Dados apontam que capacitação melhora não
só a percepção desses candidatos, como também a empregabilidade e remuneração
dos estagiários
Se
o mercado de trabalho está acirrado para todos os brasileiros, para os jovens o
desafio é ainda maior – dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), demonstram que mesmo com a leve queda no segundo semestre de 2017, a
faixa etária de 18 a 24 anos ainda representa a parcela mais atingida pelo
desemprego: atualmente, 27,3% desses trabalhadores encontram-se desocupados.
Num momento no qual as empresas priorizam a mão de obra qualificada, a estratégia
para vencer a falta de experiência profissional e conseguir uma vaga tem sido
investir em capacitação, especialmente em cursos de especialização e
idiomas.
É
o que revela um estudo realizado pela Companhia
de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de
estágio e trainee, que ouviu 2.193 estudantes de todas as regiões do Brasil. De
acordo com seu levantamento, mais de 46% dos entrevistados apostaram no
aprendizado de uma língua estrangeira ou em especializações para aumentar sua
competitividade nos processos seletivos. E, segundo o estudo, tais medidas não
só ajudaram a melhorar a empregabilidade e remuneração desses jovens
trabalhadores, como também a sua percepção diante da crise do emprego.
Aposta para driblar a concorrência
Não
é novidade que um bom currículo abre muitas portas – ainda mais para os jovens
que, diante da falta de histórico profissional precisam demonstrar diferenciais
na disputa por uma vaga. Contudo, atualmente, não é só a baixa oferta no
mercado celetista que tem motivado os menos experientes a apostarem na
qualificação – os próprios programas de estágio, voltados exclusivamente para estudantes,
também apresentam alta concorrência entre os candidatos. Dados da Companhia de
Estágios apontam que, somente no primeiro semestre desse ano, o número de
inscritos foi 9% maior em comparação com o mesmo período do ano passado.
De
acordo com Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, essa procura tem, por
consequência, elevado a relevância do currículo nos processos seletivos “Com
processos beirando 10 mil candidatos, a análise do currículo é uma etapa
fundamental para agilizar o trabalho dos recrutadores. E como o nível de
exigência está alto, é natural que, num primeiro momento, os candidatos mais
qualificados se destaquem e sigam para as etapas seguintes”.
Segundo
dados da própria recrutadora, os jovens têm despertado para essa importância:
de acordo com sua pesquisa que ouviu 2.193 estudantes de todas as regiões do
país, quase 60% dos jovens apostou nos estudos no último ano para ampliar as
chances na carreira: 25,7% optaram por cursos complementares na própria área de
formação, 21,3% preferiram cursos de idiomas, seguido de 11,6% que apostaram em
cursos de informática e, por fim, 1% que decidiu iniciar um MBA ou
pós-graduação.
Empregabilidade e remuneração
Dentre
os cursos complementares, as especializações (na área de formação) e o
aprendizado de uma língua estrangeira são os que mais se destacaram quanto à
empregabilidade. A taxa de candidatos estagiando é 4% maior entre aqueles que
apostaram na especialização e 7% maior entre aqueles que aprenderam um segundo
idioma (em comparação com aqueles que não fizeram qualquer investimento na
carreira).
Essas
qualificações também pesam nos rendimentos – dentre os participantes que estão
estagiando, a bolsa auxílio é maior para aqueles que fortaleceram o currículo.
De acordo com a pesquisa, 54% dos que fizeram cursos complementares na sua área
de formação recebem bolsa acima dos 1.200 reais – desses, 16% ganham mais de R$
1.500,00.
Já
para os que preferiram apostar em cursos de idiomas, a remuneração é ainda
atraente – 73,8% recebem bolsa auxílio acima dos 1.200 reais, desse total, mais
de 18% ganham mais de R$ 1.500,00. O contraste é ainda maior se comparado com a
remuneração daqueles que, embora estejam estagiando, não fizeram qualquer tipo
de investimento recente na carreira: a bolsa auxílio de 61% desses candidatos é
de apenas um salário mínimo.
Candidatos capacitados são mais otimistas
Outro
ponto relevante é que um currículo mais fortalecido também impacta a percepção
desse público a respeito da crise brasileira – enquanto 26% dos jovens que não
fizeram nenhuma especialização no último ano se sentem pessimistas/indiferentes
quanto aos problemas enfrentados pelo país, essa taxa cai para 22% quando o
entrevistado fez algum investimento no currículo.
Tratando, especificamente dos
otimistas, a taxa de positivismo é, em média, 4% maior entre aqueles que se
especializaram. Além disso, enquanto um terço dos candidatos sem capacitação
recente alega que o nível elevado de exigência e competividade dos processos
seletivos é o pior efeito da crise, essa preocupação é 4,5% menor entre os mais
preparados.
Para
Mavichian, a autoconfiança não é a única justificativa para esse comportamento
“Embora a capacitação ajude o estudante a se sentir melhor preparado e mais
seguro para enfrentar o mercado de trabalho, o estudo também amplia sua
percepção em relação ao seu papel na sociedade. Boa parte dos valores que as
empresas buscam para superar períodos de crise são características próprias dos
jovens: criatividade, engajamento, agilidade... contudo, esse potencial precisa
ser despertado e, muitas vezes, lapidado através, justamente, do aprendizado“.
Nenhum comentário:
Postar um comentário