A doença afeta 6,9% da população. Especialista
analisa os principais fatores de risco
Dia 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes. Segundo
dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), hoje existem mais de 13
milhões de brasileiros vivendo com a doença, isso representa 6,9% da população.
A má notícia é que esse número não para de crescer. “A diabetes é uma doença
crônica, em que há deficiência de produção e/ou ação da insulina”, comenta o
médico endocrinologista do Docway, Dr. Áureo Chaves. Para entender melhor a
doença, o especialista explica que insulina é o hormônio responsável pelo
controle de glicose (açúcar) no sangue. O corpo precisa da insulina para a
utilização da glicose obtida por meio dos alimentos como fonte de energia.
Quando a pessoa tem diabetes, esse trabalho é afetado. Com o nível
de glicose no sangue elevado (hiperglicemia) por longos períodos, podem haver
danos mais graves em órgãos, vasos e nervos. Segundo o médico, muitos
brasileiros têm a doença e não sabem. “Uma boa parte da população convive com a
diabetes e não sabe. Por esse motivo, é importante entender a doença, seus
fatores de risco e tratamentos. Quando controlada, ela não oferece maiores
riscos a nossa saúde”. E, agora você deve estar se perguntando: Posso ter
diabetes? Segundo o Dr. Áureo Chaves existem dois tipos principais de diabetes
e seus fatores de risco, os quais devemos ficar atentos.
O diabetes mellitus tipo 1,
que concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença,
aparece geralmente na infância ou na adolescência, podendo ser diagnosticado em
adultos. Esse tipo de diabetes é uma doença autoimune, isto é, ocorre
devido a produção equivocada de anticorpos contra as nossas próprias células,
neste caso específico, contra as células beta do pâncreas, responsáveis pela
produção de insulina. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo
da pessoa, com isso a glicose fica no sangue, em vez de ser usada nas células
como fonte de energia.
“Não sabemos exatamente o que desencadeia esta produção equivocada
de auto anticorpos, mas sabe-se que há um fator genético importante. Todavia,
só a genética não explica tudo, já que existem irmãos gêmeos idênticos em que
apenas um deles apresenta diabetes tipo 1. Imagina-se que algum fator ambiental
seja necessário para o início da doença. Entre os possíveis culpados podem
estar infecções virais, contato com substâncias tóxicas, carência de vitamina
D, e até exposição ao leite de vaca ou glúten nos primeiros meses de vida. O
fato é que em alguns indivíduos, o sistema imunológico de uma hora para outra
começa a atacar o pâncreas, destruindo-o progressivamente”, explica o
endocrinologista.
Já o diabetes mellitus tipo 2 é uma doença que também
apresenta algum grau de diminuição na produção de insulina, mas o principal
problema é uma resistência do organismo à insulina produzida, fazendo com que
as células não consigam captar a glicose circulante no sangue. Ela ocorre em
cerca de 90% dos casos, é o tipo mais comum de diabetes. A diferença aqui, é
que ela se manifesta com mais frequência em adultos, mas crianças com problemas
de obesidade, sedentários e com histórico familiar de diabetes, também podem
desenvolver a doença,
Dr. Chaves explica que o excesso de peso é o principal fator de
risco para o diabetes tipo 2. O modo como o corpo armazena gordura também é
relevante. Pessoas com acúmulo de gordura predominantemente na região abdominal
apresentam maior risco de desenvolver diabetes. “O diabetes tipo 2 vem muitas
vezes acompanhado por outras condições, incluindo hipertensão arterial e
colesterol alto. Esta constelação de condições clínicas (hiperglicemia,
obesidade, hipertensão e colesterol alto) é referida como síndrome metabólica,
sendo um grande fator de risco para doenças cardiovasculares”, detalha.
Além da obesidade e do sedentarismo, há outros fatores de risco
para o diabetes tipo 2: idade acima de 45 anos, histórico familiar de diabetes,
hipertensão arterial, história previa de diabetes gestacional, ovário
policístico, Tabagismo, dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos e pobre
em vegetais e frutas. Se você se enquadra em algum desses casos, o Dr. Áureo
Chaves recomenda a busca imediata por um médico endocrinologista. “Quanto mais
cedo a doença for diagnosticada, mais rápido será o início do tratamento e
melhor qualidade de vida terá o paciente". O diagnóstico da doença é
simples, um exame de sangue pode dizer se você tem ou não diabetes. Com uma
gota de sangue já é possível saber se há alteração no nível de glicemia, caso
ela seja considerável, outros exames confirmariam o diagnósticos. A glicemia
normal, estando em jejum, não deve ultrapassar 99mg/L e duas horas após uma
refeição até 140mg/L.
Após o diagnóstico positivo para doença, é importante controlar o
nível de glicose no sangue do paciente para evitar complicações. Além dos
medicamentos, que ajudam nesse controle, existem outra atitudes que podem ser
tomadas para uma melhor qualidade de vida e controle da doença.
Alimentação
saudável é fundamental, principalmente para quem tem diabetes, regular a
quantidade de doces usando de preferência os dietéticos, gorduras mono e
poli-insaturadas e carboidratos complexos integrais ingeridos ao longo do dia,
ajudam nesse controle. Exercícios físicos regulares ajudam a baixar essas taxas
de glicose no sangue, e eles não precisam serem feitos na academia, caminhadas
e bicicleta são boas opções.
Se você tem diabetes e fuma, o médico aconselha a tentar parar,
pois esse hábito acelera os problemas relacionados ao diabetes, porque diminui
não só o fluxo sanguíneo como o oxigênio das células. Em alguns casos já com a
doença avançada além da dieta, atividade física e antidiabéticos orais, será necessário
uso injeções de insulina para melhor controle da doença, mas tudo isso é
recomendado por um especialista e cada caso será analisado individualmente.
“Atualmente graças aos avanços no campo da ciência, conseguimos tratar cada
caso de maneira eficiente, mas é claro, que precisamos da ajuda do paciente.
Mudar para um estilo de vida saudável é importantíssimo para que você possa
conviver melhor com a doença e sem grandes riscos”, finaliza o especialista.
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