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terça-feira, 31 de maio de 2022

Com venda proibida no Brasil, cigarros eletrônicos atraem adolescentes e acendem alerta sobre os riscos à saúd

No Dia Mundial Sem Tabaco, maior hospital exclusivamente pediátrico do país, chama atenção para complicações que substâncias nocivas presentes no dispositivo podem causar


Mais prático, com um formato mais moderno e oferecendo uma infinidade de sabores e aromas, que evita o incômodo do cigarro tradicional, especialmente em relação ao odor, os vaporizadores passaram a ser socialmente aceitáveis em diferentes ambientes e também tem ganhando cada vez mais espaço entre os jovens. O relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), divulgado em abril deste ano, apresentou um levantamento sobre o uso de cigarros eletrônicos no país. Pelo menos um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos usa cigarros eletrônicos no Brasil, ou seja, 19,7%.

Apesar do comércio do dispositivo ser proibido no Brasil desde 2009, adolescentes e jovens têm acesso fácil ao cigarro eletrônico por meio da comercialização na internet, no comércio informal ou na aquisição no exterior. Com um cheiro mais agradável e menos produção de fumaça, os vaporizadores – como também são chamados – passam a percepção de serem menos prejudiciais à saúde e não viciam. Os adolescentes podem começar a usar o cigarro eletrônico por curiosidade ou acreditando que ele pode ajudar a deixar o tabagismo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o mecanismo de funcionamento do cigarro eletrônico permite simular o ato de fumar um cigarro convencional, mas ao contrário desse, no qual a folha do tabaco é queimada, no cigarro eletrônico uma solução líquida é vaporizada para ser inalada. O líquido, que contém nicotina e outros produtos químicos, é aquecido com o uso de bateria. Pediatra e pneumologista do Hospital Pequeno Príncipe, Débora Chong explica que o aquecimento das substâncias produz compostos agressivos.

O vapor de nicotina gerado atinge as vias respiratórias da mesma forma que a fumaça do cigarro convencional, alcança os alvéolos e é absorvido sistemicamente sendo igualmente nocivo e viciante, levando à toxicidade crônica já conhecida. Já se comprovou que mesmo nos casos onde opta-se por não acrescer a nicotina, o vapor condensado inalado estimula a produção de substâncias químicas inflamatórias, afetando macrófagos alveolares. “Os problemas vão desde crises respiratórias a quadros de insuficiência respiratória aguda que precisam de internação em UTI”, conta a médica.

A especialista também desmitifica a ideia de que os cigarros eletrônicos podem ajudar as pessoas a pararem de fumar, lembrando que o uso do dispositivo na adolescência pode ser a porta de entrada para o tabagismo e colocando em xeque avanços no combate à dependência química da nicotina. Segundo ela, estudos mostram que o adolescente que começa a usar cigarro eletrônico tem maior chance de migrar para o cigarro convencional.

Mesmo dispositivos eletrônicos sem nicotina são viciantes, já que o vício de fumar não tem apenas origem química, mas principalmente psíquica. A pediatra alerta que é preciso estar atento aos adolescentes, por ser uma faixa etária muito suscetível. A curiosidade por experimentar novas sensações e a necessidade de afirmação no meio onde vivem são fatores que colaboram para que não ocorra redução dos índices de tabagismo nesse grupo. “Um adolescente já tem seu pulmão formado, mas é uma lástima ter um pulmão tão jovem lesionado. Além disso, quanto mais cedo a pessoa começa, mais tempo ela vai fumar e, consequentemente, terá mais tempo de exposição às substâncias nocivas e de lesão”, considera.

Narguilé

Outro dado inédito da pesquisa Covitel foi de uso de narguilé entre a população brasileira. O relatório mostrou que a taxa de experimentação de narguilé entre os jovens de 18 a 24 anos é de 17%. A médica do Pequeno Príncipe lembra que estudos já comprovaram que uma hora usando narguilé equivale a fumar 80 a 100 cigarros convencionais. Além disso, ela ressalta também outro risco do uso de narguilé durante a pandemia da COVID-19. “A possibilidade de contrair doenças que podem ser transmitidas por meio de gotículas de saliva já existia, por causa do compartilhamento, mas em relação ao coronavírus o risco é ainda maior”, finaliza.


Sem Tabaco

O Dia Mundial sem Tabaco – lembrado em 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Todos os anos, nessa data, a OMS e seus parceiros celebram o Dia Mundial sem Tabaco (WNTD). A campanha anual é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre os malefícios do tabaco e desencorajar o uso da substância em qualquer forma.

 

Hospital Pequeno Príncipe


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