Além da longevidade, as terapias trazem perspectivas de mais qualidade de vida e bem-estar nas práticas de atividades físicas
As células-tronco mesenquimais
se tornam cada vez mais promissoras e os estudos e ensaios clínicos realizados
avançam em diversas frentes. Essa também é uma verdade para a ortopedia e para
a medicina do esporte. A terapia celular tem aberto possibilidades de pesquisa
e procedimentos futuros para doenças que ainda não possuem um tratamento
adequado nessa área, como é o caso das lesões da cartilagem e da osteoartrite
ou artrose do joelho, entre outras.
“A vantagem terapêutica
dessas células vem da capacidade que têm de se diferenciar em outros tecidos
(adiposo, ósseo e cartilaginoso) e de regular o sistema imune ao seu redor,
tornando o ambiente mais propício para o reparo da lesão. As técnicas estão
sendo amplamente estudadas por respeitados centros no exterior e no Brasil. A pesquisa
desde os laboratórios até os modelos tradicionais para uso em humanos e em
ensaios clínicos, com o aval da ANVISA e o financiamento para o desenvolvimento
de produtos, torna essa tecnologia promissora e com previsão de chegada breve
ao mercado”, explica o cirurgião ortopédico Tiago Lazzaretti Fernandes, que
atua no grupo de medicina do esporte no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de São Paulo (HC-FM-USP).
Segundo o traumatologista,
médico do esporte e membro do Conselho do Comitê Olímpico Brasileiro (COB),
Bernardino Santi, ainda há a perspectiva para uso das células-tronco
mesenquimais em doenças como a osteomielite (infecção do osso), em perdas
ósseas importantes, em fratura cominutiva (quando o osso se quebra em mais de
dois fragmentos) e na reconstrução de músculos, ligamentos e tendões. “Em algum
momento teremos que tomar esse caminho como forma de tratar. É impressionante
que nós, como brasileiros, não sabemos das instituições e profissionais que
possuímos no país. Nosso conhecimento em terapias com células-tronco tem
décadas e, obviamente, ainda há muito para avançar. No entanto, nossos
pesquisadores já dominam essa técnica de ponta. Com isso, há condições de
ampliar o arsenal terapêutico para várias situações”, explica.
Para tratamento de uma lesão
grave no joelho, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no país, ainda é utilizado o
procedimento cirúrgico, que é invasivo, de recuperação lenta e delicada. Os
avanços com células-tronco mesenquimais, nesse sentido, segundo Santi, permitem
que atletas de alto rendimento ou pessoas que se lesionaram nas suas práticas
tenham a possibilidade de voltar ao esporte com mais rapidez e menos
sofrimento. “Há casos em que esses praticantes, que se machucam, desistem da
sua atividade, já que os tratamentos disponíveis não trazem uma perspectiva
boa. Isso faz com que a pessoa não trate corretamente, o que acaba interferindo
na sua vida pessoal e até profissional. As terapias com células-tronco também
são promissoras para trazer essas pessoas de volta para as suas práticas. O
importante, quando se fala em tratamento na medicina do esporte para quem faz
esporte por lazer e diversão, que não são atletas de alto rendimento, é pensar
na qualidade de vida. Obviamente que os treinos sem dor e sem lesões são mais prazerosos.
O objetivo, que é ter mais qualidade de vida, será atingido. Muito além da
longevidade, é viver bem e estar feliz. Essa é a minha perspectiva para os
próximos anos”, diz o médico.
Em Campinas, interior de São
Paulo, está situado o centro pioneiro na técnica de isolamento, expansão e
armazenamento de células-tronco do dente, tecido adiposo e do céu da boca
(periósteo do palato) do país, a O laboratório tem à frente o cientista e
membro do International
Society for Cellular Therapy, José Ricardo Muniz Ferreira, que
estudou a fundo e aprimorou a técnica de extração, armazenamento e cultivo das
células. Segundo ele, as células-tronco mesenquimais possuem grande potencial
de multiplicação. “Um único dente, por exemplo, pode conter milhares de células
e, quando multiplicadas no laboratório, tornam-se milhões. Elas também podem se
especializar, com qualidade, em qualquer outra célula de tecidos sólidos do
corpo humano, trazendo mais qualidade de vida às pessoas”, garante.
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