CEO da Remederi.
Potencial agrícola:
outro ponto positivo do Brasil neste mercado é que o país tem um alto potencial
agrícola e clima ideal para o cultivo de qualquer planta, com biomas desde semi
temperado a tropical, níveis de insolação e abundância de água, o que
facilitaria a produção nacional de cannabis.
Credibilidade da
Anvisa: uma das vantagens do mercado brasileiro para a
comercialização e atração de investimentos no setor de cannabis medicinal é que
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma organização
reconhecida em todo o mundo, o que traz credibilidade para os produtos registrados
e produzidos no país. Produtos brasileiros teriam entrada facilitada em outros
mercados por este motivo.
Estudos com novas
moléculas: mais um ponto forte para mercado de
cannabis tanto brasileiro quanto mundial é que produtos com novas moléculas
presentes na cannabis que ainda não tão comuns estão sendo estudadas e podem
apresentar novas possibilidades para o mercado, como é o caso do tetrahidrocanabinol (THC), Cannabigerol (CBG), canabinol (CBN), entre outros compostos.
Interesse de novas
indústrias: recentemente, novos setores começaram
a se interessar pela cannabis medicinal, como o mercado veterinário e a
indústria têxtil, por exemplo, o que amplia o leque de oportunidades para o
país.
Pontos negativos
Lenta evolução das
políticas a respeito do tema: apesar de alguns países já terem
flexibilizado ou regulamentado a produção e comercialização da cannabis, o
governo brasileiro possui uma certa resistência sobre esse debate, que
dificulta e atrasa a regulamentação e ampliação deste mercado no país.
Restrição de
mercados: para a Remederi, o mercado brasileiro
apresenta um foco 100% farmacêutico e medicinal humano, que acaba dificultando
o acesso a produtos à base da substância em outros setores, como o de Pets, por
exemplo.
Preconceito:
o preconceito é um dos maiores fatores que dificultam o avanço da cannabis
medicinal no Brasil, pois as pessoas associam muito o uso do medicamento com o
uso adulto da planta, e por falta de conhecimento ou acesso a informação, não
sabem que o tipo de produção e comercialização das substâncias são
completamente distintos.
Alto custo de início da produção: as regras do cultivo implementado atualmente no país são
extremamente exigentes e limitantes, e aumenta o preço da sua produção,
principalmente no caso do uso medicinal.
Divulgação científica: Existem milhares de pesquisas sobre os benefícios da
cannabis medicinal para o tratamento de diversas patologias, como ansiedade,
insônia, dor crônica, epilepsia, autismo, alzheimer, parkinson, e outras
doenças, mas que ainda não chegam à classe médica.
“Apesar do Brasil ser um dos maiores países
pesquisadores da planta, a classe médica e científica do país ainda desconhece
o potencial terapêutico da planta, e por vezes, nem sabe que já é possível que
qualquer médico possa prescrever derivados da planta. É claro que isso é um
gargalo, e pode também ser visto como uma oportunidade. Tudo depende do ponto
de vista”, afirma Fabrizio Postiglione.
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