segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Embalagens de medicamentos veterinários precisam ser recolhidas



Além da contaminação ambiental, falta de destinação adequada pode se tornar nova barreira comercial para carne brasileira


O mercado veterinário caminha na contramão de um movimento importante do setor produtivo no meio rural. Enquanto o Brasil é líder em reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas, recolhendo 96% do total descartado, não existe qualquer atividade para a destinação adequada de embalagens e resíduos de uso veterinário. “As embalagens de polietileno onde são armazenados medicamentos como as vacinas e antiparasitários, por exemplo, demoram pelo menos 400 anos para se degradarem. Esse material é enterrado ou jogado a céu aberto e pode se tornar uma fonte de proliferação de mosquitos nas fazendas” afirma Sebastião Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa - GIEFA, e vice-presidente do CNPC. Apenas contabilizando as doses de vacina contra febre aftosa, são 8 milhões de frascos por ano que ficam nas propriedades. Muitos lançados em velhas cisternas.

Além da contaminação ambiental, a falta de uma logística reversa que estabeleça a destinação adequada – reciclagem ou incineração – para as embalagens e os resíduos veterinários pode causar outro sério problema para o País, levando-se em conta os novos padrões de competitividade no mercado internacional da carne. “A exemplo das exigências sanitárias e, mais recentemente, do bem-estar animal, esta questão poderá se tornar uma nova barreira comercial”, afirma Guedes. O reaproveitamento de embalagens descartadas e sua reintegração ao ciclo produtivo é uma atividade de importância para a sociedade e de crescente interesse econômico. “Existem muitas entidades dispostas a comprar embalagens veterinárias para reciclar. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente cobrar esta evolução para um meio rural ainda mais limpo”, diz Guedes. 


Mire-se no exemplo – As embalagens de defensivos agrícolas são obrigatoriamente recolhidas desde 2002. A legislação federal (lei 9.974/00) determinou a responsabilidade da destinação final de embalagens vazias para o agricultor, fabricante e revendedor. Cada elo da cadeia tem a sua função. Antes da legislação, as embalagens eram enterradas ou queimadas. De acordo com a regra em vigor, o produtor deve lavá-las e perfurá-las para evitar a reutilização. Esse recipiente pode ficar armazenado na propriedade por no máximo um ano. O revendedor tem a obrigação de indicar os postos de recolhimento na nota fiscal e o fabricante de recolher e dar a destinação final ao material. 

O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), criado em 2001, é responsável pela destinação final do material e tem vasta experiência na área. A Câmara Setorial da Carne Bovina sugeriu a formação de um grupo de trabalho coordenado pelo CNPC para, juntamente com a ASSOCON, o SINDAN ouvir entidades do setor e propor soluções para que a sustentabilidade ambiental seja melhorada nas propriedades pecuárias.




Sobre o CNPC

O CNPC é uma entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo desenvolver estratégias para o crescimento da pecuária de corte nacional e estabelecer relações entre os vários agentes, representando a cadeia produtiva junto aos governos estaduais e nacional, bem como nos fóruns de discussão internacional que promovam a sanidade, o bem-estar animal e a segurança alimentar. Criado em 1982, a entidade tem representantes nos principais Estados e segmentos que se destacam na pecuária nacional. Atualmente é presidida por Tirso de Salles Meirelles, pecuarista de reconhecida liderança no agronegócio brasileiro.





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