É possível dizer que a crise com o COVID-19 pegou o
mundo de surpresa. Da noite para o dia, mudamos hábitos, alteramos radicalmente
o modelo de produção dos negócios - sejam eles de pequeno, médio ou grande
porte. Os governos passaram a buscar novas alternativas para a economia, a
saúde, a segurança e tantos outros assuntos. O PIB nacional, que tinha previsão
de crescimento, passou a ter previsão negativa. Bolsas de valores despencaram.
As percepções dos sentimentos de insegurança e de medo aumentaram, ao mesmo tempo
que a fé e o senso de coletividade também. Diante desse cenário, a figura do
líder nunca foi tão importante e requisitada em todos os setores: do
empresarial, do governo, do terceiro setor, de instituições religiosas e
familiares.
Como ter respostas assertivas, criativas e
humanizadas? Ser resiliente? Ter foco? Passar confiança e inspirar? Um desafio
e tanto que se pode dizer que faz parte do conjunto de características de um
líder. Porém, nesse momento, a diferença é que novos fatores foram incluídos,
como, por exemplo, a velocidade e a qualidade das respostas à crise. Ou seja, a
tomada de decisão, que será responsável pela manutenção do negócio, o cuidado
com as pessoas e o pronto atendimento as necessidades da sociedade. Sendo
assim, a grande questão é o equilíbrio entre essas características do líder e o
tempo, a velocidade e a capacidade de revisão de rotas para ajustar e gerenciar
as perdas.
A velocidade exige mais precisão e pode ser
encontrada na capacidade analítica, na organização de dados, na utilização de
ferramentas tecnológicas, na escuta ativa e na colaboração do time. Mas para
que isso surja efeito, o foco deve ser compartilhado e traduzido em metas e
ações claras - por meio de uma comunicação eficaz, com canais de fácil acesso.
E como fazer tudo isso a distância, em um modelo de trabalho que em poucos dias
atrás não se aplicava? É aí que entra a capacidade de mudança e adaptação de
todos. O líder precisará não só incorporar e aprender, mas também buscar formas
de “humanizar” o virtual, que nesse momento, também, passa por grande mudança
de uso e apropriação, já que anteriormente a relação da “máquina” com a pessoa
era quase que uma intimidade. Atualmente, essa mesma máquina (laptop,
celular, etc) que o conectava ao seu universo particular e idealizado, passa a
ser, ao mesmo tempo, a sua ferramenta de trabalho e de todos os tipos de
relacionamentos, seja de atuação por meio de reuniões e congressos, a lazer e
realização de encontros familiares - festas como aniversários, entre outros.
Nesse sentido, no âmbito do mundo do trabalho é
possível criar uma rotina de conversas, pontos de checagem, momentos de
integração como cafés virtuais, incluir meditação, buscar formas alternativas
de escutas que acolham as diferentes necessidades, pois todos precisam
sentir-se seguros, acolhidos e ouvidos presencialmente ou a distância. Nesse
momento as fragilidades são maiores do que parecem ser!
E depois do fator tempo, aparece o fator cuidar.
Nesse caso, o cuidar de si próprio e do outro, pois humanizar começa da
pessoa para a organização e não ao contrário. Por isso, pergunte-se: você está
investindo tempo suficiente cuidando de si mesmo? Por exemplo, meditando,
se autoconhecendo, praticando atividade física e se alimentando bem para que
você possa ser a melhor versão de si mesmo liderando os outros? Como você vai
medir seu próprio desempenho? Como quer que sua liderança seja lembrada depois
dessa crise?
O líder em tempos de gestão de crise, entre outras
competências, precisa ser resiliente. Resumidamente, a resiliência pode ser
compreendida como a capacidade de pessoas e organizações superarem à crise e
construírem ações positivas a partir de eventos negativos. Isso permitirá a
construção de novos aprendizados, o fortalecimento do negócio, das pessoas e
contribuirá com a percepção positiva da empresa perante a sociedade. O que vai
mudar o mundo é o propósito, as boas estruturas organizacionais, as boas
lideranças, os bons processos decisórios, as boas relações de cooperação e as
boas intenções seguidas de práticas!
Taiana Jung - Gestora Técnica. É Mestre em Estudos
Populacionais e Pesquisa Social (ENCE/IBGE), Personal Coach (Sociedade
Brasileira de Coaching), Mediadora de conflitos (Escola de Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro), Especialista em Organização Espacial do Rio de
Janeiro e Licenciada em Geografia (UFF). No setor público, foi chefe do Centro
Social da Fundação Leão XIII. Na área acadêmica, já atuou como Professora no
curso de graduação em Geografia (UERJ-FFP) e como Pesquisadora convidada do
Departamento de Endemias (ENSP/Fiocruz). Compõe o grupo de orientadores do
CIEDS. Atualmente, é gestora do Grupo de mulheres “Somos Empreendedoras”, com
mais de 160 participantes em Niterói. Desde 2008, é sócia gerente da Logos
Consultoria, na qual exerce a função de diretora técnica.
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