A
agricultura familiar possui um papel muito importante para a construção de um
caminho mais sustentável no que diz respeito aos aspectos de conservação
ambiental, desenvolvimento econômico e no atendimento da demanda de segurança
alimentar. Nove em cada dez propriedades agrícolas no mundo são geridas por
famílias, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), além disso, 90% da agricultura brasileira está inserida no
contexto de propriedades de micro e pequeno porte, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São
muitos os desafios da agricultura, como o equilíbrio entre produção agrícola e
sustentabilidade. Grandes debates expuseram este tema em 2015, como a
Conferência do Clima de Paris (COP21), o lançamento dos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o ano Internacional dos Solos conferido
pela ONU. Em 2016, novos espaços para o debate surgem e a sociedade tem
destacado cada vez mais a importância da sustentabilidade no agronegócio e o papel
da agricultura familiar neste processo.
As
pequenas e médias propriedades terão que se apropriar deste novo momento,
deverão se adaptar frente às novas demandas da agenda nacional e internacional,
aplicando as melhores práticas de sustentabilidade no campo.
Nesta
nova realidade, conhecer e monitorar os impactos ambientais e sociais,
positivos e negativos, ao longo da cadeia produtiva são competências
importantes a serem desenvolvidas pelo pequeno e médio produtor a curto prazo.
A partir da identificação dos pontos a serem melhorados, diversas oportunidades
de ganhos financeiros podem surgir, a medida que ações com o propósito de
redução e correção venham a ser implementadas. Como por exemplo: a troca de
fontes de energia por fontes alternativas com maior eficiência energética;
produção de água via restaurações de Área de Preservação Permanente (APP);
adoção de práticas conservacionistas de manejo e uso do solo, no sentido de
promover a adoção de novas tecologias como a Integração Lavoura Pecuária
Floresta (ILPF), uma oportunidade de negócio, que propicia aumento da produção
ao manejar diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área durante todo
o ano.
Estar
adequado e respeitar a legislação ambiental é uma condicionante básica no
cenário atual brasileiro, mas ao aumentar a produtividade e rentabilidade
através da implantação de ferramentas de gestão, deve-se buscar formação
profissional e empresarial, e se apropriar do conceito de melhoria contínua.
Este é o caminho para conquistar espaço no mercado e agregar valor para toda a
cadeia de produção.
As
propriedades rurais de pequeno e médio porte possuem alto poder transformador e
um vasto horizonte de oportunidades de negócios. As projeções de crescimento do
consumo de alimentos e de fontes de energia renováveis devem direcionar para um
crescimento sustentável e estes produtores poderão fazer a diferença.
Camila Honório - consultora de Gestão Aplicada a
PMEs da Fundação Espaço ECO®.
Nenhum comentário:
Postar um comentário