Interação de colírio com remédios para doenças respiratórias pode ter efeito desastroso. Entenda
A repentina queda
de temperatura está aumentando as aglomerações em ambientes fechados, a
síndrome do olho seco, alergia nos olhos e casos de conjuntivite viral. De
acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier em
Campinas cada uma dessas doenças tem tratamento diferenciado. O problema,
ressalta, é que a maioria das pessoas quando sente algum desconforto nos olhos
usa qualquer colírio indicado pelo amigo, familiar ou vizinho e até uma sobra
guardada em casa que piora o problema.
Sintomas
O oftalmologista
afirma que os sintomas em comum das três doenças oculares são: sensação de
areia nos olhos, vermelhidão, coceira e visão embaçada. “A diferença é que a
conjuntivite viral apresenta uma secreção viscosa e é bastante contagiosa”,
salienta. Já o olho seco e a alergia não são transmissíveis, nem apresentam
secreção. “Nas três alterações o único cuidado imediato sem risco é a aplicação
de colírio lubrificante e compressas frias feitas com gaze e água filtrada”
orienta. Caso os sintomas não desapareçam em dois dias recomenda consultar um
oftalmologista. Usar colírios impróprios pode piorar o quadro e causar sequelas
na visão como o desenvolvimento de astigmatismo no caso da conjuntivite
alérgica, piora do olho seco e uma cicatriz na córnea nos casos de conjuntivite
viral, ressalta.
Interações perigosas
Dados da OMS
(Organização Mundial da Saúde) indicam que as doenças respiratórias como gripe,
resfriado, asma, rinite e sinusite chegam a triplicar nos períodos de
frio. “Por isso, as interações perigosas
entre colírios e outros medicamentos também aumentam”, diz Queiroz
Neto
Um exemplo,
comenta, é o uso de descongestionante nasal com colírio betabloqueador para
controlar a pressão interna do olho em portadores de glaucoma. Isso porque,
esta combinação pode cortar o efeito do colírio e levar à piora do glaucoma.
O
oftalmologista destaca que as mulheres
devem estar atentas ao uso de colírio antibiótico com pílula anticoncepcional.
Isso porque, os antibióticos cortam o efeito da pílula.
Já a lágrima
artificial não tem efeito quando usada com anti-histamínico. O
especialista afirma que para alérgicos, as cápsulas de semente de linhaça
que contêm ômega 3 garantem a melhor lubrificação dos olhos. Para alívio
imediato da coceira os colírios anti-histamínicos têm menos efeitos colaterais
nos olhos.
O mais grave,
adverte, são as interações que levam a outros problemas de saúde. Este é o caso
do uso de medicamentos broncodilatadores para aumentar a entrada de ar nos
pulmões com colírio betabloqueador para glaucoma que leva à falta de ar e pode
causar asma.
Cuidados com colírios
Queiroz Neto
ressalta que depois de aberto todo colírio deve ser descartada após 30 dias
porque perde a validade.
O bico dosador
também não pode ser encostado no olho para que o medicamento não seja contaminado
pela flora bacteriana da superfície ocular.
A escolha do tipo
de colírio depende da avaliação oftalmológica. O tratamento da conjuntivite
viral pode ser feito com anti-inflamatório não hormonal e em casos mais severos
anti-inflamatório hormonal que contém corticoide quando o paciente não tem
comorbidades que impedem o tratamento. “O uso de corticoide não pode ser
interrompido bruscamente porque ocorre efeito rebote, ou seja, a conjuntivite
volta mais forte. Por outro lado, o uso prolongado provoca glaucoma e catarata.
Por isso, só deve ser usado sob supervisão médica.
Prevenção
As principais
recomendações preventivas do oftalmologista são: lave as mãos com frequência,
mantenha os ambientes arejados e livres de pó, substitua a vassoura pelo
aspirador de pó, não se esqueça de beber água, informe o médico caso use algum
medicamento ou colírio para glaucoma, evite coçar os olhos, não compartilhe
colírio, maquiagem e toalhas.
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