O
que vem a ser exatamente “Ter responsabilidade afetivo com o outro”? A
responsabilidade afetiva diz respeito à honestidade e transparência em uma
relação. Significa se responsabilizar pelo que se provoca no outro, não pela
idealização e expectativa que o outro cria, mas pela forma como você está
transmitindo o que deseja, sem manipular, sem enganação e com muita
reciprocidade e empatia.
A
pessoa responsável afetivamente deve ser ética, agir de acordo com a sua real
intenção, sem manobras de poder deliberadas. Assim, responsabilidade afetiva
nada mais é do que ter consideração tanto com seus próprios sentimentos e
intenções quanto com os da outra pessoa, além de desenvolver a capacidade de
agir com clareza conforme esses sentimentos e intenções emergem.
Segundo
a psicanalista, a responsabilidade afetiva é muito importante em qualquer tipo
de relação (amizade, trabalho, relações íntimas, familiares) pois denota
relações mais maduras, consistentes e respeitosas, onde cada parceiro é
consciente de seu papel, além de compreender e respeitar seus limites e os limites
do outro.
E
como reconhecer a falta de responsabilidade afetiva no outro? Além disso,
muitos se perguntam se, ao detectar a ausência de cuidado e responsabilidade
dentro de uma relação, a melhor maneira seria colocar um ponto final no
relacionamento ou na amizade a fim de não se machucar ainda mais?
Neste
caso, devemos levar em conta que essa falta de responsabilidade afetiva se
caracteriza quando a pessoa não respeita o espaço do outro. Não leva em
consideração os sentimentos alheios. Age com individualidade considerando
apenas seus desejos, vontades e crenças em determinadas situações. Faz
promessas em vão. Não usa de sinceridade e apimenta situações com manipulação e
mentiras.
Não
reconhece suas falhas e transborda no outro, suas fragilidades. Floresce o
egoísmo e permite que reine a sua infantilidade emocional. Esse indivíduo
isento de responsabilidade afetiva tem total carência de maturidade emocional e
não sabe lidar com o outro seguindo aspectos voltados para a empatia,
responsabilidade e autoanálise, estando sempre na defensiva. Visto isso, quando
não existe responsabilidade afetiva entre as pessoas que se relacionam,
certamente, teremos uma relação pesada e engessada. Uma verdadeira disputa de
egos.
Todo
esse processo segundo Andréa dá trabalho e exige muito das pessoas envolvidas.
Porém, quem conquista essa maturidade torna todas as suas relações mais sadias,
evolui e torna as experiências com o outro uma oportunidade de evolução e
crescimento mental e emocional, não importa para onde siga aquela relação.
Mas
o mais importante é cada parceiro verificar o que quer da relação. Ninguém
merece sofre ou viver infeliz e se no fim de tudo, os processos não se
encaixarem e a relação gerar dor, sem perspectivas de melhoria, a melhor saída
é cada seguir seu caminho para não jorrar no outro as frustrações e decepções
individuais.
Tenha
responsabilidade afetiva com você. Se conheça a ponto de abrir mão daquilo que
tira sua paz, seu equilíbrio, seu amor-próprio. Se preserve daquilo que te dá
alguns minutos de satisfação e muitas noites encharcando de lágrimas o
travesseiro. Descubra o que você pode ou não suportar em nome de um grande amor
e se proteja daquilo que te fere.
No
entanto, muitos relacionamentos terminam de formas tão difíceis por diversos
motivos que podem ser observados, questionados muito antes de chegar ao
rompimento. Pois, relacionamento afetivo não é só estar junto, vai mais além,
precisa de elementos para se estabelecer e de muitos outros para se manter.
Entender
esse conceito e a importância de ser transparente com os próprios sentimentos e
com os dos outros é um bom caminho para ter relacionamentos mais saudáveis e
satisfatórios. Muitas vezes, os casais são formados por uma pessoa que entende
a relação como algo sério e duradouro, enquanto a outra imagina se tratar
apenas de algo passageiro e sem importância.
Portanto,
responsabilidade afetiva é assumir o seu papel quanto às expectativas criadas
em uma relação. Afinal de contas, não é certo estimular um relacionamento,
dizer que ama outra pessoa e planejar um futuro com ela para, do dia para a
noite, decidir que quer terminar, por exemplo. É natural que alguém repense a
relação e decida terminá-la. Esse é um risco que todos correm — por mais que,
no calor do momento, possa se dizer que o desejo é de manter a pessoa por perto
“para sempre”. Mas ainda assim, ninguém é obrigado a retribuir os sentimentos
de outra pessoa caso não sinta o mesmo.
No
entanto, isso deve ser deixado claro desde o começo, é um erro e uma
irresponsabilidade levar a pessoa a acreditar que é amada e desejada quando, na
verdade, não é.
Então,
em primeiro lugar, é preciso ter consciência do que você quer dessa relação.
Lembrando que o amor próprio deve estar no ranking de suas ações. Em segundo
lugar também é importante ter responsabilidade afetiva consigo mesmo.
Evite
se submeter de forma oprimida ao desejo do outro, tornando-se refém de um amor
nada saudável, condicionando sua alegria ou tristeza à aproximação ou
afastamento desse alguém. Se o relacionamento te afasta do seu bem-estar e te
torna uma pessoa pior do que você realmente é, o melhor caminho é seguir em
frente e se fortalecer, buscar ser feliz.
Nada
vale um aprisionamento. Não perca seu equilíbrio tentando entender o
incompreensível. Não se faça em pedaços para manter o outro inteiro. Afinal,
viver relações amorosas (ou não) pouco saudáveis, pode gerar um adoecimento
psíquico irreversível, se não for controlado a tempo.
E
que todas as pessoas se conscientizem de que, só se pode amadurecer com
sabedoria, insistindo naquilo que nos salva e recusando o que desagasta a alma.
E se o outro for embora, certamente é porque não existe mais conexão e isso não
pode ser forçado. Somos livres para fazer nossas escolhas.
E
são muitas as situações que pedem responsabilidade afetiva, pois é um tipo de
concessão obrigatória e primordial nas relações, pois nem todas as pessoas
conseguem ter noção do estrago que uma simples palavra mal colocada, uma
mensagem mal redigida ou esclarecida e, coisas do tipo, podem fazer na cabeça
de uma pessoa.
Quando
temos essa consciência fica mais fácil perceber que sou responsável pelo que
falo e faço, mas não pelo que o outro entende ou por suas ações. Somos seres
distintos e só por isso, já precisamos compreender que cada um vai reagir às
situações de uma forma, por este motivo devemos respeitar e sempre colocar a
empatia na frente. Eliminando também a tendência mais cruel do ser humano: os
julgamentos.
Enfim,
todo e qualquer tipo de relacionamento exige responsabilidade afetiva, seja
amizade, trabalho, irmãos, familiar, pai e mãe, filhos, amoroso.
Afinal,
nada mais é do que o cuidado que se deve ter com os sentimentos despertados em
outra pessoa. Não apenas em uma relação íntima. Ser responsável afetivamente é
ser honesto com seus sentimentos, intenções, expectativas. Transmitindo para o
outro as suas escolhas e acolhendo as escolhas alheias, com cuidado, respeito e
carinho.
Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista
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