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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Jovens investem em formação complementar e segundo idioma para driblar a crise, aponta pesquisa



Dados apontam que capacitação melhora não só a percepção desses candidatos, como também a empregabilidade e remuneração dos estagiários


Se o mercado de trabalho está acirrado para todos os brasileiros, para os jovens o desafio é ainda maior – dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), demonstram que mesmo com a leve queda no segundo semestre de 2017, a faixa etária de 18 a 24 anos ainda representa a parcela mais atingida pelo desemprego: atualmente, 27,3% desses trabalhadores encontram-se desocupados. Num momento no qual as empresas priorizam a mão de obra qualificada, a estratégia para vencer a falta de experiência profissional e conseguir uma vaga tem sido investir em capacitação, especialmente em cursos de especialização e idiomas. 

É o que revela um estudo realizado pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee, que ouviu 2.193 estudantes de todas as regiões do Brasil. De acordo com seu levantamento, mais de 46% dos entrevistados apostaram no aprendizado de uma língua estrangeira ou em especializações para aumentar sua competitividade nos processos seletivos. E, segundo o estudo, tais medidas não só ajudaram a melhorar a empregabilidade e remuneração desses jovens trabalhadores, como também a sua percepção diante da crise do emprego.

Aposta para driblar a concorrência

Não é novidade que um bom currículo abre muitas portas – ainda mais para os jovens que, diante da falta de histórico profissional precisam demonstrar diferenciais na disputa por uma vaga. Contudo, atualmente, não é só a baixa oferta no mercado celetista que tem motivado os menos experientes a apostarem na qualificação – os próprios programas de estágio, voltados exclusivamente para estudantes, também apresentam alta concorrência entre os candidatos. Dados da Companhia de Estágios apontam que, somente no primeiro semestre desse ano, o número de inscritos foi 9% maior em comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, essa procura tem, por consequência, elevado a relevância do currículo nos processos seletivos “Com processos beirando 10 mil candidatos, a análise do currículo é uma etapa fundamental para agilizar o trabalho dos recrutadores. E como o nível de exigência está alto, é natural que, num primeiro momento, os candidatos mais qualificados se destaquem e sigam para as etapas seguintes”.

Segundo dados da própria recrutadora, os jovens têm despertado para essa importância: de acordo com sua pesquisa que ouviu 2.193 estudantes de todas as regiões do país, quase 60% dos jovens apostou nos estudos no último ano para ampliar as chances na carreira: 25,7% optaram por cursos complementares na própria área de formação, 21,3% preferiram cursos de idiomas, seguido de 11,6% que apostaram em cursos de informática e, por fim, 1% que decidiu iniciar um MBA ou pós-graduação.

Empregabilidade e remuneração

Dentre os cursos complementares, as especializações (na área de formação) e o aprendizado de uma língua estrangeira são os que mais se destacaram quanto à empregabilidade. A taxa de candidatos estagiando é 4% maior entre aqueles que apostaram na especialização e 7% maior entre aqueles que aprenderam um segundo idioma (em comparação com aqueles que não fizeram qualquer investimento na carreira).

Essas qualificações também pesam nos rendimentos – dentre os participantes que estão estagiando, a bolsa auxílio é maior para aqueles que fortaleceram o currículo. De acordo com a pesquisa, 54% dos que fizeram cursos complementares na sua área de formação recebem bolsa acima dos 1.200 reais – desses, 16% ganham mais de R$ 1.500,00.

Já para os que preferiram apostar em cursos de idiomas, a remuneração é ainda atraente – 73,8% recebem bolsa auxílio acima dos 1.200 reais, desse total, mais de 18% ganham mais de R$ 1.500,00. O contraste é ainda maior se comparado com a remuneração daqueles que, embora estejam estagiando, não fizeram qualquer tipo de investimento recente na carreira: a bolsa auxílio de 61% desses candidatos é de apenas um salário mínimo.

Candidatos capacitados são mais otimistas

Outro ponto relevante é que um currículo mais fortalecido também impacta a percepção desse público a respeito da crise brasileira – enquanto 26% dos jovens que não fizeram nenhuma especialização no último ano se sentem pessimistas/indiferentes quanto aos problemas enfrentados pelo país, essa taxa cai para 22% quando o entrevistado fez algum investimento no currículo. 

Tratando, especificamente dos otimistas, a taxa de positivismo é, em média, 4% maior entre aqueles que se especializaram. Além disso, enquanto um terço dos candidatos sem capacitação recente alega que o nível elevado de exigência e competividade dos processos seletivos é o pior efeito da crise, essa preocupação é 4,5% menor entre os mais preparados.

Para Mavichian, a autoconfiança não é a única justificativa para esse comportamento “Embora a capacitação ajude o estudante a se sentir melhor preparado e mais seguro para enfrentar o mercado de trabalho, o estudo também amplia sua percepção em relação ao seu papel na sociedade. Boa parte dos valores que as empresas buscam para superar períodos de crise são características próprias dos jovens: criatividade, engajamento, agilidade... contudo, esse potencial precisa ser despertado e, muitas vezes, lapidado através, justamente, do aprendizado“.











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