Todos já nos conscientizamos sobre os efeitos da
pandemia no Brasil e no mundo. Enquanto médicos e cientistas correm contra o
tempo para consolidar um tratamento mais efetivo contra a Covid-19, a população
se resguarda em casa, para reduzir o contágio. Porém, esse cenário vem causando
reflexos preocupantes na economia. É certo que enfrentaremos nos próximos meses
uma recessão de grande escala. Segundo a previsão do governo federal, estima-se
que o Produto Interno Bruto (PIB) para o ano, reduzirá drasticamente, e isso
causará impacto nas empresas e em todos os setores.
No primeiro momento, a prioridade deve ser
preservar as vidas. É o mínimo que deve ser feito. Porém, é preciso ter um
equilíbrio na tomada de decisão, especialmente pela pressão nos líderes e governantes.
É necessária uma análise técnica ponderada do cenário atual.
Do ponto de vista econômico, em 2019, o PIB do
Brasil fechou em R$ 7,3 trilhões de acordo com o IBGE, e a arrecadação foi
R$ 2,5 trilhões, conforme o Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo.
Ou seja, o estado arrecadou cerca de 34,2% do PIB. Quando se tem uma previsão
inicial de queda de PIB de 5% sobre o previsto, estamos falando de cerca de 365
bilhões. A arrecadação em cima desse valor seria de R$125 bilhões, mas na ausência
dessa produção, não há arrecadação proporcional.
Sobre a saúde pública, segundo o portal da
transparência, em 2019, o orçamento para a área foi de R$114 bilhões. Estima-se
que o SUS abrange regiões do país que somadas possuem, aproximadamente, 150 milhões
de pessoas beneficiadas. Segundo o jornal científico The Lancet, em 2018
morreram no Brasil 153 mil cidadãos por falta de estrutura relativa à saúde
pública, e, entre esses, 51 mil faleceram por falta de acesso.
O sistema de saneamento básico também requer
atenção. Em 2019, o orçamento para o setor foi de apenas um bilhão de reais. E,
segundo o Ministério da Saúde, morreram nos últimos dez anos, 73 mil pessoas,
uma média de 7,3 mil por ano. Conforme a Agencia Reguladora de Serviços de
Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais
(ARSAE-MG), esse número pode chegar a 15 mil. Isso em um cenário com o qual já
estávamos acostumados. Com os avanços da pandemia, a estimativa de mortes,
infelizmente, aumenta. E ainda, os investimentos serão menores.
Se a queda no PIB ficar em 5%, serão perdidos R$
125 bilhões de arrecadação, mais do que o orçamento de um ano da saúde pública,
que, com os recursos disponíveis, já não atende a todos com eficácia.
Esses números são apenas alguns exemplos de como
devemos analisar a questão com um olhar mais abrangente e racional para que
possamos agir com o equilíbrio que o momento requer.
Além de ter essa visão quanto as perspectivas do
país, os empresários ainda precisam redobrar a atenção com relação a quatro
pontos, que são fundamentais para o desenvolvimento das empresas: seus
colaboradores, clientes, cadeia de suprimentos e finanças. Por isso, algumas
medidas, são essenciais nesse cenário, como: criar comitês de crise
especializados nessas temáticas, que serão responsáveis por elaborar planos de
contingência e tomar medidas como: antecipação de férias, e redução das
jornadas de trabalho mantendo forte comunicação com os colaboradores e sendo
transparente; antecipação de possíveis rescisões de contratos, aproximação com
os clientes; análise de produtos substitutos na cadeia de suprimentos; e outras
ações focadas em redução de custos.
Além disso, direcionar uma equipe para apoiar o
setor financeiro, fazendo análises criteriosas e detalhadas: custos
operacionais devem ser reduzidos de acordo com a proporção das perdas em
receitas; deve-se aproveitar pra fazer análise mais criteriosa se há falhas de
produtividade ou eficiência operacional. Despesas administrativas como viagens,
energia, água e vale-transporte devem ser naturalmente reduzidas, mas devem ser
restringidos ainda gastos como aluguel, entregas e deslocamentos. É necessário
rever o diferencial competitivo e revisitar o plano de marketing e vendas e
avaliar se há necessidade de ajuste, na cartela de produtos ou serviços.
Os canais de venda deverão ser direcionados para as plataformas digitais.
É preciso analisar o que está prosperando para direcionamento do target. Outros
investimentos com visão de longo prazo devem ser mantidos e cortados apenas
alguns de menor impacto e de curto prazo.
Esse é um momento para manter
o equilíbrio e a racionalidade, e para identificar oportunidades que possam
recuperar e retomar a longevidade dos negócios.
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