O momento delicado que estamos vivendo exige muita serenidade,
bom senso e adequação às mudanças necessárias para superar as eventuais
adversidades que podem surgir durante a quarentena. Nesse contexto, saber o que
fazer com o seu filho caso ele tenha um surto junto à família em confinamento
ajuda a minimizar os impactos associados à histeria coletiva causada pela pandemia.
Veja com as dicas do dr.
Marcel Vella Nunes, psiquiatra do Hospital Santa Mônica, como enfrentar os
riscos que o confinamento oferece à saúde mental, principalmente para pessoas
que já foram diagnosticadas com doenças mentais, como esquizofrenia. Saiba como
identificar um surto psicótico, acompanhar a evolução dos
sintomas e diferenciar os sinais que exigem a busca de apoio profissional. Boa
leitura!
Quais são os riscos que o confinamento oferece?
O impacto da Covid-19 na vida das pessoas pode ser estressante
em diferentes sentidos. O confinamento pode gerar situações de medo e de
ansiedade tanto em adultos quanto em crianças. Como o homem é um ser social,
essas mudanças repentinas no estilo de vida podem gerar o desequilíbrio das
emoções e promover esse tipo de comportamento.
É necessário saber lidar com o estresse e com a ansiedade
excessiva resultantes do isolamento social. Ainda que o confinamento seja uma
importante medida preventiva de redução do risco de disseminação do coronavírus,
isso pode afetar significativamente a estabilidade mental das pessoas.
Essa situação requer um cuidado especial, principalmente com os
indivíduos portadores de doença mental. Sob essas condições — a incerteza
quanto à resolução dos problemas associados à doença —, os pacientes com
diagnóstico confirmado de distúrbios psíquicos podem se sentir mais
pressionados pelas circunstâncias. Além do mais, o receio de contaminação pelo
novo vírus somado ao aumento da solidão podem gerar outras complicações.
Nesses tempos de incerteza, buscar ajuda profissional pode ser
uma importante estratégia para a redução do impacto do confinamento — tanto
sobre a saúde do paciente quanto de seus familiares. Dados de um estudo publicado pela Reuters
destacou que quase 43% dos chineses entrevistados tiveram algum tipo de
episódio de ansiedade durante o surto de coronavírus naquele país nos últimos
meses.
A preocupação excessiva com o contágio pode perturbar a mente de
pessoas que já apresentam distúrbios como o Transtorno Obsessivo Compulsivo
(TOC), principalmente quando existe a obsessão doentia por hábitos de higiene.
Essas questões ligadas às desordens emocionais são muito preocupantes,
sobretudo diante de pandemias com um grande potencial de mortalidade — como é o
caso da Covid-19.
Como identificar um surto psicótico?
A psicose é uma condição
clínica que sempre esteve presente ao longo da história da humanidade. No
início do século XX, o francês Michel Foucault tentou explicar os surtos
psicóticos em uma de suas obras mais famosas: a “História da Loucura”. Segundo
o autor, a loucura pode ser definida como um estado mental que leva à ruptura
com a realidade e se manifesta por meio de delírios ou alucinações.
Nas últimas décadas, o avanço das ciências médicas confirmou
algumas das teorias de Foucault, já que o indivíduo com surto psicótico pode
apresentar muitos sintomas que antes eram associados à loucura. Diferentes
distúrbios psiquiátricos, no entanto, podem apresentar manifestações em comum,
o que exige a observação mais atenta dos sintomas e a busca de suporte
profissional para ajudar esses pacientes.
Para facilitar a compreensão do tema, destacamos algumas
características que são mais prevalentes nesses casos. É preciso encaminhar o
paciente para tratamento para a superar os sintomas do surto psicótico quando
ele apresenta:
- tontura;
- insônia;
- taquicardia;
- alucinações;
- agressividade;
- desorientação;
- fuga da realidade;
- crises depressivas;
- despersonalização;
- perda de identidade;
- episódios de paranoia;
- visão de pessoas imaginárias;
- visão de sombras ou flashes de luz;
- mania de ouvir vozes e ameaças que ninguém mais ouve.
Como ajudar o seu filho no caso de um surto?
Crianças, adolescentes e jovens podem ser influenciados
pelo comportamento dos adultos. Em ambientes em que os pais conseguem lidar com
o confinamento imposto pela situação atual com mais serenidade,
responsabilidade e confiança, é mais fácil encontrar soluções para algumas
dificuldades que podem surgir.
Os pais precisam manter a calma para fornecer um suporte
adequado aos filhos, principalmente quando há membros da família com distúrbios
psicológicos ou doenças mais graves. Nesse momento delicado, os jovens podem
entrar em pânico por diferentes motivos. O excesso de informações duvidosas, as
inúmeras fake news e a exposição excessiva às redes sociais podem
gerar o medo do vírus se espalhar em casa e matar a família inteira, por
exemplo.
Essa situação se configura como uma emergência psiquiátrica, o
que sugere que a melhor opção é a internação para evitar que o quadro evolua
para condições mais graves e coloque toda a família em risco.
O Hospital Santa Mônica está tomando medidas de promoção do
controle da pandemia. Para proporcionar mais bem-estar e segurança aos
pacientes e seus familiares, oferecemos diferentes modalidades de
internação.
Nossa equipe multiprofissional é formada por especialistas em
Clínica Médica, Psiquiatria, Psicologia, Terapia Ocupação, Enfermagem e outras
áreas focadas na reabilitação da saúde integral dos nossos pacientes.
Em atendimento aos protocolos sanitários, as visitas estão
suspensas, mas há a permissão de contato telefônico com a família no momento em
que o paciente desejar. Durante o tratamento, o paciente recebe todo o suporte
necessário, carinho e atenção de nossos especialistas em Saúde Mental.
Como você pôde perceber, a intrínseca relação entre o isolamento
social e o surto psicótico exige mais cuidados para minimizar os reflexos do
confinamento. A falta de atenção aos sintomas de manifestação psíquica pode
gerar os mais variados problemas de saúde. Isso pode incluir pânico desnecessário e perdas relacionadas ao
relacionamento familiar, afetivo, escolar ou profissional.
A busca
por apoio profissional em uma instituição especializada na recuperação da saúde
mental pode representar mais chances de superar os sintomas do surto psicótico.
Encaminhar o paciente a uma avaliação diagnóstica e iniciar o tratamento o quão
antes são formas seguras de reabilitar a saúde mental e física de quem enfrenta
esse problema.
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