Estabelecer
uma rotina e procurar auxílio médico ou psicológico, ao lado de práticas
alternativas, podem contribuir para a saúde mental durante o isolamento social
Com
o isolamento social recomendado pelo Ministério da Saúde há algumas semanas,
lidar com a saúde mental tornou-se um desafio. Para o psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da
Construção), Clemente Soares Neto, por não haver previsão de melhora na
situação atual ou por quanto tempo o isolamento irá se prolongar, é importante
se estabelecer uma rotina, pois novas necessidades são impostas.
“Nosso
emocional se depara com uma nova situação, o que gera ansiedade. Ficar em casa,
trabalhar, atender os filhos, estar atento a parentes e familiares, às vezes
idosos com outras enfermidades, tudo isso exige demandas práticas e emocionais
intensas”, explica o médico.
Neste
contexto, conciliar o traballho e a atenção às crianças pequenas demanda um
esforço e comprometimento ainda maior. “Em casos como esses, é preciso se
adaptar, criar maneiras de descontrair ludicamente as crianças, com linguagem
acessível, além de prestar atenção ao sono e ao apetite. Tudo com muito afeto,
pois, assim como para os adultos, também é uma situação atípica para as
crianças, que podem sentir ainda mais essa mudança”.
O
isolamento tende a exercer maior impacto emocional quando já existe
predisposição para transtornos mentais, como depressão ou ansiedade. O dr.
Clemente comenta que as pessoas que já enfrentam patologias como essas e
estavam estáveis, com o isolamento social, tendem a ter uma piora nos casos.
“Ajuda profissional médica ou psicológica será fundamental, ao lado de práticas
alternativas como relaxamento, meditação, exercícios físicos, entre outros”.
Para pessoas que não se sentem confortáveis em locais fechados ou sofrem de
claustrofobia, a recomendação é que se encontrem espaços e situações que
diminuam essa sensação, mesmo que seja uma simples janela aberta.
Enquanto
não se descobre a cura para o novo vírus, é fundamental identificar quando a
tecnologia pode ser aliada e quando ela pode interferir na saúde emocional.
Para o médico, manter-se informado é muito importante, mas sem submeter-se a um
bombardeio de informações alarmistas. “Saber triar as notícias, suas fontes e
inteirar-se em determinados horários do noticiário é uma forma de proteção,
principalmente se você for ansioso, depressivo ou influenciável”.
Apesar
das incertezas comuns a todos no contexto da pandemia, Dr. Clemente afirma que
a quarentena pode provocar mudanças positivas nos hábitos e na perspectiva de
vida, desenvolvendo a capacidade de enxergar melhor o outro como igual, mesmo
que em situação diferente, além da percepção de nossas próprias fragilidades.
“Somos capazes de superar uma situação altamente aflitiva. Circunstâncias
adversas, pessoais ou coletivas, agora ou em qualquer época, por mais difíceis
que sejam, irão acabar”, complementa.
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