Médica explica como prevenir e tratar quadros de intoxicação causados por bactérias, fungos, vírus e suas toxinas, presentes em alimentos crus e preparados sem os devidos cuidados
A intoxicação
alimentar, como explica a médica alergista e imunologista Brianna Nicoletti,
formada pela Universidade de São Paulo (USP): "é uma doença causada pela
ingestão de água ou alimentos contaminados por bactérias (Salmonella,
Shigella, E. coli, Staphilococus, Clostridium), vírus (Rotavírus),
ou por suas respectivas toxinas, parasitas, por fungos ou toxinas. A
contaminação ocorre durante a manipulação, preparo, conservação e/ou o
armazenamento da água ou dos alimentos".
Nas festas de final
de ano, quando há grande variedade de pratos, é bastante comum devido ao
consumo de alimentos crus, como o ovo, presente na maionese e em alguns doces,
o qual é facilmente contaminável; por conta da forma de oferecer os pratos,
deixando-os muito tempo expostos e sem a refrigeração necessário, como em
buffets; e o terceiro principal fator é a manipulação da comida ou seu
armazenamento de forma inadequada.
Sintomas e ações a
tomar
Os primeiros
sintomas podem surgir poucas horas após a ingestão de algo contaminado, variando
de acordo com o micro-organismo causador. "O intervalo, no geral, vai de
duas a 72 horas para o início dos sintomas", explica a médica. Porém, os
sintomas sempre são parecidos: náuseas, vômitos, diarreia, febre, dor
abdominal, cólicas e mal-estar. "Nos quadros mais graves, ocorrem queda da
pressão arterial, desidratação e perda de peso", enumera.
O primeiro passo, ao
sentir um dos sintomas, é fazer repouso e ingerir muito líquido (principalmente
água, água de coco e isotônicos, e evitar bebidas gaseificadas com excesso de
sódio. "Quando há risco de desidratação (com vômitos e diarreia), há
medicamentos para controlar as náuseas e é necessário procurar ajuda médica
para repor líquidos e sais por via endovenosa", indica Brianna.
A boa notícia é que
a grande maioria das intoxicações são consideradas leves e duram poucos dias.
"As infecções bacterianas com colites e desidratação podem durar mais
tempo. E, eventualmente, poderá ser necessário tratamento mais prolongado com
antibiótico", indica a médica. Daí a importância de consultar um médico
para avaliar a gravidade e a necessidade do uso de medicamento.
Os vilões das festas
e como prevenir a doença
Ovos
(principalmente, pouco cozidos ou crus), massa folhada, leite, peixe e frutos
do mar, carnes de porco ou processadas e embutidas (por exemplo, o presunto), e
legumes e frutas lavados com água contaminada costumam ser os causadores mais
comuns da intoxicação alimentar.
O primeiro ponto
determinante para evitar as contaminações está no cuidado com a água. "A
prevenção das intoxicações está diretamente associada ao saneamento básico, ou
seja, à boa qualidade da água para o preparo dos alimentos; aos cuidados ao
cozinhar e armazenar, isto é, o modo de embalar e conservar em freezer ou
geladeira; e a medidas básicas de higiene de quem os consome, como lavar as
mãos antes das refeições e depois de usar o banheiro", explica a
especialista. Outra dica é nunca consumir alimentos em conserva com embalagens
estufadas ou amassadas".
Diferença entre
intoxicação e alergia alimentares
Vale distinguir a
diferença que existe entre a alergia alimentar e a intoxicação alimentar.
"A alergia ocorre quando nosso sistema imunológico passa a entender uma
parte da estrutura do alimento como ‘alergênica’ e estranha, e responde com a
produção de anticorpos (chamado de IgE) ou células, gerando um processo
inflamatório", explica a médica.
A alergista detalha
ainda que uma vez sensibilizado o organismo, o risco de uma reação alérgica
mais grave, em um contato futuro existe, inclusive ao ter contato com uma
mínima quantidade daquele alimento. "Mas, da mesma forma, as
transformações frequentes do sistema imunológico podem trazer novas
sensibilizações ao longo da vida, e pode também acontecer o que chamamos de
‘tolerância’ e, assim, depois de algum tempo, deixar de ter a alergia daquele
alimento". Os que mais causam alergias em adultos são: camarão, frutos do
mar, amendoim, castanhas; nas crianças, são leite, ovo, soja, milho e trigo.
Dra Brianna Nicoletti
-, alergista e imunologista pela Universidade de São Paulo (USP) • Médica graduada pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (2003) • Residência médica
em Medicina Interna pela Universidade Estadual de Campinas (2006) • Residência médica em Alergia e Imunologia
Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (2009) • Associada à
Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia • Médica Especialista em Alergia e Imunologia do Corpo
Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (desde 2013) • Integrante da equipe de Qualidade da UnitedHealth
Group (desde 2011)
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