A readaptação do paciente às mais diversas esferas sociais é um
grande desafio. A boa notícia é que é possível.
Pelos mais diversos motivos, algumas pessoas
passam a ter que conviver com uma estomia.
Seja ela temporária ou definitiva. A questão é como proporcionar qualidade de
vida e participação social dessas pessoas que, em geral, se veem cheias de
“limitações” em função da nova rotina.
O estoma é a mudança
do local de eliminação das fezes ou
urina, um procedimento que implica em novos
hábitos. Para o paciente
estomizado é difícil compreender, inicialmente, que não vai mais haver
eliminação de fezes ou urina pelas
vias normais. “Essa adaptação é um grande
desafio, principalmente porque a pessoa perde fezes ou urina sem controle,
sendo necessário o uso de uma bolsa coletora no abdômen, que se não for de boa
qualidade pode causar situações constrangedoras como
barulhos e odores desagradáveis devido a eliminação de gases e
também alergias e infecções de pele",
explica o estomaterapeuta Eduardo Tenório.
“Somadas à estas
questões, aspectos relacionados a autoestima
e a autoimagem do paciente podem levar
ao desenvolvimento de problemas no
relacionamento com o parceiro sexual, depressão, medo para praticar
esportes, inconvenientes causados pela mudança da dieta - que precisa ser mais
seletiva para evitar gases, por exemplo - e até mesmo adequação
do vestuário”, conta o consultor, ao ressaltar que o mais
importante é a orientação constante do paciente e em todas as
dimensões do viver.
Segundo Tenório, o
fortalecimento da autoestima do pessoa estomizada contribui para minimizar
atitudes extremas como por exemplo, o seu isolamento em eventos
sociais, que geralmente ocorre devido ao medo e
vergonha de que o odor possa incomodar outras pessoas.
É interessante ressaltar que até mesmo a privação de alimentação pode
acontecer, no intuito de evitar a eliminação de fezes em passeios e
festas. As orientações devem acontecer por
meio da participação da equipe multifuncional
formada por enfermeiros, médicos psicólogos,
nutricionistas e assistentes sociais.
“A família precisa entender
os procedimentos do cuidar desse paciente,
e compreender que vai além da troca
da bolsa coletora e da higienização
do estoma. As pessoas próximas devem ser
alertadas para observar o comportamento e
estimular o paciente a continuar a ter uma vida mais próxima
daquilo que vivenciavam antes da estomia. Se a
pessoa trabalha, é
importante que o empregador
seja orientado. Muitos pacientes podem e devem
retornar a sua vida laboral,
não precisando ser afastada como inválida,
devido a presença da estomia. O problema
é que muitas vezes há preconceito, gerado pela pura
falta de conhecimento”, alerta o especialista.
De acordo com o levantamento da
Abraso (Associação Brasileira de Ostomizados) em conjunto com diversas
associações do país, no Brasil, existem cerca de e 80 mil pessoas ostomizadas.
“A melhor das situações é quando
ocorre uma estomia programada, ou seja, uma cirurgia eletiva em que
não há urgência. Neste caso, o paciente pode ser encaminhado
para o profissional especialista para receber orientações sobre o cuidado da
estomia, equipamentos e acessórios, bem como sobre a possibilidade de
utilização de métodos de controle das eliminações intestinais, como uso da
irrigação e do oclusor intestinal. A demarcação
pré-operatória, é um procedimento que
deve ser realizado antes da cirurgia para
a escolha da melhor localização possível da
estomia. Esse acompanhamento prévio minimiza
complicações posteriores, como as dermatites",
conta.
Para Tenório, o pós-operatório também
pode contribuir para uma melhor qualidade de vida, através não só
da orientação de cuidados básicos, mas
também de onde e como ele pode buscar
seu equipamento, qual é a bolsa ideal
para seu tipo de estoma, onde pode agendar
consultas de retorno e tirar dúvidas. Muitas vezes, o paciente sai do hospital
sem nenhuma informação. “Boa parte não sabe, por exemplo, que o governo
brasileiro oferece as bolsas coletoras e outros equipamentos gratuitamente para
pacientes com estomas ”, reforça o especialista.
O profissional especializado também é
responsável por ensinar o autocuidado ao
paciente para que ele possa retomar
sua vida normal, resgatando sua autoestima.
Se o paciente for bem orientado, ele
conseguirá enxergar o estoma e a sua
condição como uma possibilidade de cura ou
algo que vai lhe proporcionar mais tempo
de vida. Essa percepção torna mais fácil
trabalhar a sua reintegração à vida em sociedade,
sem traumas ou isolamentos.
Eduardo Tenório explica que o uso de
equipamentos que produzam pouco barulho, que são hipoalergênicos e
apresentam uma barreira protetora de pele adequada são
extremamente importantes. “Isso facilitará uma vida mais
ativa, inclusive na prática de
esportes. A escolha desses equipamentos é feita a partir de uma
avaliação do paciente para que se determine qual produto é o mais
indicado para sua condição. Esse trabalho ajudará ao paciente a conviver
com sua nova condição. O que não pode acontecer, em hipótese alguma, é permitir
que o paciente tenha alta e vá para casa sem informações suficientes, inclusive
a de que ele pode retirar bolsas gratuitas pelo governo ou recebê-las utilizando
seu plano de saúde”, alerta o profissional.
VIDA SEXUAL
Sofrer qualquer tipo de operação pode
afetar a forma como o paciente percebe e sente seu corpo. “Observamos que uma
questão importante está relacionada com a autoestima. Medo e ansiedade compõem
as ideias pré-concebidas sobre o tema. Embora seja necessário alguns ajustes, a
estomia não deve impedir uma vida sexual agradável”, conta Tenório.
“É importante estar aberto para uma
conversa franca com o parceiro (a) para se chegar a conclusões do momento e a
forma mais adequada para realizá-la. Atividades sexuais não trazem riscos de
danos ao estoma. Apesar de poder se sentir um pouco nervoso com a situação, a
maioria das pessoas é capaz de retomar uma vida sexual saudável”.
ATIVIDADE FÍSICA
A atividade física é a principal
maneira de estimular a inclusão social dos pacientes com estoma. Ela promove a
inclusão social e auxilia na superação das barreiras enfrentadas pelo
estomizados levando-os a descobrir que é possível ter uma vida saudável. Entre
os benefícios encontrados pelos estomizados durante a prática do exercício
físico estão: melhora na autoestima, agilidade, equilíbrio, reabilitação e
competição, independência e autonomia, etc. A prática da natação e
hidroginástica, por exemplo, podem ser feitas sem nenhuma restrição, pois a
bolsa e a placa são impermeáveis à água.
A linha de produtos B. Braun Stoma Care oferece soluções simples,
seguras e discretas a fim de aumentar a autonomia e proporcionar o cuidado
ideal para a pessoa estomizada. O portfólio é extenso e possui
características específicas para cada tipo de estoma, tais como bolsas
coletoras fechadas e drenáveis, disponíveis no sistema de uma ou duas peças,
com conexões de acoplamento exclusivo e hidrocolóides especiais para a proteção
da pele.
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