terça-feira, 30 de novembro de 2021

Estado de SP está pronto para flexibilizar o uso de máscaras?

Na avaliação do professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo – SP, Robert Fabian Crespo Rosas, ainda é cedo para desobrigar o uso de máscaras mesmo ao ar livre, considerando a proximidade das festas de fim de ano

 

A partir do dia 11 de dezembro, conforme anúncio do Governo de São Paulo, o uso de máscaras em áreas abertas deixa de ser obrigatório no Estado, O anúncio foi feito no dia 24 de novembro pelo governador João Dória. Para o infectologista Robert Fabian Crespo Rosas, professor do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP, o momento ainda não é oportuno para flexibilizar o uso do item de proteção.

Confira a análise do especialista:

 

O uso de máscaras continuará obrigatório em áreas internas e fechadas e em estações e centrais de transporte público. Ainda assim, essa decisão pode impactar a disseminação do Coronavírus no Estado?

 

Isso é possível, sim. Principalmente se as pessoas começarem a ficar sem a máscara e se mantiverem aglomeradas. Estamos às vésperas do final do ano, quando é comum em várias cidades acontecer reuniões com grande número de público e, justamente por serem ao ar livre, não precisariam usar máscara. Apesar desse detalhe de estar ao ar livre, isso não previne totalmente a possibilidade de contrair a doença.  Já foi descrito em estudos prévios que o fato de estar perto de uma pessoa infectada pode ser prejudicial pois, mesmo sendo assintomática, ela elimina no ambiente cerca de 200 partículas virais por minuto até mesmo se ficar calada. Se começar a falar, essa quantidade de partículas eliminadas tende a ser quatro ou cinco vezes maior. Portanto, essa medida sem dúvida vai provocar alguns problemas e nós temos exemplos práticos que afirmam isso, como foi o caso da liberação do uso de máscaras em locais abertos na Europa. Hoje nós vemos vários países com grande número de pessoas infectadas novamente - muitas delas em estado grave - e somado ao fato de [a população desses países] não ter tomado a vacina corretamente, visto os baixos índices de vacinação naquela região, o que tem gerado novas ondas de infecção pelo Coronavírus.

 

É possível fazer uma relação direta ou indireta entre a porcentagem da população vacinada e a necessidade do uso de máscara de proteção?

 

Existe na teoria a imunidade de rebanho, em que considerando que 70% ou mais da população esteja vacinada ou tenha tido contato prévio com o vírus, nós estaríamos com chance bem baixa de adquirir a infecção. Porém, isso é muito irregular de Estado para Estado aqui no Brasil. Temos até um ranking de Estados com maior índice de vacinação. São Paulo está entre eles, mas a maioria ainda tem índice abaixo de 60%. Então, apesar dessa teoria, não é possível generalizar para o País inteiro.

 

Considerando que São Paulo foi o primeiro Estado a registrar um caso de infecção por Coronavírus no Brasil, em março de 2020, a desobrigação do uso de máscara pode deixar uma impressão equivocada para o restante do País, como se a pandemia estivesse no fim?

 

Sem dúvida. Parece que as pessoas podem sair livremente e nossa realidade não é essa. Então é fundamental que todas as precauções tomadas no passado, não mais com a rigidez de antes, mas ainda mantendo os elementos básicos, como o uso da máscara e o distanciamento social sejam recomendadas. Isso vale tanto para áreas internas e ambientes fechados, como para locais externos, pois a proximidade entre as pessoas é suficiente para que ocorra transmissão.

 

Para ouvir a análise completa do médico e professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo – SP, Robert Fabian Crespo Rosas, acesse o link do podcast da Agência de Notícias em Saúde do Centro Universitário São Camilo:

https://open.spotify.com/episode/7EqwmsYOZMMrEijMiR3dtS?si=b01a9ce496ab45c4


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