Sobre
tratamentos e inclusão de usuários de drogas
Professor da pós-graduação em Saúde Mental, Álcool e Outras
Drogas, do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), explica sobre
fatores que levam à dependência química e aleta sobre os danos com o uso
abusivo das drogas
O
último Relatório Anual do Departamento de Drogas e Crime da Organização das
Nações Unidas (ONU), divulgado em 2017, diz que cerca de 5% da população
mundial usaram drogas pelo menos uma vez nos últimos anos. O documento também
relata que, aproximadamente, 30 milhões de pessoas dependem do narcotráfico até
precisarem de tratamento. Para alertar sobre o uso abusivo de drogas, a ONU
escolheu o dia 26 de junho como o Dia Internacional do Combate às drogas.
As
motivações que levam uma pessoa a consumir drogas dependem do estilo de vida
que ela possui. Segundo o psicólogo, professor e coordenador da pós-graduação
em Saúde mental, álcool e outras drogas do Instituto de Desenvolvimento
Educacional (IDE), Paulo Aguiar, situações de
extremo estresse, ansiedade e alteração de humor são fatores que podem levar um
indivíduo a fazer uso de drogas. Os tipos de substâncias que afetam mais ou
menos as pessoas dependem do estado emocional de cada um, pois a experiência
com elas é totalmente pessoal e singular.
“Um
sujeito pode fazer uso do álcool em determinado momento e não ter nenhum
problema. Mas outro, que vive em circunstâncias diferentes, pode sofrer grandes
consequências ruins. Já as pessoas em situação de rua, sem nenhuma perspectiva
de futuro, terão muitos danos com qualquer tipo de droga”, explica o
especialista. Por ser uma fase de transformações no corpo e na mente, a
adolescência é o momento em que as substâncias psicoativas podem provocar
sérios danos a um indivíduo.
Por
exemplo, um jovem que começa a fazer uso do com 12 anos, a possibilidade de ter
problemas é maior do que outro que começa aos 18 anos. Quanto mais cedo as
pessoas iniciarem alguma experiência com drogas, maiores as chances de terem
problemas e virarem dependentes. No caso do álcool, há um outro desafio, pois é
excluído das campanhas sobre drogas e a forte investimento publicitário das
industrias do setor. Mas o álcool é o responsável por grande parte dos
acidentes fatais no trânsito, mortes por motivos banais, violência doméstica
contra mulheres, crianças e adolescentes e rupturas nas relações pessoais.
IDENTIFICANDO
O DEPENDENTE – “O uso problemático de drogas ou a
dependência química pode ser identificado pelo próprio sujeito ou por pessoas
próximas, geralmente os familiares. Sinais como o desinteresse por outras
atividades, a quebra de vínculos familiares e sociais, perda de emprego ou não
se fixar em nenhuma atividade profissional por muito tempo e o desinvestimento
em projetos de futuro podem ser percebidos por quem está perto”, alerta o
psicólogo Paulo Aguiar.
A
busca de prazer e a sensação de bem-estar com uso recreativo dessas substâncias
não é um problema quando não atrapalha as atividades profissionais e os
vínculos sociais da pessoa. Segundo o especialista, estamos acostumados a
entender o uso de drogas como sempre sendo algo ruim. Por isso, é importante as
famílias falem sobre drogas corriqueiramente para diminuir os pré-conceitos,
buscar mais informações e tratar o assunto de forma séria e sem estigmatização.
Opções de tratamentos para usuários de drogas
Existem
diferentes tipos de tratamento para pessoas que possuem problemas com drogas,
envolvendo perspectivas científicas e religiosas. O modelo biomédico, onde a
medicina aponta para a necessidade da abstinência total dando enfoque as
questões orgânicas e genéticas, foi predominante durante muito tempo. O
tratamento religioso aponta também para a necessidade de abstinência total,
apontando como principal motivo do sujeito fazer uso de drogas é o seu
afastamento de Deus. “Assim, o tratamento passa por uma conversão e não tem
nada de científico. Esses dois modelos apontam também para o uso da internação,
mesmo sem a vontade do paciente”, comenta o professor do IDE.
Outra
perspectiva de tratamento é a psicossocial, que aponta para um entendimento que
não existe sociedade sem drogas e que precisamos aprender a conviver com
pessoas que fazem uso e podem vir a ter problemas, ou seja é inevitável o uso
de drogas numa sociedade e a proibição é o grande problema. “Nessa perspectiva,
a estratégia é a redução de danos, onde o tratamento deve ser feito em
liberdade, pois o indivíduo pode até ser internado, mas um dia voltará para o
lugar onde teve contato com as drogas. Nessa visão, o foco não é a droga, o foco
é o sujeito”, explica Paulo.
De
acordo com Paulo, não se combate o vício. “Combate a ideia de guerra, e numa
guerra se elimina inimigos. Os usuários de drogas não são inimigos da
sociedade. Qualquer política de drogas deve trazer informações e conhecimento
sobre o assunto para acabar com conceitos pré-estabelecidos sobre o assunto,
pois assim podemos ter uma discussão séria sobre o uso das drogas e ajudar quem
enfrenta problemas a retomar sua vida em social”, finaliza. Profissionais
interessados em se especializar no tema, a pós-graduação em Saúde mental, álcool e outras drogas está com matrículas abertas e previsão da próxima turma
para ser iniciada em setembro. Mais informações: www.idecursos.com.br e (81) 3465.0002
e 0800 081 3256.
Nenhum comentário:
Postar um comentário