Tipo
de tumor maligno que mais afeta a população brasileira pode ter suas chances de
incidência amplamente reduzidas com cuidados relacionados à exposição aos raios
solares
A proximidade do
verão, período que marca a alta nas temperaturas em todo o país, acende um
importante alerta: a exposição prolongada ao sol sem proteção adequada pode
levar a consequências importantes à saúde. Além de causar o envelhecimento
precoce, o contato direto com raios nocivos aumentam em até 10x o risco de
câncer de pele, o mais incidente entre os brasileiros, correspondendo a um total
que ultrapassa a marca de 185 mil novos casos a cada ano - cerca de 30% de
todos os tumores malignos registrados, de acordo com dados do Instituto
Nacional do Câncer (Inca).
E apesar de uma
considerável parcela da população acreditar que sabe lidar com o sol por viver
em um país tropical, campanhas de conscientização como o Dezembro Laranja são
essenciais para que informações precisas sejam transmitidas e assim seja
possível reduzir os índices deste tipo de câncer, evitável na maioria das
situações.
"Os melanócitos e
queratinócitos (células da pele) são os principais envolvidos no processo de
fotoproteção e quando expostos à radiação solar podem aumentar em número e
tamanho. O câncer de pele ocorre quando há um crescimento anormal e excessivo
dessas células que compõem a pele e pode ser de dois tipos: melanoma e
não-melanoma, sendo o primeiro responsável por 95% dos tumores cutâneos
identificados entre os brasileiros", explica Sheila Ferreira, oncologista
da Oncoclínicas São Paulo.
De acordo com a
especialista, esse índice está diretamente relacionado à constante exposição à
radiação ultravioleta (UV) sem uso de proteção adequada. Por isso, é preciso
estar atento aos sinais de alerta.
"Os principais
sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões cutâneas com
crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas
a sangramento, coceira e algumas vezes dor e geralmente surgem em áreas muito
expostas ao Sol como rosto, pescoço e braços", diz a médica.
De olho na prevenção
Para pessoas que
costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar
diariamente, principalmente no rosto. Se a exposição aos raios solares for
maior, como na praia ou piscina, é importante abusar do protetor no corpo todo,
usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte.
"Pessoas de pele
clara, cabelos claros ou ruivos, com sardas e olhos claros são mais propensas a
desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser
considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais
envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer
não-melanoma", destaca Sheila.
É importante a
avaliação frequente de um especialista (dermatologistas) para acompanhamento
das lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas lesões é
de extrema importância para um diagnóstico precoce. O dermatologista tem o
papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que
os raios solares de verão podem causar na pele.
Entenda os diferentes
tipos de câncer de pele e os possíveis tratamentos
O câncer de pele
não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma
espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente
mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão
nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro
cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a
formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil
cicatrização.
"Tanto o
carcinoma basocelular quanto o espinocelular estão relacionados à alta
exposição dos raios solares. Eles devem ser prevenidos com protetor solar e consultas
frequentes com o dermatologista, sendo fatores fundamentais para detecção do
câncer na sua fase inicial", aponta a oncologista.
Já o chamado câncer de
pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incidência -
ele é responsável por 8.450 novos diagnósticos por ano -, é o mais agressivo e
requer atenção redobrada. São geralmente os casos que se iniciam com o
aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do
tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o "ABCDE"-
Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. "A doença é mais
facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação prévia das pintas",
finaliza Sheila Ferreira.
É recomendável a
ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada
abordagem das margens ao redor da mesma. Posteriormente, dependendo do estágio
da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. Quando
diagnosticada precocemente, quimioterapia ou radioterapia são raramente
necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos.
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