As turbulentas tempestades provocadas pela pandemia estão, finalmente, dando pequenos sinais de melhora. Contudo, o cenário que se desenha não parece dos mais promissores. Para os negócios que sobreviveram a esse período conturbado, é hora de reorganizar e planejar as ações para o próximo ano.
No Brasil, a perspectiva é de juros
mais altos, somado a uma crise hídrica e às incertezas típicas de um ano
eleitoral. No mundo, já se considera um panorama de estagflação, onde a
atividade econômica se encontra estagnada em meio a uma alta inflação.
Diante de tantas incertezas, algumas
medidas devem ser tomadas a fim de conter a crise e alavancar a retomada
econômica. Por isso, listo aqui cinco tendências de negócios que devem se
acentuar em 2022.
#1 - Exportação: As exportações brasileiras registraram recordes no período da pandemia.
Entre janeiro e julho desse ano, foi registrado um aumento de 35,3% em relação
ao mesmo período de 2020 – o equivalente a US$ 161,42 bilhões, segundo dados do
Governo Federal. O destaque é, sem dúvidas, para o agronegócio, cujo PIB também
apresentou seu maior crescimento histórico, de 24,31% em 2020, de acordo com o
Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O
setor foi especialmente favorecido pela desvalorização do Real – especialmente
se tratando da soja e o minério de ferro. Com o Dólar em alta, a tendência é
que mais empresas intensifiquem suas operações internacionais em 2022.
#2 - Internacionalização: Nos últimos oito anos, o nível de internacionalização das empresas
brasileiras saltou de 12,9% para 21,6%, de acordo com um estudo publicado pela
Fundação Dom Cabral. O aumento deixa claro a quantidade de portas abertas para
os empreendedores constituírem suas empresas ao redor do mundo – novamente favorecidos
pela cotação das moedas estrangeiras e menor tributação em determinados países.
A Lei nº 14.195, que tem como objetivo a desburocratização do ambiente de
negócios no Brasil, deve reduzir a insegurança jurídica tanto das empresas
estrangeiras que querem atuar no Brasil quando das brasileiras que eram se
internacionalizar.
#3 - Fusões e aquisições: Com foco em garantir sua sobrevivência, minimizando os impactos
econômicos sentidos nesse último ano, as operações de fusões e aquisições vêm
batendo recordes tanto em âmbito nacional quanto internacional. Só no primeiro
trimestre deste ano, essas operações atingiram US$ 1,1 trilhão, um recorde
desde 1998, segundo dados da Bloomberg. Para 2022, a tendência é que cada vez
mais companhias busquem essa estratégia como forma de unir forças, melhorar a
eficiência e garantir a continuidade dos negócios.
#4 - Reestruturação societária: Passado o período mais turbulento da pandemia, muitas empresas
devem fazer uma análise mais profunda de seu quadro societário. Afinal, a
reorganização interna é uma das principais chaves para que as empresas consigam
sair da crise. Esse processo é uma consequência das mudanças estruturais que
aconteceram ao longo do período dentro das companhias, como também em
decorrência das próprias operações de fusões e aquisições. O objetivo é
proteger os direitos dos acionistas ou sócios, aumentando a eficiência e
competitividade das empresas.
#5 - Planejamento sucessório: Nunca sentimos tanto a vulnerabilidade da vida como neste período
de pandemia. Foram mais de 600 mil óbitos causados pela Covid-19 apenas no
Brasil – perdas que impactaram muitas empresas. Nesse contexto, a busca por um
planejamento sucessório tem sido grande. Segundo o IBGE, a procura por esse
tipo de documentação aumentou em mais de 50% em 2020. Como mais de 90% das
empresas brasileiras são familiares, pensar a sucessão é fundamental para
garantir a perpetuidade do negócio. Dados mostram que mais de 70% das empresas
não chegam aos filhos e apenas 5% chegam à geração dos netos de seu fundador.
Ter uma visão de longo prazo é fundamental.
O ano de 2022 deve ser desafiador,
com uma projeção tímida no PIB, de crescimento previsto de apenas 1,57%.
Contudo, é hora de as empresas olharem mais para dentro. É preciso estar com
tudo em ordem e sempre atento aos negócios. Afinal, toda crise sempre reserva
boas oportunidades. Estar preparado para aproveitá-las é o que faz a diferença.
Thais
Cordero - advogada e Líder da área
societária do escritório Marcos Martins Advogados.
Marcos
Martins Advogados
https://www.marcosmartins.adv.br/pt/
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