A doença, que muitas vezes é subestimada pelas pessoas, foi considerada o "mal do século" pela Organização Mundial da Saúde
Praticamente todas as pessoas já ouviram a frase: "Depressão é bobagem!". Mas o que realmente é a depressão? Trata-se de um transtorno psiquiátrico, também conhecido como uma "infelicidade crônica", e que traz alterações nas capacidades físicas e cerebrais de quem sofre com a doença. Apresenta-se como um humor triste ou irritável e um sentimento de vazio.
A condição clássica da depressão é conhecida como Transtorno Depressivo Maior, mas existem diversas variações da doença: a mudança desregulada do humor, a depressão persistente, alterações repentinas de ânimo no período pré-menstrual, além do transtorno depressivo causado por uma substância/medicamento ou por consequência de outra condição médica. Ou seja, vários fatores podem levar a um quadro depressivo, e muitas pessoas nem sabem que possuem o transtorno.
Segundo a psicóloga Larissa de Oliveira, do UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Caxangá, a probabilidade de desenvolver a doença aumenta com a chegada da puberdade, e a maioria dos afetados são jovens adultos (de 18-29 anos), especialmente mulheres. “Fatores como afetividade negativa, experiências adversas na infância, além de fatores genéticos e hereditários configuram-se como condição de risco para o desenvolvimento da depressão”, conta Larissa.
Para identificar a doença, é preciso estar atento aos seus sintomas, que incluem: humor deprimido, desesperança, falta de interesse nas atividades cotidianas, alterações de apetite, perturbações do sono, cansaço, fadiga, sentimento de desvalia e culpa, entre outros. Com o tempo, dores físicas, desvio da funcionalidade social, mutismo, catatonia, além de tentativas e pensamentos suicidas, são algumas das consequências que a doença pode chegar.
O tratamento deve ser feito de forma clínica, com o acompanhamento de profissionais de psicologia e psiquiatria. Por apresentar desregulações químicas no cérebro, a medicação e a psicoterapia são essenciais neste tipo de transtorno.
Por causa de seu caráter psicológico -- sendo um problema de desregulação de humor --, ainda existe, no senso comum, uma tendência a subestimar a doença. Além disso, o humor rebaixado, triste e desesperançoso, traz um estranhamento para as pessoas que estão ao redor do paciente. “Vivemos numa sociedade em que mostramos o bom, o belo, o jovem e feliz; não mostramos nossas dores nem nossas fragilidades. Isso demonstra fracasso e fraqueza. A depressão é considerada o ‘status maior de fracasso’, já que nela tudo é o oposto do que a sociedade nos exige”, diz a psicóloga.
Para que a sociedade entenda a
importância do tema, Larissa explica que o primeiro passo é a conscientização
de que um adoecimento mental é um problema crônico, e que precisa de tratamento
especializado para a sua contenção e estabilização. “É preciso entender que
essas doenças não são um atestado de fracasso ou fraqueza, mas uma condição
existencial como qualquer outra que precisa de atenção e cuidado”, explica. Por
fim, ela ressalta a importância do tratamento psicoterapêutico. “Este cuidado
pode e deve ser viabilizado por profissionais de psiquiatria -- por meio de
medicações específicas - e da psicologia - por meio da ressignificação de
padrões mentais e comportamentais”, conclui.
Mário Vasconcelos
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