Os
prejuízos à economia mundial em virtude da pandemia do novo Coronavírus são
muito preocupantes, sobretudo no que diz respeito ao comércio internacional. De
acordo com estudos divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC),
haverá uma queda na atividade econômica entre 13% e 32% em 2020.
A
entidade acrescentou ainda que não há como antecipar exatamente as perdas, já
que a situação não tem precedentes recentes. Economistas da OMC acreditam que o
declínio mercantil excederá a crise financeira global de 2008-2009.
O
comércio internacional já havia desacelerado 0,1% em 2019, mesmo antes da
pandemia se concretizar. Algumas tensões levaram a essa baixa, tais como a
disputa comercial entre Estados Unidos e China, a saída do Reino Unido da União
Europeia, as apreensões causadas pelo Irã e que afetaram o mercado de petróleo
e a queda nas atividades em países em desenvolvimento da América Latina.
A OMC
espera uma recuperação do comércio internacional em 2021, mas alerta que o
sucesso depende da duração do surto da Covid-19 e da eficácia das respostas
políticas. Num cenário mais otimista, relatam que o avanço das importações e
exportações no próximo ano seja de 21%. Contudo, não se trata de um crescimento
em si, mas do restabelecimento da economia em patamares anteriores à pandemia.
Numa
visão mais pessimista da entidade, a economia global terá queda de 31,9% em
2020 e poderá se restabelecer 24% em 2021. Assim, nota-se uma diferença
significativa que provocará danos em todos os setores; sejam eles ligados
direta ou indiretamente à atividade comercial entre países.
Reflexos
internos
Para
os três estados do Sul do Brasil - levando-se em consideração as informações
obtidas no Comex Stat, um sistema para consultas e extração de dados do
comércio exterior do país – nota-se que a pandemia também tem causado reflexos
diretos.
Nos
três primeiros meses de 2019, o Paraná exportou US$ 4.031 bilhões. No mesmo
período de 2020 a quantia foi de US$ 3.850 bilhões, queda de 4,48%. No Rio
Grande do Sul, as exportações no primeiro trimestre de 2019 somaram US$ 4.860
bilhões, enquanto em 2020 foram de US$ 2.717, diminuição de 44,10%.
Santa
Catarina, por sua vez, foi o estado que obteve resultados positivos no mesmo
período. Em 2019 as exportações contabilizaram US$ 2.300 bilhões, enquanto em
2020 o montante ficou em R$ 2.503 bilhões, crescimento de 8,84%.
Comparando
as importações dos três meses iniciais de 2019 e 2020, o Paraná diminuiu em
6,7%; Rio Grande do Sul caiu em 28,80% e Santa Catarina ampliou as importações
em 3,55%.
Dessa
forma, observa-se que o comércio internacional do Brasil já foi atingido pelo
impacto da Covid-19. Os números mais alarmantes deverão surgir a partir de
abril e maio, em virtude da paralisação das atividades determinadas por
decretos de governo.
Vale
ressaltar que as medidas de isolamento social para diminuir o avanço do novo
Coronavírus tem sido a melhor opção. O Banco Mundial – instituição financeira
que faz empréstimos a países em desenvolvimento – emitiu um documento
observando o fluxo de comércio de itens médicos e de alimentos entre as nações
e destacou o Brasil, no que se refere às melhores práticas.
Por
outro lado, não há dúvidas que de a busca dos produtos brasileiros será bem
maior quando a pandemia for controlada. Todavia, é necessário cautela para que
o saldo na balança comercial não fique no vermelho e castigue ainda mais a
economia nacional.
Arthur Achiles de
Souza Correa - advogado, especialista em Direito Empresarial e Internacional,
tem MBA em Negócios Internacionais e Comércio Exterior pela FGV. Foi Membro da
Câmara Britânica de Comércio entre 2008 e 2019 e atua com Direito Tributário,
Aduaneiro e Internacional há 18 anos. Informações
pelo arthurascorrea@hotmail.com ou pelo Instagram @aasc.trade.law.
[1] Dados obtidos em: https://www.wto.org/english/news_e/pres20_e/pr855_e.htm;
2
Dados
obtidos em: https://www.worldbank.org/en/topic/trade/brief/trade-and-covid-19
Nenhum comentário:
Postar um comentário