Translator
Quem
diria que aquela loira simpática da pintinha no rosto seria lembrada por tanto
tempo? Marilyn é memorável, nunca ganhou um Prêmio Nobel, nem foi uma estrela
do rock, mas é lembrada por sua beleza, sensualidade e carisma. Já se passaram
59 anos sem Marilyn, e ainda vemos sua foto em marquises, lojas de decoração,
outdoors e até comerciais.
O que Marilyn diria se pudesse ver como sua imagem
repercutiu depois de tantos anos? Ficaria orgulhosa de saber que seus cabelos
loiros e seu incrível sorriso fazem sucesso até hoje? Ou ficaria decepcionada
que a lembrança de seu intelecto e talento nato para atuar acabou apagada por
sua própria sensualidade?
Bem, o fato é que a diva sempre quis ser eterna, e
sentia que não era lembrada o suficiente. Se elogiavam seu lado sexual, é
porque não levavam a sério seu talento como atriz dramática. Por outro lado, ao
atuar em um drama, Marilyn não podia deixar de transparecer seu lado lânguido e
quente.
Poucos sabem é que a loira ingênua e sexy que
aparece nas telas trabalhou duro por muitos anos para criar uma personagem que
ganhasse a paixão do público. Frequentou aulas de atuação, leu muitos livros,
cursou Literatura Mundial em um intensivo de dez semanas... E de fato conseguiu
se tornar uma excelente atriz dramática, e não há exagero nessa afirmação.
Duvida? Repare em filmes como “Almas Desesperadas", "Torrentes de
Paixão” e “Os Desajustados”. Marilyn entrega uma performance excelente em todos
eles, mostrando conseguir ser uma atriz séria quando preciso.
Porém... uma atriz séria não era bem o que
Hollywood queria dela. Queriam ver seu vestido levantando sobre a saída de
ventilação do metrô, queriam vê-la chamando um mordomo de garçom, queriam vê-la
como uma secretária bonita e ingênua chegando atrasada e se desculpando ao
chefe por não ter uma boa “pontuação”.
Ser Marilyn Monroe às vezes era tão cansativo que
ela por vezes pensava em desistir de tudo e simplesmente se ater às suas
tarefas de esposa – sim, Marilyn amava a ideia de cuidar da casa, de ter
filhos, esperar seu marido chegar do trabalho e recebê-lo com um abraço e um
beijo. Ela deixou isso claro em muitas cartas e páginas de diário, afinal,
amava escrever. Apesar de tudo isso, acabou cedendo aos caprichos da mídia e
dos diretores e decidindo dar tudo de si como a loira gostosona que todos
queriam.
Marilyn morreu aos 36.
Estava cansada. Todas as tentativas de ter filhos
haviam falhado. Não tinha mais marido. Nenhum dos parceiros que tivera soube
dividi-la com o mundo. Podemos dizer que, ao menos em um aspecto, ela conseguiu
enfim atingir seu objetivo, talvez em um nível que jamais poderia sonhar: ter
seu nome, seu sorriso, suas curvas, seu cabelo, sua pintinha e seu glamour
lembrados por muitas décadas.
Para todos os efeitos, Marilyn Monroe se esforçou
tanto para dar seu melhor – não para seus maridos, nem para os chefões de
Hollywood, nem para o presidente – mas para seu público. Desejava o mundo tanto
quanto nós a desejamos. E por todos esses 59 anos, e com certeza por pelo menos
mais 59, ela foi e será... nossa.
Lucas Martini - professor de inglês há mais
de dez anos. Descendente de italianos, viajou para a Europa em 2015 e pôde
aprender bastante sobre a cultura inglesa. Amante de filmes dos anos 1940 e
1950, adora escrever contos e romances ficcionais com grandes personalidades do
mundo real. O pai de Marilyn Monroe é seu primeiro livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário