É evidente que a pandemia trouxe muitos impactos
às instituições de saúde do Brasil. O grande objetivo de qualquer hospital é,
por meio da gestão, controle e humanização do atendimento, oferecer serviços e
resultados de qualidade aos pacientes. No entanto, com a pandemia, muitos
gestores de hospitais, tanto públicos, quanto privados, tiveram de lidar com os
desafios impostos pelos custos operacionais necessários para manter os
hospitais abastecidos. Mas, como manter o alto nível de qualidade do cuidado em
meio a este cenário adverso?
Após uma análise sobre a variabilidade do cuidado
realizada em 468 hospitais, a organização Advisory Board pôde concluir que,
entregando cuidados em linha com as melhores práticas de hospitais de alta
qualidade, uma instituição com receita de US﹩ 1 bilhão pode
economizar cerca de US﹩29 milhões/ano. Nesse contexto, a variabilidade do cuidado
torna-se um grande gargalo quando o assunto são os dispêndios em saúde.
Agir na variabilidade clínica tem grande peso na gestão de custos. É necessário
começar a trabalhar essa questão primeiro avaliando as decisões que o
médico/equipes assistenciais estão tomando no dia a dia, bem como analisar o envolvimento
dos pacientes. Se o hospital leva em conta esses dois fatores em curso, podemos
dar início às atividades com o objetivo de ajustar cada vez mais as operações e
promover as discussões sobre como otimizá-las.
A solução para lidar com variações médicas é a
padronização, uma vez que os cuidados normatizados impactam em melhores
resultados aos pacientes, trazendo menos complicações, taxas mais baixas de
readmissão hospitalar, melhor desempenho e métricas baseadas em qualidade, que
estão ligadas ao reembolso. Desta forma, é imperativo que os provedores
apliquem seus conhecimentos baseados em pesquisas e medicina baseada em
evidências.
Tecnologia e alto nível de qualidade do cuidado
Para promover o alto nível de qualidade do
cuidado nos hospitais, o uso da tecnologia é extremamente importante para
controlar processos adequados que resultam no melhor atendimento. O hospital
digital e certificado, utiliza tecnologias no apoio à decisão clínica que
promove agilidade no processo e monitoramento da operação, importante
sinalizador para a gestão de custos. Aliado a isso, precisamos pensar ainda na
jornada do paciente e no direcionamento de esforços para obtermos uma linha de
cuidado. Isso significa buscar entender qual é o valor que estamos entregando
ao paciente. Precisamos otimizar os processos, a informatização e os
prontuários eletrônicos. Para isso, é necessário apoiar-se em tecnologias.
Desafios dos hospitais públicos e privados
do Brasil
Sabemos que existem muitas dificuldades nos
hospitais dos setores público e privado. Quando falamos em gestão, no geral,
existe um tripé principal que envolve pessoas, processos e tecnologias. A saúde
é um segmento que demanda intensiva mão de obra, e, para minimizar esses
custos, é fundamental investir em processos otimizados e recursos tecnológicos.
A ausência de investimento é uma grande
dificuldade para as instituições públicas, ou seja, investir em tecnologia fora
do prontuário eletrônico do paciente ainda é um grande desafio. Nesse caso, é
necessário oferecer enfoque na melhoria de processos e entregar valor para
promover a segurança do paciente e a qualidade do cuidado. Esses processos
minimizam o retrabalho e otimizam o tempo.
A necessidade dos gestores está relacionada à
tecnologia de sistemas que tenham interoperabilidade, além da discussão sobre
inovação na área da saúde e investimentos em recursos de suporte à decisão clínica . É preciso viabilizar uma linha de cuidado
contemplando o pré, o durante e o pós atendimento, para assim garantir
efetivamente um cuidado que considera o paciente como um todo. Embarcar em
tecnologia é, sim, uma questão de saúde.
Juliana Gomes - líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer
,
Health no Brasil.
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