Era 2 de setembro de 1945 na baía de Tóquio. Sobre o navio USS Missouri da marinha dos Estados Unidos o Japão assinava sua rendição dando fim à Segunda Guerra Mundial. Apesar desse triste e avassalador período da história mundial, que lições foram aprendidas? Poderia um conflito tão cruel deixar algum legado?
Gosto de citar a frase do historiador James J.
Sheehan para definir o quanto o conflito foi nefasto e cruel: “a guerra
deve ser evitada a todo custo e as democracias devem resistir à agressão".
Nunca poderemos nos esquecer das atrocidades cometidas na maior tragédia que a
humanidade presenciou desde os registros da escrita. Talvez a maior lição seja
o que a intolerância às etnias - a xenofobia - pode causar se não for
controlada, transformar-se em uma catástrofe, como foi o caso do Holocausto que
ceifou a vida de cerca de seis milhões de judeus.
Os impactos foram tão profundos que após seu fim
grandes líderes mundiais se motivaram a criar instituições que pudessem mediar
conflitos para garantir a paz mundial além de atuar na defesa dos Direitos
Humanos. O maior exemplo talvez seja a Organização das Nações Unidas (ONU),
criada em 1945 e o principal legado deixado por aquele período hoje com 193
países-membros.
As transformações ocorreram em quase todas as
áreas, sejam nas relações econômicas, sociais e políticas. Foi o caso da queda
dos grandes impérios coloniais, a exemplo França e Inglaterra, devido a crise
pós-guerra. Novas tecnologias foram desenvolvidas como o micro-ondas.
E, também, foi no período que se reforçou a
inclusão da mulher no mercado de trabalho, considerada grande conquista na
evolução da condição feminina na sociedade. Com a necessidade de as indústrias
produzirem artefatos para a guerra e os homens nos frontes de batalha, as
mulheres passaram a ser a alternativa para suprir essa lacuna de força de
trabalho.
Os impactos da guerra também atingiram a moda que
teve fortes mudanças nas vestimentas das pessoas, em especial das mulheres. Os
produtos foram destinados à fabricação de artefatos de guerra, a exemplo do
nylon que se usava para a fabricação de meias femininas e passou a ser
utilizado na fabricação de paraquedas.
A moda precisou ajustar-se com reaproveitamento de
tecidos e aviamentos mais baratos. As saias passaram a ser substituídas pelas
calças e macacões pela funcionalidade dessas peças, com bolsos grandes para que
as mulheres pudessem carregar de maneira fácil seus pertences no caso de bombardeios.
Inovações que foram perpetuadas.
Passaram-se 76 anos desde o fim da Segunda Guerra
Mundial, a história não parou, transformações ocorreram, as pessoas precisaram
adaptar-se às novas realidades e a aprender a viver com heranças deixadas pelo
conflito. As mudanças sociais, políticas, materiais e humanas demonstram a
extraordinária capacidade da humanidade superar grandes tragédias e reerguer-se
sobre alicerces da própria sobrevivência.
Que o ser humano possa construir a trajetória da
história futura sobre um caminho pavimentado pela democracia, por meio do
diálogo, do entendimento e respeito mútuo entre os povos e suas etnias.
Sérgio Giacomelli - escritor, engenheiro eletricista, nascido em São Miguel do Oeste/SC, passou a infância e a juventude entre a cidade e o campo. Viveu muitos anos em Ribeirão Preto/SP e na capital paulista, hoje segue a vida profissional em Belo Horizonte/MG. Apaixonado por pesquisas, é descendente de italianos e coloca essas particularidades no romance de época D'Angelo - O Viajante de Conca.
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