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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Dia Mundial de Conscientização do Autismo: a constante luta por tratamento de crianças

Planos de saúde se recusam a custear tratamentos, alegando que previsão não está no rol da ANS


No próximo dia 2 de abril comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para chamar a atenção para a causa do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estima-se que, no Brasil, existam mais de dois milhões de pessoas com autismo, amparadas pela Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Constituição Federal, que garantem e reafirmam o direito universal à saúde, e mais especificamente ao atendimento multiprofissional.

Na prática, no entanto, a trajetória dessas crianças para conseguir tratamento e acompanhamento apropriados tem sido a de batalha na Justiça por direitos já garantidos em lei, mas que têm sido negados pelos planos de saúde.

Felipe Mazureck Bandel, de 11 anos, iniciou sua luta para obter o tratamento multidisciplinar completo em 2016, quando foi diagnosticado com autismo e sua mãe, Tatiana Mazureck, entrou em desespero ao saber que não teria condições financeiras de arcar com as despesas (custo de, em média, R$ 15 mil mensais). O plano de saúde negou a cobertura, alegando que o ABA (Análise Aplicada do Comportamento, da tradução em inglês) - amplamente indicado por médicos e demais profissionais da saúde, validado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhecido pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - não estava previsto no Rol de Procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em março de 2016, a família entrou com processo na Justiça solicitando a cobertura, que fora negada pelo juiz de primeira instância. A advogada do caso, Diana Serpe, que é especializada no atendimento de pessoas com TEA, conta que recorreu ao Tribunal de Justiça, que concedeu a liminar. "A liminar determinou que o plano de saúde disponibilizasse o tratamento na clínica que fora indicada no processo, que possui profissionais comprovadamente qualificados, disponibilidade de agenda e localização viável em relação à residência do Felipe para o deslocamento diário".

O tratamento multidisciplinar de Felipe consiste em Psicologia ABA, Fonoaudiologia ABA, Terapia Ocupacional com integração sensorial e acompanhante terapêutico na escola. O processo terminou em 2017 e até hoje Felipe frequenta a clínica indicada, tudo custeado pelo plano. Hoje com 11 anos, o menino praticamente não é mais dependente do acompanhante terapêutico na escola.

Davi Barbosa e seu pais viveram a mesma trajetória. Diagnosticado com autismo aos três anos, o menino enfrentou batalha na Justiça, após a negativa do plano em oferecer a cobertura adequada à sua condição. "O plano alegou que o tratamento específico não é obrigatório porque não está no Rol, indicou profissionais convencionais para o tratamento e clínicas extremamente distantes da residência de Davi", relata Diana Serpe .

O processo foi iniciado em agosto de 2018, quando o menino tinha cinco anos. Dessa vez, o juiz de primeira instância concedeu a liminar, determinando que o plano disponibilizasse todo o tratamento indicado pelo médico, sem limitação do número de sessões anuais, sob pena de multa diária pelo descumprimento. Como o plano não disponibilizou o tratamento adequado dentro do prazo estipulado pelo Juiz, foi determinado que o tratamento fosse realizado por meio de reembolso integral, em clínica da escolha da família. "Houve sentença que consolidou a liminar. Inconformado, o plano entrou com recurso de apelação e o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão, determinando que o plano de saúde tem a obrigação de disponibilizar o tratamento capacitado, ilimitado e com localização viável para o deslocamento diário", explica Serpe.

Outra ação, mais recente, repete a história de vitória na Justiça, mas apresenta ainda um avanço. A menina Emília Lacerda conseguiu o reconhecimento de que a verdadeira função do acompanhante terapêutico em sala de aula é a de um profissional da saúde e que a sua remuneração deve, portanto, ser custeada também pelo plano de saúde. O magistrado Mario Sergio Leite, na ocasião, escreveu: "É evidente, portanto, que a legislação atual garante cobertura médica para o autismo e ao tratamento que o beneficiário do plano de saúde necessita, quais sejam, as sessões multidisciplinares indicadas, as quais têm natureza médica e não meramente educacionais". O processo transitou em julgado em março de 2021 e o tratamento multidisciplinar está garantido enquanto houver indicação médica e a criança for beneficiária do plano de saúde.

A advogada coleciona casos como os contados acima, de negativas de planos de saúde, e faz o alerta: "A terapia ABA tem sua eficácia comprovada, considerada como uma das principais formas de intervenção eficazes sobre o TEA. Está prevista inclusive no Sistema Único de Saúde. Ceifar o tratamento de uma criança autista é tirar dela a oportunidade de uma vida funcional que, quando tratada adequadamente, pode ser alcançada. O fato de o tratamento multidisciplinar específico para autistas não pertencer ao rol de procedimentos da ANS não deve ser encarado como cláusula de exclusão de cobertura".



Tema está para ser jugado em recurso especial no STJ

O debate em torno da cobertura do tratamento ABA para autistas pelos planos de saúde não é novidade no Superior Tribunal de Justiça de São Paulo (STJ). Diversas ações chegam à corte, que até então vinha apresentando decisões baseadas no entendimento de que o rol da ANS é exemplificativo, isto é, funciona como referência das coberturas mínimas obrigatórias, mas não exclui outras que se façam necessárias, por expressa indicação médica, para o tratamento de doença coberta contratualmente. Esse entendimento majoritário levou, inclusive, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - o maior do país - a editar a Súmula 102, que diz: "havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS".

Posição contrária, no entanto, vem se destacando na 4ª turma do STJ, que têm julgado improcedente o pedido de cobertura dos pacientes, afirmando que o rol da ANS possui caráter taxativo. Isto é, deve cobrir apenas os tratamentos que estão previstos na lista. Para Diana Serpe, essa é uma discussão que extrapola a questão do tratamento dos autistas. "O fato de alguns Ministros da 4ª turma entenderem pelo rol taxativo é muito perigoso não só para crianças com autismo, mas pensando em todos os níveis de doenças. Isso vai restringir muitos tratamentos modernos que são adotados e as possibilidades de curas das doenças, que serão muito restritas. É uma posição temerária", avalia a advogada.

Um de seus casos, inclusive, foi escolhido para ser avaliado pela Comissão de Recursos Repetitivos do STJ, devido à divergência entre as 3ª e 4ª turmas do referido tribunal. Já vencedora em duas instâncias, a ação teve recurso especial interposto pelo plano de saúde, e agora aguarda julgamento definitivo da corte. Segundo Diana, a decisão terá repercussão geral, isto é, valerá para todos os casos semelhantes, a partir de então.

Em sua defesa, entregue ao STJ, Diana Serpe compara os tratamentos oferecidos pelos planos de saúde a pacientes com câncer, que possuem altos custos e muitas vezes se prolongam por anos. "Por que um paciente com câncer pode receber tratamento digno e especializado por anos, e uma criança com transtorno neurológico grave não pode receber atendimento psicológico, fonoaudiológico e ocupacional com a devida especialização?", questiona.




Fonte: Diana Serpe - advogada atuante na área de Direito da Saúde e Direito da Pessoa com Deficiência. Criadora do canal Autismo e Direito nas redes sociais.

Luz azul: o que é e 10 dicas para proteger a visão de forma eficaz

A utilização das lentes de contato para quem precisa de correção visual pode ser uma aliada na proteção dos olhos que estão cada vez mais expostos às telas

 

Já não é de hoje que se fala sobre os radiação UVA e UVB e a importância em protegermos a pele e os olhos contra os efeitos nocivos causados por eles. No entanto, nos dias de hoje e em tempos de pandemia, home office e aulas online surge uma outra preocupação para a qual também deve-se atentar: a luz azul. De modo geral, ela pode ser explicada como sendo a iluminação que está presente em grande parte dos aparelhos eletrônicos que usamos diariamente como celular, computador, televisão, dentre outros, e até mesmo pelo sol.

De acordo com dados de uma  pesquisa encomendada ao Ibope em parceria com a Johnson & Johnson Vision, 81% dos entrevistados afirmaram que aumentaram a utilização de celulares durante o este período. Esse crescente aumento no uso das telas digitais inspira ainda mais cuidado com a saúde ocular, visto que a exposição excessiva a luz azul pode prejudicar e causar diversos problemas para os olhos dos brasileiros. E a preocupação com esse excesso não é desmedida: estima-se que a miopia, conhecida como a dificuldade para enxergar de longe, já atinja até 72 milhões de pessoas no Brasil. O problema, que também está relacionado ao uso excessivo de telas, alcançou o patamar de epidemia em alguns países.

“Hoje, todos já se preocupam com a pele e entendem os efeitos nocivos que as radiações podem causar. No entanto, esse cuidado e preocupação com a visão ainda não é tão presente na vida dos brasileiros. Em tempos de pandemia, os olhos ficam ainda mais expostos a danos e, sem os cuidados corretos, diversos problemas podem surgir. Para as pessoas que já fazem uso de óculos e precisam de correção visual, por exemplo, uma excelente alternativa é a utilização das lentes com proteção contra a luz azul, inclusive lentes de contato com este tipo de proteção, que além de oferecerem mais conforto e praticidade, ajudam a reduzir os efeitos maléficos da luz azul nos olhos”, comenta a doutora Débora Espada Sivuchin.

Confira abaixo 10 dicas de ouro para te ajudar a cuidar melhor da visão:

  1. Consultar anualmente um médico oftalmologista, mesmo que você não perceba alterações visuais. Esse profissional consegue identificar doenças e alterações oculares até mesmo antes de surgir os primeiros sinais, ajudando no tratamento precoce. Mesmo com uma visão clara, existem coisas que você não pode ver e que seu oftalmologista pode;
  2. Alguns sinais de que você está expondo seus olhos exageradamente às telas digitais incluem sensação de olhos secos, ardor ocular, sensação de areia nos olhos, dores de cabeça e visão turva;
  3. Evitar passar tempo demais usando telas, pois cada vez mais se comprova que esse hábito pode contribuir para o surgimento ou aumento da miopia em algumas pessoas, principalmente nos mais jovens;
  4. A dica aqui é realizar intervalos entre o uso dos aparelhos para que os olhos possam descansar;
  5. Certifique-se de seguir a regra 20-20-20 para dar um descanso aos seus olhos: a cada 20 minutos, olhe a 6 metros de distância (como se olhasse ao infinito) por 20 segundos;
  6. Além disso, mantenha a tela do computador a 127 – 71 cm de distância do rosto e um pouco abaixo do nível dos olhos;
  7. Parece que está sempre olhando para uma tela? Lembre-se de fazer uma pausa para piscar;
  8. Tem vontade de esfregar o olho? Evite ou lave as mãos e use um lenço de papel ao invés dos dedos;
  9. Concentre-se na sua saúde como um todo para melhorar a saúde dos olhos - comer bem, ser ativo, conhecer a história das doenças da sua família - também pode ter um impacto positivo na manutenção de uma visão saudável;
  10. Procure o tratamento mais adequado: lentes de contato podem ser uma ótima opção, já que oferecem conforto e ajudam na manutenção da saúde ocular.

 

Lentes de contato: “a” proteção contra a luz azul

As lentes de contato são apresentadas aqui como uma excelente possibilidade e opção versátil e completa para ser adaptada para corrigir o problema de cada pessoa - ou seja, atendem as necessidades para diversos “graus”. Elas são consideradas excelentes pois, além de ajudar na correção do problema ocular, elas proporcionam comodidade e liberdade de movimento, podendo ser usadas em atividades como a prática de esportes, por exemplo.

Outro ponto importante em relação às lentes é que já existem modelos que trazem além de conforto imbatível, controle da luz, proteção UV que bloqueia 100% da radiação UVB e mais de 99% da radiação UVA, filtro de luz azul que bloqueia até 55% da luz azul em ambientes externos e 15% em ambientes internos, redução do impacto da claridade intensa, melhora visão noturna e contraste das cores, como a Acuvue Oasys with Transitions, a lente que pode ser uma grande aliada na preservação da saúde ocular.

 


Johnson & Johnson Vision

 www.acuvue.com.br


"Tudo Depende do Olhar" é o tema da ação de conscientização sobre autismo nas linhas 4-Amarela e 5-Lilás de metrô, durante o mês de abril

Cartilhas ilustradas pelo cartunista Ziraldo com informações sobre o transtorno podem ser retiradas pelos passageiros nos nichos de leitura das 27 estações, que recebem também painéis alusivos ao assunto, além de vídeos nos monitores

 

Quantos autistas estão entre nós? Essa pergunta consta em um dos cartazes espalhados pelas estações da ViaMobilidade e da ViaQuatro, concessionárias responsáveis pela operação e manutenção das linhas 4-Amarela e 5-Lilás de metrô, respectivamente, durante abril, mês em que se celebra o Dia Mundial do Autismo.

Em resposta à questão, o cartaz informa que os Estados Unidos divulgaram recentemente a prevalência de um autista a cada 54 nascimentos. Nos últimos 16 anos, a população de autistas aumentou mais de três vezes. Estima-se que o distúrbio atinja cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. Cada vez mais é necessário entender os autistas, incluindo-os na sociedade, daí a campanha nas estações em parceria com o Instituto PENSI, associação que dissemina conhecimento em saúde infantil.

Além dos painéis informativos, a ação inclui cartilhas ilustradas pelo cartunista Ziraldo com informações sobre o transtorno que podem ser retiradas pelo público nos nichos de leitura das 27 estações, vídeos nos monitores e posts nas redes sociais das concessionárias.

"Incentivamos com essa campanha o respeito às diferenças em nossa sociedade e o diagnóstico precoce do autismo, para que as pessoas com o distúrbio tenham o direito à mobilidade e à desenvolver suas habilidades", afirma Juliana Alcides, gerente de Comunicação e Sustentabilidade das linhas 4-Amarela e 5-Lilás de metrô.

Chamado de Transtorno do Espectro Autista, o autismo é um distúrbio no desenvolvimento do cérebro que afeta a capacidade de relacionamento com pessoas e o ambiente. O tratamento depende do tipo de autismo e, em geral, é multidisciplinar. A Organização das Nações Unidas instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial do Autismo.

 

2 de abril - Dia Mundial de Conscientização do Autismo

De 1 a 30 de abril: oferta de cartilhas nos nichos de leitura de todas as estações, cartazes e painéis informativos nas estações, vídeos nos monitores e posts nas páginas das concessionárias @viaquatrosp e @viamobilidadesp

 

Sobre o Instituto PENSI:

O Instituto PENSI - Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil é uma associação sem fins lucrativos fundada em 2012 com o objetivo de produzir e disseminar conhecimento em saúde infantil, incorporada na missão da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (JLES) e respeitando seus valores. Todo o trabalho é realizado por meio dos diferentes Núcleos: Pesquisa, Ensino, Projetos Sociais, Autismo e Voluntariado, que têm estrutura própria, mas atuam em colaboração contínua com Sabará Hospital Infantil. Em 2015, o Programa Autismo e Realidade passou a fazer parte da estrutura do Instituto PENSI. Assim o autismo se tornou uma área estratégica, com pesquisas científicas, cursos, materiais informativos e campanhas de sensibilização. Todo trabalho desenvolvido nesse segmento é realizado por meio do Programa Autismo e Realidade.

O vírus invisível responsável pelo esgotamento mental de infectados e não infectados

Tenho certeza que todos vão concordar comigo: estamos todos cansados. Esgotados! Positivados ou não, o vírus está saturando a mente humana. Estamos cansados de ouvir falar nas tragédias e nas mortes, sofrendo pelo luto em nossa família ou perto dela. Sofrendo pelos males trazidos pelo isolamento e pelas inúmeros adaptações. Sofrendo pela enxurrada de notícias que recebemos todos os dias. Sofrendo pelo acúmulo de preocupação em relação ao dia seguinte. Uma imprevisibilidade que desafia a necessidade de controle do ser humano.

O número de pessoas que vem demonstrando esse esgotamento emocional só aumenta. A cada dia vemos a dor e a incerteza crescendo em grupos de familiares ou amigos. O medo de ser contaminado ou novamente infectado é surreal. Sem dúvida, essa onda de fobias e o desequilíbrio que o momento provoca está alterando os comportamentos e favorecendo o surgimento ou o agravamento de transtornos e distúrbios psíquicos de todas as naturezas.

Outro fator conflitante é o volume da oferta virtual de cursos, lives, treinamentos, mentalizações, entre outros meios de prender o telespectador no universo tecnológico - que vem gerando ainda mais fadiga mental. Tudo isso porque estamos cansados, assustados. E como não param de chegar informes de novas ondas de contaminação cada vez mais severas(estudos dizem que estamos na 3ª onda), a sensação é de que o ciclo não cessa.

Esse cansaço abrange, hoje, não só os adultos. Percebemos, também, um esgotamento físico e mental das crianças e dos jovens - que foram obrigados a aderir a uma modalidade de aulas virtuais que sugam a energia e mostra seus efeitos desgastantes ao fim do dia. Mesma sensação relatada por alguns pais que vivem a realidade do Home Office e descrevem uma necessidade de um jogo de cintura imenso para se adaptar a este novo modelo de trabalho. Já são mais de 365 dias vivendo em meio a uma sensação devastadora de perda da liberdade, onde os sonhos são cerceados e o medo toma conta de toda a nossa essência. Pouco mais de um ano de pandemia recheado com a preocupação excessiva em relação ao imprevisível.

Quando trazemos essa realidade para dentro de uma avaliação psicoterápica, percebemos o quanto a máxima de Freud, o pai da psicanálise, faz todo o sentido para nós,  meros mortais: “o equilíbrio mental auxilia e anda de mãos dadas com a saúde do corpo”. Neste sentido, estudos comprovam que, quanto mais equilibrados emocionalmente estivermos, mais imunidade podemos ter. Desta forma, minimizamos os impactos negativos em relação a doenças fisiológicas e mentais. Cientificamente e psicologicamente, isso faz muito sentido. Uma vez que podemos ter um pouco mais de condição de neutralizar o medo e, assim, aumentam as chances de uma maior conscientização sobre o equilíbrio que pode nos levar a um controle das emoções e dos sentimentos. Além de neutralizar os efeitos do aparecimento de sintomas como cefaleias, dores musculares excessivas, distúrbios do sono, alterações de apetite, alterações de humor, entre outros.

A chave e o segredo é conseguir se manter equilibrado e, desta forma, preservar o bem-estar físico e emocional. Somos falhos, somos seres em evolução e, ao sermos obrigados a encarar uma pandemia com todas as proporções como a que temos vivido, sem dúvida nos vemos desafiados a suportar e vencer todos os nossos limites.

Mas ser forte o tempo todo não é sinônimo de heroísmo. Ninguém é forte em tempo integral. É necessário se permitir chorar, viver o luto, sofrer, ficar triste e viver os momentos, tendo condições para externar emoções que precisam ser colocadas para fora. Alimentar as dores, não falar delas e não vivenciar os sentimentos não fazem de você um super-herói. Pelo contrário: em algum momento a conta chega e essas dores precisam ser vivenciadas e encaradas de frente. Ao verbalizar e buscar o entendimento e a função de cada sentimento, positivo ou negativo, certamente você conseguirá ressignificar emoções e transformar dor em sabedoria.

Enfim, sabemos que essa mudança comportamental não é fácil. É preciso modificar o olhar e ter a consciência de que o momento pede responsabilidade, cautela e paciência. Além disso, ao aderir a uma onda de desespero, estaremos contribuindo com a elevação dos transtornos de ansiedade generalizada e do pânico, além de outros sintomas psíquicos graves que assolam grande parte da população nos últimos tempos. É necessário se comprometer com a sua sanidade mental, com a preservação da saúde e com o autocuidado - visto que se preservar mental e fisicamente é uma ação individual. Lembrando que nossa mente é muito poderosa e podemos, sim, controlar nossas emoções e atrair o positivismo e o otimismo para conseguir enxergar um horizonte diferente do cenário que estamos vendo hoje. Precisamos acreditar que é possível. Que o pesadelo vai acabar e poderemos nos livrar do medo e da angústia que nos acompanham já há vários meses. Trabalhe suas emoções e, se precisar, busque ajuda de um profissional adequado e especializado em saúde mental. Afinal, estamos lidando com um inimigo invisível e parte do cuidado está na mão de cada um de nós.

 


Dra. Andréa Ladislau * Doutora em Psicanálise * Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde  * Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social  * Professora na Graduação em Psicanálise * Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.

  

Distanciamento ou isolamento social: uma visão da pandemia para a criança autista

Lá se foi um ano de pandemia, e continuamos sentindo os impactos diários desse nosso "novo normal". Medo da doença, ansiedade e álcool gel passaram a compor a nossa rotina. Conhecemos, agora, cada canto da casa, os barulhos dos vizinhos - do home office, das conversas e discussões, as músicas que gostam, os cheiros do almoço ou daquela tentativa falha de bolo queimando no meio da tarde.

 Instabilidade econômica e política, novos receios e preocupações. Pais retornaram à sala de aula, agora on-line. As saudades, quantas saudades! Do parque, do shopping, da academia, de jantar fora, da piscina do condomínio. Do vovô, da tia, da sobrinha. Do abraço. Do cumprimento com variados números de beijos: um em são Paulo, dois no Rio, se for em Minas são três. De assoprar velas do bolo. E a certeza de que nunca mais seremos os mesmos. 


O coronavírus nos desafiou a enxergar o mundo com outros olhos. 

Agora, convido você a fechar os seus. Feche os seus olhos. Imagine que você seja uma pessoa que tem uma relação bastante particular com o mundo. Você tem dificuldade em expressar suas necessidades e sentimentos, em entender o que os outros dizem ou demonstram através de gestos e expressões faciais. E como você não compreende muito bem esse mundo aqui fora, tudo traz uma sensação de confusão e desordem, ruídos altos fazem até doer o ouvido. Não só a audição, mas a sensibilidade da sua pele e o seu olfato também são diferentes: às vezes um simples toque pode lhe causar espanto, um cheiro pode gerar irritação. É difícil pra você organizar as sensações do seu próprio corpo e as do ambiente. Então o seu mundo interno te convida. Te tranquiliza ficar só, se balançar ou repetir movimentos, como se você mesmo se ninasse. 


Uma em cada 160 crianças se sente assim. 70 milhões de pessoas no mundo. 

O TEA - Transtorno do espectro autista, ou autismo, é uma desordem do desenvolvimento neurológico presente desde o nascimento e que afeta o comportamento do indivíduo, principalmente a comunicação e a interação social (como a linguagem verbal, a linguagem não verbal, a compreensão e sintonização socioemocionais). Pode gerar comportamentos repetitivos e padrões restritos de interesse, alteração de sensibilidade a estímulos ópticos, olfatórios ou táteis. Todos os pacientes com autismo convivem com estas dificuldades em intensidades diferentes. 

É uma síndrome da qual não pudemos ainda definir todas as causas e não conseguimos evitá-la. Temos evidências, até o momento, de que há fatores genéticos envolvidos: mutações espontâneas, que podem ocorrer esporadicamente, e herança genética, transmitida de geração a geração. E há, ainda, outras evidências de que fatores externos como estresse, infecções e exposição a substâncias tóxicas também estão relacionadas à sua manifestação. 

Todos fomos compelidos a modificar abruptamente nosso cotidiano. Na casa de um autista, os rituais - tão importante para estas crianças, para que elas se sintam seguras e parte deste mundo aqui fora - foram completamente alterados e restritos. O que ele conhecia sumiu! E depois precisou ser reconstruído. As dicas visuais, como medidas de ajuste, ajudam: a figura dos passos da rotina ao acordar, como trocar de roupa, escovar os dentes, tomar o café da manhã. Manter a programação da escola também é benéfico: o horário de acordar, o horário do lanche, momento da atividade e da brincadeira. 

A escola e as terapias necessárias foram transformadas de toque e de proximidade em tela de computador. Tão importantes de serem preservadas, tiveram que ser revisadas, reorganizadas de maneiras diferentes e criativas. O terapeuta e o professor passaram a orientar a brincadeira e o exercício. 

Mas em casa os barulhos são outros, ler as expressões do rosto, que já era difícil, agora ocultas por máscaras, ficou confuso. Temos uma miscelânia de sentimentos para lidar: a criança e os pais, que também estão aflitos. Mas sem agitação particular sobre o corona: o transtorno do espectro autista não é fator de risco para a COVID-19! As chances são as mesmas das demais crianças. Mas... A ansiedade. Como se intensificou esse sentimento! E que justo, não é? Para os pais, para os professores e para os autistas. E tivemos que tomar cuidado para não aumentar a medicalização imprópria. É esperado, diante da imprevisibilidade e falta de controle da situação, que aumentem os comportamentos repetitivos e o isolamento, como forma de regulação. Já percebeu que agora temos ficado mais tempo em redes sociais e, mesmo com a família toda em casa, cada um preso à sua atividade e ao seu espaço? Imagine só para aquele que já tende a se sentir seguro neste movimento! 

Que bom que a telemedicina também chegou para ajudar: o paciente autista e o paciente "família do autista" também. Vamos nos lembrar de cuidar também de quem cuida, revezando a função de estar com a criança com períodos de autocuidado, descontração e reencontro consigo, e procurando ajuda profissional quando necessária. Quantos recursos temos hoje, inclusive em práticas integrativas que nos auxiliam no cuidado. 

Mas bela e resiliente sem igual, a criança foi transformando tudo em oportunidade. Enxergando diferente, viu uma janela que não podemos perder! Estar em casa, alterar o dia a dia, conviver com novas sensações, de repente, possibilitou o desenvolvimento interpessoal e aprofundou o vínculo afetivo com os pais, irmãos. 

Vamos juntos com eles nesse barco e reaprender a brincar. Tornar este momento juntos único, ensinar o valor simbólico da brincadeira: cuidar do bebê, a corrida de carrinho, fazer comidinha, fazer o lápis de cor virar a espada do guerreiro. O autista precisa que o guiem nesse universo imaginativo. Traz bons resultados também inserir a criança na cooperação de atividades domésticas. Reinvente o toque, a sensação de texturas, a exploração dos sentidos em contexto lúdico: que tal brincar de bolhas de sabão perfumadas, de adivinhar o objeto colocado nas mãos com os olhos fechados, pintura em papel com gelos coloridos, cantarolar músicas e cantigas de roda? 

O autista, ou melhor, a criança e sua família se conectando e se conhecendo. E, enquanto está tudo distante, ninguém ficará isolado.

 

 

Dra. Renata Sacaloski - Médica pediatra do Vera Cruz Hospital especializada em Pediatria do desenvolvimento e comportamento (CRM 157.093 - RQE 67.082)


Artesanato contribui para a saúde mental durante a pandemia

  Movimento Plástico Transforma traz dicas de objetos para decorar a casa reutilizando embalagens plásticas


A adoção de mega feriado ou lockdown por diversas cidades brasileiras trouxe, mais uma vez, a necessidade de permanecermos em casa. Com o distanciamento social, surge também a preocupação com a saúde mental. Por isso, é importante manter uma atividade que distraia a mente como, por exemplo, o artesanato.

Só o fato de gerar entretenimento já faz o artesanato contribuir para a saúde mental, porém, as vantagens da prática vão muito além. Um estudo publicado pela revista Neurology aponta que fazer artesanato pode reduzir o risco de declínios cognitivos de memória. Segundo a análise, pessoas que praticam este tipo de atividade são 73% menos propensos a desenvolver o problema durante o processo de envelhecimento.

O Movimento Plástico Transforma, iniciativa que visa evidenciar como o plástico, utilizado com responsabilidade e criatividade pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade, selecionou alguns objetos que podem ser criados a partir de resíduos facilmente encontrados em casa. Transformar materiais plásticos em novos objetos para o lar pode ser uma alternativa divertida para utilizar conceitos de reaproveitamento e deixar a sua casa ainda mais bonita.

 

Baleiro com garrafas PET

Você vai precisar de duas garrafas PET, uma de 3 litros e outra de 600 mL. Primeiro, pegue a embalagem maior e recorte o bocal e a parte de baixo, logo acima do rótulo. Retire as rebarbas com auxílio de uma tesoura, deixando um lado um pouco menor que o outro. Com o estilete, corte um dos cantos da base da garrafa. Faça o acabamento com a tesoura até que ele caiba dentro da taça e fixe as duas partes com cola de silicone. Finalize boleando as bordas com o auxílio de um ferro de passar roupa e reserve. Agora é a vez da garrafa menor para fazer a base: faça um recorte acima do rótulo, corte as rebarbas e boleie as bordas. Usando, novamente, a cola de silicone no bocal, fixe base e cúpula já preparada na etapa anterior e deixe secar por 24 horas. O mesmo processo pode ser feito com diferentes tamanhos e tipos de garrafas. 

 

 

Organizadores decorativos



Versáteis, os potes de sorvete podem ser transformados nos mais diferentes objetos, inclusive em organizadores. Para fazer o seu, comece marcando com caneta a altura que você quer, por toda a extensão do pote. Depois, nas partes mais estreitas, desenhe as alças e recorte. Escolha um tecido de sua preferência e fixe no pote utilizando cola branca. Agora é caprichar no acabamento, tirando toda as sobras de tecido. Você pode fazer organizadores de diversas alturas, de acordo com o uso que deseje dar.

 

 

Vasos divertidos


Que tal criar vasos divertidos que valorizem ainda mais suas plantinhas? Reserve algumas garrafas PET, limpe bem e remova os rótulos. Com as embalagens secas, escolha qual animal dará vida ao seu vaso, desenhe as formas das orelhas e recorte. Em seguida, pinte duas camadas de tinta, deixando secar entre as camadas, e desenhe o rosto do anima. Não esqueça de fazer furos no fundo das garrafas, para que o excesso da água escorra após as plantas serem regadas.

Lembre-se: todos os retalhos de materiais, resultantes da produção dos objetos, devem ser descartados corretamente ao final do processo.

Caso um dos objetos quebre ou simplesmente não combine mais com a decoração desejada, é hora de dar um destino correto também. Grande parte do material plástico é reciclável, por isso é importante descartá-lo por meio da coleta seletiva para que, assim, eles estejam aptos a voltar para a cadeia produtiva.

 

Fontes e tutoriais:

DYI Festa:
Tu organizas
Craving some creativity

 

Sobre o Movimento Plástico Transforma

O Movimento Plástico Transforma é uma iniciativa do Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, o PICPlast, fruto da parceria da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e da Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas. Desde 2016, o programa vem investindo em ações que geram agenda positiva para o uso consciente e responsável do plástico. É o caso da Estação Plástico Transforma, atividade realizada no parque temático KidZania, em São Paulo, e que apresenta para crianças entre 6 e 10 anos conceitos sustentáveis e de reciclagem de forma lúdica, destacando a responsabilidade de cada indivíduo na circularidade do plástico. Desde a inauguração, em janeiro de 2019, a Estação já recebeu mais de 18 mil visitantes. Outro exemplo é o PlastCoLab, espaço interativo, inspirado no movimento maker, que reúne inovação e tecnologia associados ao plástico. Com quatro edições realizadas em São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Brasília, o espaço contou com mais de 36 mil visitantes.

Saiba mais em http://www.plasticotransforma.com.br/


A relação das emoções com a saúde do intestino


Nutricionista explica a importância da ajuda médica tanto física quanto emocional


A região gastrointestinal é sensível às emoções e há uma conexão direta entre intestino e cérebro (o nervo vago) e todas as emoções têm reflexo no funcionamento intestinal: constipação, dores e diarreia.

Pessoas com prisão de ventre e constipação sofrem podem sofrer muito mais com transtornos de ansiedade e depressão e, com isso, o risco de desenvolver algum problema psicológico aumenta.

O estresse pode causar uma série de fatores prejudiciais ao intestino como a baixa absorção dos nutrientes, diminuição da oxigenação do intestino e menos fluxo sanguíneo no sistema digestivo, levando a redução do metabolismo.

Segundo Carolina Maretto, nutricionista da Clínica Aguilera, o medo traz maior tensão, o intestino contrai as articulações enrijecem e há muita vontade de ir ao banheiro. Os momentos de tristeza podem deixar o estomago lento, podendo reduzir o apetite e desregular os hormônios. “Quando há raiva, o estômago fica mais ácido, enxaquecas aparecem e o intestino fica bem ativo também”, explica Carolina.

Muito importante, diante desses quadros, procurar ajuda médica e cuidar tanto da parte física quanto emocional. “Uma boa alimentação, terapia, gerenciamento ansiedade/estresse só importantes pra melhora de casos intestinais, depressivos e doenças associadas”, finaliza a nutricionista.

 



Caroline Maretto - Graduação em Nutrição pela Unicamp, Especialização em Nutrição pelo HCFMRP/USP, Especialização em Suplementação Clínica e Esportiva pela Estácio de Sá e Extensão em Modulação Intestinal e Doenças Autoimune.

 

Clínica Aguilera – www.clinicaaguilera.com

Endereço: Alameda Jaú, 1303, Conj. 42, Jd. Paulista.

@aguilera.clinica

 

EU E AS MINHAS LIMITAÇÕES


Alienado: “aquele que vive sem conhecer ou compreender os fatores sociais, Alienado: “aquele que vive sem conhecer ou compreender os fatores sociais, políticos e culturais quepolíticos e culturais que condicionam os impulsos íntimos que levam a agir da maneira que age” (Houaiss). Alienação: “processo ligado essencialmente à ação, à consciência e à situação dos homens, e pelo qual se oculta ou se falsifica essa ligação de modo que apareça o processo (e seus produtos) como indiferente, independente ou superior aos homens, seus criadores” (Aurélio).


Significações de dicionário talvez não sejam bastantes para a compreensão complexa dos termos. Vai o esforço de alguma complementação: na definição de alienado, “fatores sociais, políticos e culturais” são referência ao meu lugar de existir, às injunções de poder que me envolvem e aos valores que me foram transmitidos, os quais informam a compreensão que tenho dos acontecimentos, porque tudo isso compõe a minha consciência da realidade.


Alienação: é a não percepção de que tudo no mundo afeta o humano; a situação do humano depende do humano; nada está fora da humanidade. As coisas todas decorrem de processos complexos e geram processos complexos produzidos pelos humanos, conforme os interesses dos humanos, causando efeitos nos humanos. O que acontece é História. Nada depende de mágica, astros, energia, sorte ou divindades. Nem de pensamento positivo.


“Por que as garrafas de vinho têm 750 ml, e não 1 l? Divergência entre o sistema métrico de unidades e o sistema imperial inglês, mais antigo. No século 19, o Reino Unido era o principal importador de vinhos franceses. Os ingleses usavam o galão, que equivalia a 4,5 l arredondados. Por causa disso, os franceses adotaram caixas com seis garrafas de 750 ml, que, somadas, dão um galão” (Bruno Vaiano, Superinteressante, de 13jan21, editado).


Se essa explicação contemplasse todas as razões, a pessoa informada da relação litro/galão estaria ciente do motivo do volume de prazer vinícola engarrafado. Mas o imbróglio é maior: a França fizera a Revolução Burguesa, derrubara uma monarquia, implantara o sistema de pesos e medidas (o grama, o litro e o metro, este como sendo a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre). Forçara a coincidência dos relógios. Quebrara tradições.


O poder francês levou seu modo de calcular peso, volume e distância para quase todo o mundo, mas esbarrou no poder inglês. O que estivesse sobre domínio inglês, o que não eram poucas nações, ficava com seus parâmetros imperiais. Estados Unidos e Inglaterra, até hoje, recusam-se a adotar o sistema métrico decimal. As relações comerciais entre países com um ou outro sistema obrigam a conversões, sem concessões ao poder de estabelecer o padrão.


Uma garrafa de vinho, pois, não tem, por acaso, determinada quantidade do agradável líquido. Seu volume decorre de relações comerciais, de imposição de pesos e medidas, do poder da França ou da Inglaterra no planeta. Essa contenda subsiste nos nossos interiores influenciados pela cultura europeia pré-Iluminismo: ainda se usa, sem se saber o porquê, dúzia, galão, palmo, polegada ou braça. Um uso em extinção, por falta de expressão de poder.


O alienado, não obstante achar que a “escola da vida” lhe forneceu esperteza suficiente para não ser enganado por ninguém, é, antes de tudo, um ingênuo. É uma enorme inocência acreditar que se pode submeter a escrutínio pessoal a complexidade da História. Perplexos frente ao enredamento do que não alcançam entender, esses ingênuos “advertem-se” por teorias conspiratórias: acreditam em organizações secretas controladoras do nosso devir.


A esquerda (nossa esquerda de direita) pensa que o mundo caminha para o fascismo. A direita acredita que logo seremos submetidos ao comunismo. Um tanto exagerado. Claro, existem organizações de indivíduos e países querendo estabelecer e consolidar poder, mas o que há de concreto, evidentemente, não está como informação disponível para os deslumbrados com conjurações “secretas” que só eles sabem onde começou e como vai terminar.


A rota de fuga da alienação é saber que não teremos consciência de tudo. Não tenho ideia da origem das peças que arranjam o meu computador. Quem tem poder para vender ou comprar o que compõe esta máquina? Embora curioso, não darei conta do todo. É impossível. A vida em comum pede articulação com outros que sabem outras coisas. Fidúcia. Sem confiança a coexistência é impraticável. A eterna suspeita de maquinações antes que astúcia é sintoma.


Tenho alguns saberes; desejo outros mais. Algumas coisas sei que não sei; talvez, se as souber, não as compreenda. Imagino que coisas há que jamais imaginei. Sou eu e as minhas limitações. Há vida além delas, mas é nelas que vivo e viverei. O mais é desvario ampliado por redes sociais, como essa briga sobre remédios. Como me orientar no meio disso? Acompanhando o mais seguro: a ciência. O tratamento precoce é a vacina. Infelizmente, nada mais.

 


Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.

 

Covid-19: 75% das pessoas ficam mais tempo on-line para amenizar solidão

Dados são do COH-FIT, pesquisa mundial sobre impactos da pandemia na saúde mental


Estresse, solidão e raiva foram os sentimentos mais evidentes na população brasileira em 2020. De acordo com os resultados preliminares do estudo internacional Collaborative Outcomes study on Health and Functioning during Infection Times (COH-FIT), mais de 40% das pessoas está sofrendo com o aumento expressivo do estresse. O COH-FIT é o mais abrangente estudo a avaliar os impactos da pandemia na saúde global da população, e está sendo aplicado em 148 países - incluindo o Brasil.

A maior parte dos participantes, no país, tem idade entre 26 e 47 anos. A proporção de mulheres é maior em relação aos homens, na média mais velhos do que elas. Segundo o estudo, mais de 40% afirmam que a sensação de solidão se agravou durante o período, mesma porcentagem que representa as pessoas que se perceberam mais ansiosas.

As mulheres foram mais afetadas pela raiva do que os homens, totalizando 50% das pessoas que sofreram com o agravamento do sentimento, contra 30% dos homens. Mas elas foram, por outro lado, tomadas pelo altruísmo com mais intensidade (25%) do que os homens (10%). A vontade de ajudar ao próximo, porém, não se destaca nesse período, não havendo grandes diferenças entre adultos de meia-idade e idosos, cuja média ficou em 20%.

Uma alta proporção dos entrevistados (75%) relatou um aumento nas horas gastas com a mídia. Entre as mulheres, o aumento do tempo on-line foi substancialmente maior (80%) em comparação com os homens. Para os respondentes, o uso constante das redes sociais amenizou o sentimento de solidão de 75% dos entrevistados. A pesquisa mostrou que o uso dessas redes foi adotado como estratégia para enfrentar esse período, mas não foi o único. Exercícios físicos, interações sociais remotas (comemorar o aniversário pelo meet), voltar a estudar, investir em um parceiro fixo e até adotar um animal de estimação foram as ações mais comuns nesse período.



Sobre o COH-FIT

A pesquisa investiga os efeitos do isolamento social associado à Covid-19 na saúde física e mental. Os retornos ao inquérito no Brasil já somam mais de 4.500 e, no mundo, são mais de 115 mil. Contudo, os dados serão coletados até o final de 2021 a fim de captar com maior precisão o cenário compreendido entre o começo da pandemia e o desenlace após a vacinação.

O psiquiatra Ary Gadelha coordena esse trabalho, em São Paulo, junto aos colegas da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) Jair Mari e Hugo Cogo-Moreira (Departamento de Psiquiatria), Carlos Gustavo Costardi, Laís Fonseca e Zila Sanchez (Departamento de Medicina Preventiva). Participam ainda André Brunoni, da Universidade de São Paulo (USP), Felipe Schuch (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM) e Samira Valvassori (Universidade do Extremo Sul Catarinense).

Gadelha pontua que os resultados finais incluirão também amostras representativas em 10 países, colhidas por uma empresa contratada para essa finalidade. As perguntas do questionário on-line podem ser respondidas por qualquer pessoa acima de 18 anos, e são relacionadas a mudanças de comportamento durante o isolamento, dores, sentimentos de angústia, solidão, entre outros.

Participe:
http://redcap.neuroscienze.unipd.it/surveys/?s=HY4CDLARWE


Quarentena: Cinco dicas do que fazer em casa para espantar a ansiedade e a depressão

 Pixabay
Dados do Google apontaram uma alta de 98% nas buscas sobre termos associados a transtornos mentais durante o ano de 2020 em relação à média verificada nos dez anos anteriores. A pergunta "como lidar com ansiedade" cresceu 33% em relação a 2019 e bateu recorde de interesse na última década. Além disso, entre as três perguntas mais buscadas em 2020 com a expressão "como lidar", duas delas estão relacionadas à ansiedade e depressão.


Um outro levantamento da consultoria Conversion mostrou também que 73% dos 400 brasileiros entrevistados foram emocionalmente impactados pelo isolamento social. O estresse foi o mais indicado por eles (42,5%), seguido por tédio (41,5%) e crise de ansiedade (33%).

Diante desse momento difícil que o mundo todo vive, como lidar com esses sentimentos ruins sem deixar que eles afetem a saúde mental em pleno isolamento social?


Veja cinco dicas abaixo de como deixar a rotina da quarentena mais feliz, leve e equilibrada:

1. Exercite-se: Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo mostrou que três a cada 10 pessoas têm depressão por conta da falta de exercícios na pandemia. Na pesquisa, realizada com 1.110 mulheres e 743 homens de todo o Brasil, os pesquisadores descobriram que 30% dos participantes apresentaram sintomas de depressão de grau moderado a grave e 23,3% sintomas de ansiedade de grau moderado a grave. Antes da quarentena, 69% desses voluntários eram classificados como muito ativos, contra somente 39% durante a pandemia.

Fato é que a endorfina, liberada com a prática do exercício físico, ajuda a aliviar o estresse, a tensão e a ansiedade e, consequentemente, traz a sensação de bem-estar. Evite se forçar a fazer alguma atividade física que não goste e procure exercícios que façam com que se sinta bem. Com o isolamento social, não faltam exercícios para fazer em casa por vídeo. Outra sugestão é agendar um horário com um educador físico à distância que poderá passar um treino ideal para o que você procura.



2. Faça uma happy hour virtual: Busque a presença das pessoas que você gosta ainda que à distância e faça ligações em vídeo com os amigos e a família. Para acompanhar esse momento, Ousadia Drink é a parceira ideal. A bebida à base de vodca acaba de ganhar versões exclusivas "Candy Colors" de maracujá, iogurte, pedacinho do céu (tutti frutti) e maçã verde. Outra opção de drink, e que ainda é uma opção bem refrescante, é a SYN Ice, vodca gaseificada da Arbor Brasil, que agora também está disponível no sabor kiwi. Que tal ainda fazer um jogo de mímicas a la Imagem & Ação? Sim, é possível sim se divertir muito mesmo longe fisicamente de quem você ama!



3. Permita-se fazer futilidades: Muitas pessoas, por estarem trabalhando em home office, acabam cumprindo muito mais horas do que deveriam. Mas não dá para viver só de acordar, comer, ir trabalhar e dormir. O trabalho deve ser só uma parte da sua vida e não a principal. Por isso, quando não estiver trabalhando, faça coisas divertidas ainda que você considere que não tem tempo para futilidades. Desligue a mente. Assista a algum programa bobo, mas que prenda a atenção. Não se obrigue a estar o tempo todo fazendo apenas tarefas que considere úteis. Permita-se fazer nada nas horas vagas.



4. Leia um livro: Há quanto tempo você não lê um livro inteiro? Tem passado mais tempo nas redes sociais do que lendo um livro sim ou com certeza? Segundo a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. O levantamento, feito pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, mostrou também que apenas pouco mais da metade dos brasileiros têm hábitos de leitura: 52% (o equivalente a 100,1 milhões de pessoas). O resultado é ainda 4% menor do que o registrado em 2015, quando a porcentagem de leitores no país era de 56%.

Saia desse percentual de brasileiros que não lêem e busque uma obra que preencha suas horas de forma que nem perceba o tempo passar. Qual o estilo de livro que você gosta? Quer saber mais sobre gestão profissional e como liderar uma empresa? O livro recém-lançado "Gestão Profissional na Prática", do empresário e CEO da Anjo Tintas, Filipe Colombo, é uma ótima pedida. Já se a ideia é viajar ainda que sem sair de casa, que tal se divertir com as aventuras do primeiro brasileiro a percorrer a América do Ushuaia, na Argentina, ao Alasca, no Canadá, a cavalo com o livro "Cavaleiro das Américas - Rumo ao Fim do Mundo"? Haja coragem! Mas se sua vontade é acalmar o coração e segurar a ansiedade nesses tempos difíceis, a obra "Valor Presente - A Estranha Capacidade de Vivermos Um Dia de Cada Vez", do autor Pedro Salomão, tem até um capítulo que fala sobre a Covid-19, intitulado 'Pandemia da Humanização' com ensinamentos e questões existenciais que precisamos responder no dia a dia.



5. Renove o ambiente da sua casa: Um levantamento da Anamaco, entidade que representa os comerciantes de Materiais de Construção, apontou que o grupo de produtos que registrou maior procura em 2020, com a quarentena, foi o de revestimentos cerâmicos, com crescimento de 68% nas vendas. Depois, vieram os materiais básicos, como brita e cimento, com 58% de crescimento, seguidos de itens hidráulicos (49%), pintura (47%) e material elétrico (41%). "A venda de itens dos setores de construção, decoração e escritório cresceu muito na pandemia, pois as pessoas estão ficando muito mais tempo em casa do que o normal. Começam a reparar mais nos ambientes e daí surge a vontade de fazer reformas e redecorar, além de tornar os espaços mais confortáveis", explica Felipe Dellacqua, especialista em e-commerce e sócio da multinacional Vtex.

A Anjo Tintas, indústria de tintas com sede em Criciúma, Santa Catarina, percebeu um salto nas vendas de produtos do setor imobiliário. Entre abril e maio de 2020, meses iniciais da pandemia do novo coronavírus, em relação ao mesmo período em 2019, houve um crescimento de 95% nas vendas de esmalte sintético de base com água, 8% de aumento em relação a venda de tintas acrílicas e 17% de aumento nas vendas de tintas spray. O portal da marca quase duplicou o número de acessos com um aumento de quase 80% no acesso. As páginas mais clicadas são as de catálogos de cores. Entre as cores mais procuradas no site, estão verdes, tons neutros e marrons, amarelos, azuis e off whites.

Que tal aproveitar o momento e distrair a cabeça renovando o home office? Busque na internet dicas de como pintar uma parede e compre os itens necessários para fazer a pintura. Além de economizar com a mão de obra, a tarefa irá relaxar a mente, além de exercitar a criatividade.

 

Os impactos do aumento no consumo de álcool e cigarro na saúde mental do brasileiro

Após um ano de isolamento social, a questão da saúde mental no que se refere ao abuso de álcool e cigarro acende um sinal de alerta para a comunidade médica.

Em todo o mundo, chama a atenção o fato de que, em casa e sem poder sair, as pessoas passaram a beber e a fumar mais. Segundo a pesquisa “Uso de Álcool e Covid-19”, publicada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – feita entre 22 de maio e 30 de junho de 2020 com mais de 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe (30,8% eram brasileiros), 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram aumento na frequência de um comportamento chamado de Beber Pesado Episódico (BPE), que significa beber mais do que 1,7 litro de cerveja, 750 mililitros (ml) de vinho ou 225 ml de destilado em uma única ocasião.

Do total, 52,8% dos entrevistados que exageraram na dose relataram ao menos um sintoma emocional como ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação, medo, irritabilidade e dificuldade para relaxar.

Além disso, segundo pesquisa da Fiocruz, 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados ao dia durante a pandemia. Ainda segundo o estudo, esse aumento está totalmente associado à deterioração da saúde mental dos tabagistas, com piora de quadros de ansiedade, insônia e depressão.

“Não temos, no curto prazo, uma previsão de quando o isolamento social poderá ter um relaxamento consistente, então o consumo de álcool e o uso do cigarro tendem a aumentar, pois isso reflete ansiedade. As pessoas estão estressadas e deprimidas, o “beber socialmente” virou “beber frequentemente”, e o aumento no uso de cigarros é uma preocupação importante também, principalmente se considerarmos que passamos por uma pandemia em que justamente o sistema respiratório é o mais delicado”, afirma o doutor Kalil Duailibi, psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.

“É importante que as pessoas prestem atenção a si mesmas e entendam o que exatamente as faz beber e fumar mais. A partir disso, procurar ajuda profissional é fundamental, principalmente porque provavelmente teremos que lidar com mais um ano de isolamento”, destaca o médico.

 

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